Ensinar consumo consciente na infância não precisa ser algo dificílimo ou super complicado. Com alguns passos (até simples), podemos começar a transparecer para as crianças a importância de cuidar do dinheiro e de consumir de uma forma mais equilibrada, sem exageros.

Para te ajudar nessa missão, nós reunimos algumas dicas neste texto, que podem contribuir para a transmissão de conhecimentos sobre o dinheiro. Acompanhe e confira.

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Como ensinar o consumo consciente na infância?

Antes de qualquer coisa, é importante refletir que não existe um método infalível de como ensinar consumo consciente na infância. Cada criança tem a sua própria personalidade e forma de absorver as informações à sua volta. Além disso, cada idade pode ter as suas próprias facilidades e dificuldades na hora de compreender esse tema.

Por isso, lembre-se de sempre adaptar as dicas para a sua realidade, avaliando o que realmente pode ser interessante para a sua família. Assim, torna-se possível adotar uma postura que seja mais personalizada e efetiva. Desse modo, os pequenos poderão absorver melhor os conhecimentos.

Vejamos, agora, uma série de pontos que podemos considerar nessa jornada:

consumo consciente na infância

Menina guardando dinheiro no porquinho. Foto: Canva.

1. Seja um exemplo de consumo consciente na infância

As crianças observam atentamente o que os adultos fazem, sejam as atitudes deles boas ou ruins. Isso quer dizer que a maneira como você lida com o dinheiro e compra coisas novas para a sua casa pode servir de base para os ensinamentos sobre consumo.

Se os pais consomem determinadas coisas sem filtros, acumulando itens em casa, como poderão ensinar consumo consciente para os pequenos? Lembre-se, eles se espelham muito no que fazemos.

Por conta desse motivo, comece esse processo de educação avaliando a si mesmo. Até que ponto os comportamentos da família têm sido equilibrados com relação ao dinheiro e ao consumo? Essa avaliação pode ajudar a perceber pequenas ações de consumismo que os membros da família costumam cometer, de modo a barrá-las e começar a ser um exemplo para a criança.

Entretanto, lembre-se de que esse tipo de mudança pode ser demorada e difícil, e ir mudando aos poucos, transformando a forma de consumir de maneira gradativa, pode ser um bom caminho.

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2. Converse sobre dinheiro de forma adequada

Conversar sobre dinheiro também é uma forma de estimular o consumo consciente na infância. As crianças precisam saber o que é o dinheiro, como se ganha dinheiro e para o quê ele serve de fato.

Claro que tudo isso deve ser falado de forma adequada, sempre adaptando a linguagem à idade da criança.

É possível explicar que o pai e a mãe saem de casa para trabalhar porque precisam do dinheiro que ganham com esse trabalho, para então comprar comidinha, roupas, brinquedos e outras coisas que as crianças precisam.

Mostre o valor de cada compra e o quanto isso tem relação direta com o tempo que você dedicou no trabalho, por exemplo. Não no sentido de “chantagear” a criança e dizer que você “sofre” para comprar o que ele quer, mas no sentido de mostrar o verdadeiro valor de cada compra, além do preço monetário.

3. Estabeleça metas financeiras sobre consumo consciente na infância

Estabelecer metas financeiras em conjunto é mais uma maneira de incentivar o consumo consciente na infância. Para isso, você pode criar um caderninho de metas, no qual são anotados os maiores desejos do pequeno, como um computador, um brinquedo mais caro, enfim.

Depois disso, vocês podem, em conjunto, poupar dinheiro todos os meses, guardando-o em um pote e anotando nesse caderninho.

Você pode dar uma parte desse valor, enquanto a criança pode reservar uma parte da mesada dela. Assim, pouco a pouco o montante vai ficando mais evidente e a criança pode começar a internalizar a ideia de que ter metas e paciência é um passo para realizar objetivos que são importantes para ela.

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consumo consciente na infância

Menina segurando o cofrinho. Foto: Canva.

4. Considere usar dinheiro físico para ensinar consumo consciente na infância

O consumo consciente na infância também pode começar a ser ensinado trazendo os conhecimentos para o real, para o palpável. E como isso pode ser feito? Usando dinheiro físico, ao invés de digital.

