Possivelmente você já deve ter ouvido falar na Síndrome do Ninho Vazio, não é mesmo? Quem é mãe, muitas vezes, pode começar a sofrer com a “partida” do filho antes mesmo de ele sair de casa e, por isso, pode ter um maior contato com esse assunto.
Porém, existem muitos pontos que podemos estudar e conhecer sobre essa síndrome, buscando estabelecer uma atmosfera que crie um ambiente mais saudável para a mãe e para o pai que precisam lidar com as mudanças na rotina da família. Sendo assim, convidamos você para acompanhar este texto e saber mais. Siga conosco!
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Mulher chorando e usando lenço de papel. Foto: Canva
O que é a Síndrome do Ninho Vazio?
A Síndrome do Ninho Vazio nada mais é do que um conjunto de sintomas que geram sofrimento à família em decorrência da ausência de um de seus membros no lar. No caso dos pais, esse sofrimento costuma estar associada à saída dos filhos, que buscam a sua própria história e seus próprios caminhos na vida.
Nessas circunstâncias, os pais podem se sentir “abandonados” e até mesmo perdidos com a nova dinâmica da família. Antes, a rotina podia girar em torno das atividades focadas nos filhos, mas, agora, é necessário focar em novas atividades que, muitas vezes, não são escolhidas com rapidez.
Ou seja, os pais podem se sentir entediados e até mesmo “inúteis” por perder a função de parentalidade ativa, o que resulta em um sofrimento psicológico bastante significativo. Em casos mais intensos, sintomas de depressão podem ser detectados nos genitores, devido à tristeza provocada pela partida dos filhos.
No entanto, é importante destacarmos que nem sempre os pais passarão por isso. Isto é, em algumas situações, os pais podem não enfrentar a Síndrome do Ninho Vazio e vivenciar a partida dos filhos de um modo relativamente tranquilo. Pode até haver um pouco de tristeza nos primeiros dias, mas a adaptação acontece de uma maneira mais rápida.
Em contrapartida, quem experimenta a síndrome pode perceber uma maior dificuldade para criar uma nova rotina, o que desencadeia sentimentos de baixa autoestima, desânimo, etc.
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Mulher com semblante de desesperança. Foto: Canva
Quais as causas da Síndrome do Ninho Vazio?
As causas da Síndrome do Ninho Vazio estão associadas, basicamente, à ausência de algum familiar no contexto residencial. É o caso de os pais sentirem tristeza quando os filhos seguem os seus rumos, bem como outros membros da família se sentirem desanimados quando um primo ou tio vai embora, por exemplo.
Isso quer dizer que são muitas as causas que podem desencadear a síndrome. Como cada família é única e possui a sua própria dinâmica, uma mudança na rotina pode provocar o conjunto de sintomas desse quadro.
Por exemplo, se o adolescente começa a trabalhar o dia todo e estudar à noite, a ponto de quase nunca encontrar a sua família ao longo do dia, os pais também podem experimentar a síndrome, mesmo que o jovem ainda more com eles.
Afinal, na prática, a rotina faz com que não haja mais a interação constante, resultando em mudanças significativas no contato entre pais e filho.
Sendo assim, não podemos apontar uma única causa para o problema, ainda mais porque, quando pensamos em saúde mental, devemos considerar as singularidades de cada pessoa e de cada família, evitando generalizações.
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Quais os sintomas da Síndrome do Ninho Vazio?
Os sintomas da Síndrome do Ninho Vazio podem ser bastante diversos. Inclusive, cada indivíduo pode experimentar os sintomas de uma forma única, tendo diferenciação na intensidade e frequência que eles aparecem. Saiba mais:
Homem com a mão no rosto demonstrando tristeza. Foto: Canva
1. Sentimento de abandono na Síndrome do Ninho Vazio
A sensação de ter sido abandonado é um dos grandes sinais de que a pessoa pode estar vivenciando a Síndrome do Ninho Vazio. Apesar de saber que os filhos precisam seguir as suas vidas e crescer de acordo com os seus sonhos, ainda assim os pais podem se sentir “deixados de lado”.
Em algumas circunstâncias, esse tipo de discurso pode até vir à tona ao encontrar os filhos. É o caso de pais que ficam dizendo que os filhos os abandonaram para trabalhar, morar longe ou qualquer outro tipo de colocação nesse sentido.
É importante termos em mente que esse sentimento pode ser bastante intenso, o que causa sofrimento nos pais. Por isso, a paciência para lidar com isso é muito importante – tanto por parte dos pais, que precisam se adaptar à nova realidade, quanto por parte dos filhos, que precisarão de paciência para lidar com os discursos dos pais.
