O acompanhamento pré-natal é o atendimento regular das gestantes com profissionais da área da saúde. De modo geral, os profissionais responsáveis por esses atendimentos são os enfermeiros e os médicos. O seu objetivo é acompanhar todo o processo de gestação da mulher, melhorando sua experiência e prevenindo uma série de problemas que podem ocorrer durante esse momento.

Idealmente, as consultas de pré-natal servem não somente para os médicos e enfermeiros acompanharem a saúda da mulher, mas também para elas poderem tirar suas dúvidas e seus anseios. Além do diálogo sobre o dia a dia, a gestante também é submetida a uma série de exames de rotina nos encontros com os profissionais.

Gestante no pré-natal

Crédito: Freepik

O estudo nacional de base populacional publicado em 2019 demonstra que a não-realização do pré-natal ou o acompanhamento inadequado é um dos principais fatores responsáveis pela mortalidade de recém-nascidos. A pesquisa foi conduzida em parceria pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Centro Universitário Tiradentes e Universidade Federal de Sergipe (UFS).

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Problemas de saúde detectados no pré-natal

Além disso, pesquisa conduzida pelo Instituto de Assistência Médica e pela Universidade Federal de São Paulo e publicada em 2019 demonstra que alguns dos problemas mais comuns ocorridos durante a gestação são:

Especialistas de vários lugares do mundo relatam a importância das gestantes iniciarem o acompanhamento pré-natal o mais cedo possível. Essa é uma recomendação importante porque é através dessas consultas que uma série de problemas já existentes de saúde ou novos problemas podem ser detectados e solucionados. Entretanto, é comum que mulheres negras tenham mais dificuldade para acessar os serviços de saúde.

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Uma série extensa de pesquisas demonstram que gestantes negras sofrem com o racismo durante as consultas de pré-natal, o que tem efeitos sobre a sua saúde e sobre a saúde de seu bebe também.

Veja aqui as diferenças mais comuns no atendimento de gestantes brancas e de gestantes negras. Conheça também os efeitos dessa distinção sobre a saúde e sobre a vida das mulheres e das crianças.

Boa leitura!

Racismo no acompanhamento pré-natal

Racismo no pré-natal

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O racismo é um problema antigo no Brasil, que remete à era escravocrata e colonial. Entretanto, este não é um problema que tenha sido solucionado. Estudo sobre o assunto descobriu que quase 65% das pessoas do país acreditam que a raça/etnia tem interferência direta sobre a qualidade de vida e as oportunidades das pessoas.

Infelizmente, esse é um problema que também se faz presente nos serviços públicos e no atendimento que as mulheres recebem durante a sua gestação. Há diversos estudos que apontam para comportamentos racistas que são praticados por médicos no atendimento ao pré-natal.

Veja a seguir algumas diferenças que a ciência descobriu entre o pré-natal de mulheres brancas e o pré-natal de mulheres negras.

Pré-natal: Qual acompanhamento a mulher branca, a mulher parda e a mulher negra recebe?

Estudo de base populacional conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com universidades de todo o país, levantou dados de mais de 20 mil mulheres. A pesquisa tinha como objetivo conhecer as experiências de gestação, pré-natal, parto e maternidade das brasileiras.

“Nascer no Brasil”, também conhecido como o mais importante estudo sobre saúde gestacional e maternidade do país, apontou para desigualdades na atenção oferecida às mulheres. De acordo com a pesquisa, as mulheres negras sofrem racismo desde o acompanhamento pré-natal até o momento do parto, os cuidados pós-parto e nas vivências de cuidados maternos. O estudo mostrou que mulheres pardas também sofrem mais durante o pré-natal.

Os principais riscos que mulheres negras passam durante o pré-natal são:

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  • Receber atendimento inadequado pelos profissionais das unidades de saúde, principalmente pelos médicos obstetras.
  • Não ter direito a fazer perguntas ou ser constrangida quando questiona o médico na consulta de pré-natal.
  • Precisar aguardar até 6 vezes mais tempo que uma mulher branca para ser chamada pelo médico.
  • Ter direito a consultas com até 3 vezes menos tempo durante os atendimentos de pré-natal.

Mulheres brancas costumam fazer consultas de 15 minutos até 1 hora no pré-natal, a depender do local onde é acompanhada. Entretanto, as consultas de mulheres negras nos mesmos serviços duram entre 5 minutos e 20 minutos, no máximo. Além disso, quando questionadas sobre o atendimento, as mulheres negras são as que apresentam relatos mais sérios de violência obstétrica por parte dos médicos, em especial os médicos obstetras.

E as mulheres pardas?

Todavia, não são somente as mulheres negras que sofrem com o racismo existente nos serviços de saúde. As gestantes pardas também têm seus atendimentos comprometidos, quando comparadas ao cuidado recebido por mulheres brancas. As gestantes pardas não sofrem racismo na mesma proporção que as negras, mas ainda assim têm seu atendimento comprometido.

De acordo com estudos da área, há um gradiente no racismo que ocorre no acompanhamento pré-natal. Ou seja, quanto mais claro o tom de sua pele, menores as chances de você ter seus direitos negados.

Veja a seguir os efeitos do racismo na saúde da mulher e na saúde do bebê.