No digital, vemos apenas um número, que representa determinado valor monetário. Mas no físico, temos contato e estimulamos outros sentidos do nosso corpo, o que pode nos ajudar na hora de ensinarmos o valor do dinheiro para as crianças.

Enquanto ela vê apenas um número na tela do celular, pode não se conectar muito. Porém, quando ela começa a juntar o dinheiro em um potinho dos desejos, a situação pode começar a mudar.

Ela pode começar a ver o montante aumentando fisicamente, o que dá a sensação de desenvolvimento da meta, além de ter uma visão mais clara e palpável do que cada nota representa e de quantas notas ela precisa.

Acredite, esse tipo de ensinamento pode ser muito valioso. Portanto, sempre que possível, use dinheiro físico com a criança.

5. Pense sobre a possibilidade da mesada

A mesada também pode ser uma excelente ferramenta para ensinar o consumo consciente na infância. Se a criança começa a comprar algumas coisinhas para si com o próprio dinheiro, ela pode perceber que se usar tudo de uma vez, terá que esperar um tempo até receber novamente.

Além disso, a mesada pode ser usada na dica que apresentamos anteriormente, de montar metas em conjunto e ir usando o dinheiro.

Lembre-se, a mesada pode trazer melhores ensinamentos se for dinheiro físico, como comentamos acima. Mas, se não houver essa possibilidade, tudo bem! O importante é ajudar a criança a usar o dinheirinho dela da melhor forma.

Vamos supor que você deixa o valor na sua conta corrente, e a criança usa quando ela quer. Todas as vezes que ela gastar um pouquinho, lembre-se de guardar o cupom fiscal e anotar em um caderno de finanças com ela.

Dessa maneira, ela terá mais consciência de quanto dinheiro ainda tem. Mas lembrando que tudo isso pode ser mais fácil com dinheiro físico.

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consumo consciente na infância

Representação do consumo consciente, por meio de uma árvore que cresce em volta de moedas. Foto: Canva.

6. Converse sobre a diferença entre desejo e necessidade

As crianças ainda estão aprendendo muito sobre a vida e sobre o mundo. Elas ainda não sabem reconhecer e lidar com as suas próprias emoções e sentimentos. Por isso, é papel dos adultos à sua volta ajudá-las nesse quesito.

E com relação ao consumo consciente na infância, é importante que nós, adultos, expliquemos a diferença entre desejo e necessidade. Podemos mostrar que ter 10 carrinhos de brinquedo não é uma necessidade, é um desejo.

Porém, temos que ter o cuidado de não “podar” completamente os desejos das crianças. Temos que deixar claro que é importante priorizar as necessidades para então, mais tarde, poder realizar os nossos desejos. Mas é preciso paciência para isso, para não colocarmos sempre o desejo acima do que realmente precisamos.

Dessa forma, os sonhos são estimulados, mas com os pezinhos no chão. Afinal, desejos são importantes em nossas vidas, e não devem ser excluídos, mas, sim, manejados de um modo mais saudável, concorda?

7. Converse sobre a pesquisa de preços

Sabe aquele brinquedinho que a criança quer muito comprar para completar uma coleção importante para ela? Então… Use esse desejo para começar a ensinar sobre a pesquisa de preços, já que essa prática também pode fazer toda a diferença na hora de adotarmos um consumo mais consciente.

Vocês podem pesquisar juntos em lojas na internet, ou mesmo em lojas físicas, visitando-as para ver quais são as opções disponíveis, condições de pagamento, e assim por diante.

Esse exercício pode ser muito valioso na hora de ajudar a criança a entender que ela não precisa comprar “a primeira coisa” que vir pela frente, pois é possível encontrar muitas possibilidades em outros locais, que podem ser mais baratas.

Essa técnica pode, ainda, auxiliar na hora de combater comportamentos impulsivos com as compras, o que pode ser muito benéfico para as crianças – e até para nós, adultos, é claro.

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consumo consciente na infância

Pai e filha guardando dinheiro no porquinho. Foto: Canva.