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2. Baixa autoestima e sentimento de desvalia na Síndrome do Ninho Vazio
Durante muitos anos, os pais podem dedicar tempo de suas vidas para promover aos filhos uma atmosfera saudável para que se desenvolvam com qualidade e saúde. Porém, quando eles vão embora de casa, uma nova realidade surge diante dos pais: a falta da necessidade de cuidar dos filhos.
Isto é, agora, a rotina não precisa mais estar pautada na organização para oferecer aos filhos tudo o que eles precisam, pois são independentes. Porém, isso abre precedente para que os pais comecem a se ver como inúteis.
Sim, essa colocação é bastante intensa, mas, infelizmente, é o sentimento que muitos pais com Síndrome do Ninho Vazio experimentam: inutilidade.
Na concepção deles, podem crer que não têm mais “serventia”, já que os filhos cresceram e não precisam mais deles. Porém, é muito importante quebrar essa crença. Os filhos podem não precisar mais da atuação ativa dos pais, todos os dias, mas, certamente, poderão aprender muito com os genitores, que têm muito conhecimento de vida para transmitir.
Mulher com semblante de tristeza. Foto: Canva
3. Problemas para estabelecer uma rotina nova
Quem tem filho sabe o quanto a rotina da família é organizada de acordo com a agenda dos pequenos. Considera-se as idas à escola, os momentos de lazer, as idas ao médico, e assim por diante.
Quem é pai ou mãe precisa, a todo momento, administrar a rotina para que tudo flua da melhor forma possível. No entanto, quando os filhos crescem e saem de casa, a agenda sofre uma ruptura.
Isto é, os pais não precisam mais considerar os horários dos filhos na hora de tomar decisões importantes, relacionadas às férias ou às saídas de casa, por exemplo. Isso pode provocar uma série de sentimentos nos genitores, que podem encarar a situação como uma “liberdade” ou como um “vazio”.
Sendo assim, quando os pais têm dificuldade para estabelecer uma nova rotina, que deixe de lado os horários regrados pela agenda dos filhos e abra caminho para a agenda dos pais, podemos estar diante de mais um dos sintomas de Síndrome do Ninho Vazio.
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4. Desânimo por conta de perder determinado papel familiar (parental, por exemplo)
A perda do papel parental é outro sintoma da Síndrome do Ninho Vazio. Os pais podem sentir que não têm mais aquele papel de cuidar, proteger, direcionar e orientar.
Por conta desse insight, podem se sentir desanimados, tristes e até mesmo sem energia para colocar em prática algumas atividades.
Se antes os pais cuidavam da casa, faxinando, arrumando e deixando-a mais bonita, para oferecer conforto e bem-estar aos filhos, hoje essa atividade pode ser negligenciada, pois não há mais desejo de colocá-la em prática em virtude da ausência dos filhos e da perda do papel parental.
Mãe e filha tristes e abraçadas. Foto: Canva
5. Problemas para estabelecer um equilíbrio no relacionamento amoroso por conta da Síndrome do Ninho Vazio
Durante muito tempo, os pais podem dedicar as suas vidas aos filhos. Em alguns casos, o relacionamento amoroso, entre homem e mulher, pode acabar sendo negligenciado.
Assim sendo, quando os filhos saem de casa há uma nova vida pela frente: a do casal sozinho novamente. Isso pode ser libertador para alguns, e assustador para outros.
Caso os problemas no relacionamento amoroso comecem a surgir intensamente nesta fase da vida, podemos detectar mais um dos sintomas da Síndrome do Ninho Vazio.
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6. Sintomas de depressão na Síndrome do Ninho Vazio
Por fim, os sintomas de depressão também podem ser detectados em casos de Síndrome do Ninho Vazio. Tanto o homem, quanto a mulher, pode apresentar um desânimo geral, falta de esperança, fadiga excessiva, tristeza, choro excessivo, etc.
Nestes casos, é extremamente importante buscar a ajuda de um psicólogo para enfrentar a situação com o apoio de um profissional preparado e qualificado. Considere essa possibilidade.
Homem triste e pensativo. Foto: Canva
Como é possível lidar com a Síndrome do Ninho Vazio?
Apesar de não haver um passo a passo ou uma receita pronta de como podemos lidar com a Síndrome do Ninho Vazio, existem medidas que podem contribuir para que essa fase seja vivida com mais qualidade e menos impactos na saúde.
