O nascimento prematuro de um bebê pode sobrecarregar toda a família. Isso porque uma série de pesquisas demonstram que bebês prematuros têm maiores chances de se transformarem em crianças que demandam cuidados especiais dos familiares. Deficiências cognitivas e problemas emocionais e de comportamento são os itens mais comumente associados com o nascimento prematuro. Isso costuma significar que a família precisará arcar com mais recursos físicos, financeiros e emocionais.
Além disso, pesquisas recentes demonstram que o nascimento prematuro pode fazer com que a criança entre na escola sem contar com as aptidões sociais e cognitivas exigidas. Por isso, é relativamente normal que essas crianças precisem de suporte extra, tanto no campo emocional quanto no educacional. Este subsídio adicional deve ter como objetivo auxiliar a criança, para que ela consiga acompanhar os colegas.
Veja neste artigo o que a ciência vem descobrindo sobre a sobrecarga emocional das mães e famílias com crianças que nasceram prematuramente. Boa leitura!
Após o nascimento prematuro: Os primeiros anos de vida
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Uma pesquisa canadense de 2017 fez um levantamento de todos os estudos com o tema “nascimento prematuro” publicados desde 1990 para analisar o cenário geral. Os resultados desse estudo demonstram que é normal que bebês que nasceram antes do tempo adequado desenvolvam uma série de problemas de saúde.
Esses problemas requerem cuidados especiais da família, que precisa levar constantemente a criança ao médico. Além disso, é normal que o bebê precise de internações extras, mesmo depois da alta hospitalar. Essa situação pode limitar a participação da criança em atividades tipicamente infantis e, como consequência, pode afetar as suas habilidades sociais.
Todos esses cuidados extras não raramente recaem sobre a mãe, que se vê como a pessoa que precisa segurar todas as pontas. É comum que as mulheres sintam que são as únicas responsáveis pela vida e pela saúde do bebê que teve um nascimento prematuro. É claro que toda essa pressão terá efeitos sobre a relação dela com o filho e sobre a carga emocional que é ter passado por um nascimento prematuro.
Comportamento parental e sobrecarga emocional
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Bebês que vieram ao mundo em um nascimento prematuro foram expostos ao ambiente externo antes do tempo adequado. Isso traz uma série de problemas para além da conhecida fragilidade de saúde. O contato dos pais com essas crianças pode ser muito difícil, porque o bebê costuma ser bem irritadiço. Além disso, estudos sobre o tema demonstram que esses bebês têm mais dificuldade de reagirem a estímulos. Ou seja, a família está frente a frente com uma criança frágil, irritada e que pouco interage, independente dos seus esforços.
Especialistas relembram que é normal encontrarmos familiares com níveis significativos de sofrimento emocional depois de um nascimento prematuro. Esta sobrecarga emocional e afetiva pode afetar o comportamento parental e a relação do adulto com o bebê.
Ansiedade materna e depressão após nascimento prematuro
Todos os estudos analisados pela pesquisa canadense que olharam para o quadro materno perceberam que o nível de ansiedade da mãe é mais alto que o normal durante o período de hospitalização neonatal do bebê prematuro.
Essa ansiedade alta foi associada, pelos pesquisadores, a comportamentos maternos menos eficazes no início da vida do bebê. Esses comportamentos pouco adequados acompanharam as mães e as crianças até o início da idade escolar, na maior parte dos casos.
Algumas pesquisas também conseguiram mostrar que os níveis de depressão ou de depressão pós-parto costumam ser mais altos quando ocorre um nascimento prematuro. Isso porque o estresse, as cobranças e os medos acerca da perda do filho podem servir como estopim para um quadro depressivo.
Mães com esses quadros de depressão costumam acreditar que os seus filhos prematuros não têm as mesmas competências sociais que as outras crianças. Essa percepção é mais comum durante a idade pré-escolar, ou seja, até os 5 anos de idade. Por conta dessa noção, essas mães podem restringir mais a participação das crianças em atividades extras. As atividades extras mais comuns e que costumam ser proibidas pelas mães são aulas de esportes, de artes ou atividades lúdicas.
Os efeitos da figura do “bebê frágil” sobre o equilíbrio emocional dos pais
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As internações hospitalares que a maioria dos bebês prematuros acabam por viver têm efeitos importantes sobre a carga emocional da família. Esse é um período em que os adultos ficam separados dos recém-nascidos. Por isso, é possível que os pais acabem por desenvolver taxas altas de ansiedade e de medos, principalmente no que diz respeito a saúde do bebê.
Além do medo sobre a saúde do pequenino, as mamães que passaram por um nascimento prematuro também podem sentir muita insegurança. De acordo com especialistas, as incertezas mais comuns são sobre as suas próprias condições de conseguirem cuidar de um “bebê frágil”.
Todos esses medos, incertezas, inseguranças e fantasias sobre os próximos momentos costumam sobrecarregar toda a família, principalmente a mulher. Apesar dos avanços com as lutas sociais, as mulheres ainda se sentem (e são consideradas pela família, em alguns casos) como as principais responsáveis pela vida, saúde e bem-estar do bebê. Claro que quando falamos de um bebê que está tão fragilizado quanto um prematuro, essa cobrança exacerbada implicará em um sofrimento emocional muito grande para a mulher.
O que pode ser feito?
O nascimento prematuro é sempre um desafio para a família, principalmente para a mãe. A interação com o bebê pode acarretar muita insatisfação e frustração para os adultos. Isso acontece principalmente porque o recém-nascido prematuro não consegue responder às fantasias comumente criadas no imaginário dos adultos. Entretanto, comportamentos parentais receptivos e sensíveis ao bebê costumam produzir efeitos positivos e importantes, de acordo com estudos. Esses benefícios dizem respeito também à redução da sobrecarga emocional da família, e não somente sobre o desenvolvimento do bebê.
O conhecido “Cuidado Canguru” diz respeito aos cuidados pele a pele da mãe com o bebê. Diversos estudos mostram que o fato do bebê prematuro ter a oportunidade de ser tocado com regularidade pela mãe melhora (e muito) a relação mãe-bebê. Como consequência, isso também reduz os impactos negativos da prematuridade e minimiza o estresse da mulher. O estresse é reduzido porque a mulher consegue ver o bebê se desenvolvendo, ainda que gradativamente.
Mãe sobrecarregada
Outra forma de ajudar tanto no desenvolvimento do bebê quanto na redução da carga psíquica da família é dar atenção à sobrecarga da mulher. Pesquisas demonstram que quando a mãe passa por intervenções terapêuticas ou sentem-se cuidadas, o seu sofrimento é reduzido. Com isso, toda a família – incluindo o bebê prematuro – parece melhorar. Os especialistas acreditam que isso pode ter relação com a forte influência da mãe na estrutura que a família se organiza.
Por fim, e associado com a última sugestão: suporte social. É comprovado que o suporte social contribui para a responsividade parental. Ou seja, quando a mãe sente que há com quem se apoiar, existe uma melhor mediação da relação entre o sofrimento materno e as demandas advindos do nascimento prematuro.
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