Racismo no Pré-Natal tem efeitos sobre a saúde da mulher

Racismo

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Estudos nacionais e internacionais apontam para uma série de problemas de saúde que acometem de forma mais frequente mulheres negras do que mulheres brancas, devido ao desleixo no atendimento dessa população. Alguns dos problemas mais comuns são:

O pré-natal é um acompanhamento fundamental não somente para a saúde física das mulheres, mas também para a construção de um espaço seguro onde elas possam partilhar de seus medos. São nessas consultas que as gestantes podem tirar suas dúvidas com um profissional qualificado. Entre outras coisas, o pré-natal também serve para que as mulheres possam entender melhor sobre seus corpos, as mudanças pelas quais estão passando e a preparação para o parto. Além disso, é durante o pré-natal que as gestantes deveriam receber informações sobre os tipos de parto, com o objetivo de se apropriarem da experiência que se aproxima.

E na realidade?

Entretanto, a realidade é muito diferente. Com tantas iniquidades e preconceitos velados, é normal que as mulheres negras não tenham direito a este lugar seguro, ficando à mercê de um atendimento automatizado e impessoal.

Além de todos estes fatores, hoje também sabemos que a exposição a situações de violência obstétrica afetam a capacidade da mulher de produzir leite materno. Com essa produção afetada, a mãe é obrigada a fazer o desmame antes do tempo e, com isso, ela pode ter sua saúde afetada.

Estudos demonstram que o desmame precoce faz com que a mulher perca a proteção natural contra a contracepção e o câncer de mama e de ovário.

Relação mãe-bebê

Pré-natal e relação mãe-bebê

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Especialistas afirmam que a falta de qualidade durante o pré-natal afeta não somente o emocional das mulheres, mas a relação mãe-bebê. Isso acontece porque é justamente durante o acompanhamento que as mulheres deveriam ter espaço para falar sobre si mesmas e sobre seus medos. Quando isso não acontece, é comum que as gestantes guardem para si seus receios, seus traumas passados, suas dúvidas e, consequentemente, vão para o momento do parto sem se sentirem prontas para o mesmo.

Pesquisas conduzidas em diversos países do continente americano, como Brasil, Canadá, Uruguai e Estados Unidos demonstram que um atendimento inadequado no pré-natal tem associação com experiências mais traumáticas de parto. Ou seja, quanto pior a qualidade da atenção recebida no pré-natal, maior a probabilidade da mulher passar por uma péssima experiência de parto.

Uma diversidade enorme de estudos vem mostrando nas últimas décadas que a relação mãe-bebê e a depressão pós-parto estão estreitamente relacionadas a vivência de parto da mulher. Isso significa que:

  1. Uma experiência negativa de atendimento pré-natal costuma levar a uma péssima experiência de parto
  2. Uma experiência negativa de parto contribui para o desenvolvimento de depressão pós-parto e outras doenças emocionais na mãe
  3. O desenvolvimento de adoecimentos emocionais associados a gestação interferem diretamente na relação mãe-bebê e, consequentemente, no desenvolvimento da criança

Racismo no Pré-Natal tem efeitos sobre a saúde do bebê

Racismo e pré-natal

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Com diversos estudos apontando que mulheres negras recebem menos acolhimento e orientações durante o pré-natal, seus filhos também têm sua saúde prejudicada. As desigualdades começam antes mesmo do nascimento. Isso acontece porque as gestantes negras costumam ser expostas por mais tempo a uma série de hormônios que podem contribuir para nascimentos prematuros.

Bebês advindos de famílias negras têm até 3 vezes mais chances de nascer com baixo peso e até 12 vezes mais chances de entrar para a estatística da mortalidade infantil, quando comparado com bebês brancos. Estes problemas estão ligados a baixa qualidade no atendimento pré-natal oferecido às mulheres negras, bem como a negligências sofridas por essas mulheres na maternidade.

Estes bebês também costumam passar por mais problemas nutricionais e de desenvolvimento, porque não têm o mesmo acesso ao leite materno do que os filhos de famílias brancas. Isso acontece porque a violência obstétrica – problema sofrido por mais mulheres negras do que brancas – tem como um de seus efeitos dificuldades na produção de leite materno, de acordo com uma série de análises epidemiológicas publicadas entre os anos de 2010 e 2019.

Aleitamento materno

Outro problema muito presente entre as mães negras também está associado com o acesso aos serviços de saúde. Com mais dificuldade de conseguir atendimento médico, é muito mais difícil para a mulher negra ser diagnosticada e iniciar o tratamento para solucionar o problema da produção de leite. Com isso, a mãe e o bebê passam por uma série de problemas de saúde que podem os afetar a curto, médio e longo prazo.

Especialistas recomendam que os bebês se alimentem exclusivamente de leite materno até o sexto mês de vida. Quando a mãe não consegue produzir leite suficiente e não consegue ser atendida para solucionar o problema, a resolução mais óbvia é inserir na alimentação do bebê outros itens, prejudicando a saúde do pequeno. Hoje sabemos que crianças que não realizam os seis meses de aleitamento exclusivo podem sofrer de uma série de problemas de saúde.

Estudos nacionais publicados entre os anos de 2015 e 2017 demonstraram que situações mais graves de desmame precoce podem levar o bebê a uma série de problemas de desnutrição. Esses problemas podem também o levar a internações hospitalares e à morte, nos piores quadros. A interrupção do aleitamento antes do tempo pode ter como efeito, também, a exposição do bebê a agentes infecciosos, proteínas estranhas. Isso pode acarretar em sérios danos para seu desenvolvimento, como prejuízos no processo de digestão, por exemplo.

Você já conhecia essa realidade? Compartilhe conosco a sua história através dos comentários.