De antemão, não estamos aqui para dar uma pílula mágica ou apontar algo infalível, pois, em se tratando de saúde mental, isso seria impossível. Nossas recomendações buscam ajudar você a refletir sobre o tema, sem abrir mão do atendimento profissional, combinado?
Vejamos algumas considerações:
1. Psicoterapia
A psicoterapia pode ser uma peça-chave na hora de enfrentar as emoções negativas e os sentimentos deturpados por trás da Síndrome do Ninho Vazio. Durante as sessões, é possível falar sobre as emoções, frustrações, angústias, etc.
Além disso, o profissional poderá conduzir o paciente rumo a descobertas interessantes, que o ajudem no seu autoconhecimento e na construção de uma nova rotina, frente às mudanças vividas.
Tudo isso sempre levando em conta as características de cada um.
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2. Viver o luto
A perda de uma rotina e de uma estrutura familiar, quando um filho sai de casa, é uma perda que gera um luto. Afinal, sempre que perdemos algo importante e que têm relação com a nossa forma de viver e ver a vida, podemos nos sentir desamparados e um pouco perdidos.
É como se perdêssemos algo que faz parte do nosso sentido de vida. Sendo assim, o processo de luto consistirá no desinvestimento psíquico que era feito na rotina com o filho e no investimento em uma nova forma de viver e de lidar com a situação cotidiana.
Isso significa que você não precisa fingir que está bem, da noite para o dia. Viver o seu luto, chorar e permitir-se, aos poucos, elaborar a nova realidade, é algo que contribui na hora de lidar com a Síndrome do Ninho Vazio.
Mulher triste e pensativa. Foto: Canva
3. Criar planos para uma nova vida
Quando você perceber que está se sentindo um pouco mais equilibrado emocionalmente, considere a possibilidade de iniciar a construção de novos planos para a sua vida.
O que você gostaria de alcançar? Quais são os seus sonhos hoje? O que deseja conquistar daqui um ano ou mais? Pense sobre isso.
Às vezes, você poderá descobrir inspirações e desejos adormecidos e, assim, encontrar novos caminhos para trilhar agora que os filhos são independentes.
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4. Não ver a saída do filho como o “fim” do contato
É muito importante cuidar da forma como damos significados para as coisas. Às vezes, criamos crenças deturpadas, que podem resultar em um sofrimento emocional.
No caso da Síndrome do Ninho Vazio, podemos pensar na seguinte situação: Como você encara, verdadeiramente, a saída dos seus filhos de casa? Como o fim do contato? Pense nisso.
Muitas vezes, podemos aumentar a situação em nossa mente, deixando-a ainda mais catastrófica. Logo, pensar sob a via do real pode nos ajudar a minimizar as sensações causadas pela síndrome.
É o caso de pensar que o fato de o seu filho sair de casa não quer dizer que você nunca mais poderá visitá-lo ou manter contato ao longo da semana. Pelo contrário! Vocês poderão visitar uns aos outros, conhecer mais sobre as novas rotinas, ter almoços de família, e assim por diante.
Descatastrofizar pode ser um bom caminho.
5. Ressignificar a rotina diária
Que tal trazer novos significados para a rotina diária? Ao invés de seguir os mesmos horários que eram ditados pela agenda dos filhos, você pode começar a projetar uma agenda que respeite a sua nova fase de vida.
Considere essa possibilidade na hora de refletir sobre o que pode ser feito de agora em diante, no seu dia a dia.
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Mulher triste e pensativa. Foto: Canva
6. Priorizar-se
Ao longo de muitos anos você se dedicou à aprendizagem e à saúde dos seus filhos. Agora, eles cresceram e puderam mostrar que, possivelmente, você fez um bom trabalho.
Isso significa que chegou o momento de aceitar a nova realidade e de se priorizar. Ao invés de focar apenas nos filhos, comece a focar mais em você!
Descubra-se, pratique o autoconhecimento, conheça novos prazeres, pratique o autocuidado, enfim! Explore aquelas atividades que vinham sendo deixadas de escanteio em prol da parentalidade.
7. Entender a importância do ciclo da vida
Refletir sobre a importância do ciclo da vida também pode ser bem interessante. Sabemos que aceitar a partida do filho não é algo fácil, mas, compreender que os filhos irão crescer e seguir os próprios caminhos é muito importante.
Inclusive, essa reflexão pode ser feita na psicoterapia, com o apoio do psicólogo para promover mais subsídios para os seus insights.
Esperamos que esse conteúdo possa ter contribuído de alguma forma. E lembre-se: ele não substitui o acompanhamento de um profissional, ok?
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