8. Ensine sobre a doação para um consumo consciente na infância

Outro ponto que pode ajudar na hora de ensinar consumo consciente na infância é praticar a doação de brinquedos e roupas que não são mais usados. Isso pode ajudar a criança a entender que ela não precisa ter 10 brinquedos iguais, mas pode ter um novo se quiser – desde que doe aqueles que não usa mais.

Isso pode ajudá-la a pensar se realmente vale a pena abrir mão de algo que ela já tem e gosta, apenas para ter algo “novo”.

Além disso, podemos conversar com os pequenos e explicar que nem todas as pessoas têm condições de comprar brinquedos e roupas novas. E isso pode ajudá-la a entender a importância de cuidar do que ela tem e do dinheiro que ela pode receber na mesada.

Mostrar a realidade do mundo, de uma forma sempre adaptada à idade e linguagem da criança, pode ajudá-la a enxergar além do que ela tem guardado no próprio quarto, fomentando valores humanos e fraternos, inclusive.

Ela poderá estimular a empatia dessa forma, percebendo o quanto seus gestos podem impactar a vida de outras pessoas, de forma positiva. E assim, esses valores vão sendo internalizados para o longo prazo.

9. Pratique a reciclagem e reutilização quando possível

A reciclagem e a reutilização também podem ser super positivas, assim como a doação. Nesse caso, podemos conversar com a criança sobre a possibilidade de consertar um brinquedo quebrado, ou simplesmente transformá-lo em algo diferente, antes de descartá-lo e comprar outro.

Desse modo, estimulamos a imaginação e mostramos para os pequenos que as coisas que “dão errado” não precisam ser descartadas logo de cara. Existem formas de consertar, recuperar e recomeçar, e isso pode ensinar valores para toda a vida – além das questões relacionadas ao dinheiro.

Também pode mostrar que não precisamos comprar tanto assim, pois o que temos em casa pode, muitas vezes, ser o que precisamos para realmente sermos felizes. Isso estimula uma consciência mais clara sobre quando alguma coisa nova realmente precisa ser comprada ou não.

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consumo consciente na infância

Mãe e filha conversando sobre o dinheiro do porquinho. Foto: Canva.

10. Use literatura infantil sobre finanças

A literatura infantil é uma ferramenta lúdica muito poderosa quando o assunto é ensinar algum valor aos nossos pequenos. Por meio de histórias adaptadas à idade, podemos mostrar situações e enredos que ajudam a criança a internalizar melhor os ensinamentos sobre a vida e o mundo.

A boa notícia, nesse cenário, é que existem muitos livros infantis sobre finanças, especificamente, que podem ajudar na hora de ensinarmos sobre o consumo consciente na infância.

Escolha historinhas que você julgue ser interessante para o seu filho e que possa ter uma sinergia maior com ele, de modo a transmitir conhecimentos valiosos de uma forma mais adaptada e personalizada.

Encenar a historinha, com fantoches ou mesmo com teatrinho, pode tornar tudo ainda melhor. Por exemplo, se a história fala sobre poupar com um porquinho, que tal fazer um cofrinho para usar na hora da leitura da história?

11. Incentive a responsabilidade para um consumo consciente na infância

consumo consciente na infância

Família guardando dinheiro no porquinho. Foto: Canva.

Por fim, lembre-se de que a prática é um pilar chave de qualquer aprendizagem, e no caso dos ensinamentos sobre consumo consciente na infância não é diferente. Permitir que a criança tenha um pouquinho de responsabilidade é uma forma de incentivar o desenvolvimento dela.

E um exemplo simples é permitir que ela leve dinheiro para comprar um lanchinho na escola, dando a ela a oportunidade de pensar em como usar aquele dinheiro, quanto usar (tente dar um pouco a mais do que custaria o lanche normalmente, para ver como ela se sai).

Depois disso, no fim do dia, vocês podem conversar sobre a escolha dele e avaliar se foi uma decisão assertiva ou se poderia ter sido feita outra escolha.

Assim, pouco a pouco é possível transparecer cada vez mais ensinamentos sobre as finanças e o consumo.

Boa sorte na sua jornada!

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