O relacionamento entre irmãos faz parte do desenvolvimento social das crianças e dos adolescentes. Por meio da interação fraternal, muitas habilidades sociais podem ser desenvolvidas. Porém, isso não significa que a interação dentro de casa será sempre positiva, não é mesmo?
Sem dúvidas, a relação entre irmãos pode ocasionar ciúmes, competitividade, hierarquias negativas, entre outras situações. Por isso, é relevante que os pais mantenham um olhar atento na hora de colocar em prática ações que possibilitem a construção de um ambiente mais saudável para os filhos.
No decorrer deste texto, apresentamos algumas considerações que podem servir de base na hora de refletir sobre como os pais podem lidar com o relacionamento entre irmãos. Sigamos juntos nessa reflexão!
Veja mais: Chegada de um irmão: Como preparar o filho mais velho?
Irmãos posando para foto. Foto: Canva
Como os pais podem mediar e lidar com o relacionamento entre irmãos?
Apesar de não existir um passo a passo único e “mágico” para lidar com o relacionamento entre irmãos, certamente algumas posturas dos pais podem contribuir para a construção de uma interação mais saudável.
Contudo, é válido destacarmos a importância de os pais ficarem atentos às singularidades das crianças e dos adolescentes na hora de fomentar uma interação mais sadia. Isso porque cada relação é única, e cabe a nós levarmos isso em consideração antes de tentarmos impor ações que não condigam com a realidade das crianças e dos adolescentes que convivam conosco.
Tenha isso em mente na hora de levar em consideração as nossas premissas abaixo, a fim de implementar ações que possam ser positivas na sua situação. Vejamos algumas possibilidades a seguir.
1. Oferecer tempo de qualidade para cada criança, individualmente
Apesar de a agenda dos pais, majoritariamente, estar sempre cheia, é muito importante dispor de um momento de qualidade com cada filho. Isto é, se for possível, reserve alguns minutos do seu dia para passar um tempo com cada filho, de forma individual.
Esses momentos reservados para cada um podem minimizar a competição entre os filhos, uma vez que a atenção, naquele instante, será exclusiva para um deles. Logo, ele perceberá o seu espaço no coração e na vida dos pais, o que fomenta uma interação mais saudável entre as crianças.
Veja mais: Dicas para decorar quarto de irmãos com idades diferentes
Irmãos deitados no gramado se abraçando. Foto: Canva
Relacionamento entre irmãos – 2. Não fomentar a competição entre os filhos
Os pais devem evitar fomentar a competição entre os filhos. Ou seja, não devem forçar para que um filho seja melhor do que o outro, criando uma verdadeira guerra dentro de casa.
Se os filhos estão “brigando” pela atenção dos pais, é relevante intervir e dizer que cada um possui a mesma importância para os genitores, e que não há o melhor ou o pior nessa história.
3. Jamais comparar o desempenho das crianças
Nunca compare um filho com o outro, pois isso também pode acarretar a competição dentro do relacionamento entre irmãos. Lembre-se sempre de que cada ser humano possui o seu próprio tempo de desenvolvimento, aprendizagem e crescimento, o que torna completamente injusto o comportamento de comparar uma pessoa com outra.
Não existe a menor possibilidade de uma comparação ser justa. Além do mais, dizer algo como “o seu irmão fez melhor” ou “o seu irmão não se comportaria desse jeito” apenas fortalece a possível ideia de que existe um “perfeito” e um “defeituoso” entre os irmãos. Essa visão, que pode surgir no olhar dos filhos, prejudica a interação entre eles e, consequentemente, entre eles e os pais. Cuidado.
Veja mais: Como cuidar da saúde mental dos filhos?
4. Elogiar os comportamentos positivos de cooperação entre as crianças
Quando os filhos estão brincando juntos, felizes e cooperativos, você diz alguma coisa? Ou é daquele tipo que apenas dá atenção para as brigas e os comportamentos negativos das crianças?
Infelizmente, tendemos a dar mais atenção para o que está ruim, em diversas circunstâncias de nossas vidas. Sendo assim, começar a fomentar o positivo pode ser bem interessante.
Neste caso em específico, cogite elogiar os comportamentos de cooperação entre os filhos. Diga que está orgulhoso de ver os pequenos se divertindo juntos, de forma respeitosa e harmoniosa. Assim, eles perceberão que tal comportamento é aprovado pelos pais e, ainda, gera a atenção dos genitores.
O contrário também ocorre. Se você der atenção apenas aos comportamentos ruins e às brigas, as crianças podem, em alguns casos, usar isso como meio de acessar o seu foco. Ou seja, podem brigar justamente para receber atenção dos pais. Fique atento a isso.
Irmãos brincando de pular na cama. Foto: Canva
5. Permitir que as crianças lidem com os seus próprios conflitos em determinadas circunstâncias
As crianças estão desenvolvendo as suas habilidades sociais, o que pode fazer com que elas entrem em conflito umas com as outras, de vez em quando. Sendo assim, o relacionamento entre irmãos pode ser desenvolvido à medida que esses conflitos acontecem e as próprias crianças podem começar a lidar com eles.
Claro que em casos de violência ou ofensas de baixo calão os pais devem intervir, mas, enquanto a discussão é saudável, os pais podem apenas ficar por perto, visualizando de que forma cada irmão lida com a frustração e com a discussão.
Permitir que as crianças comecem a lidar sozinhas com os conflitos interpessoais pode ajudá-las a desenvolver essa capacidade de mediar conflitos no futuro.
Porém, claro, os pais precisarão intervir quando a situação escapar do controle e a discussão partir para o xingamento e a agressão, por exemplo.
Veja mais: Brigas entre os filhos: um olhar realista sobre a relação entre irmãos
6. Mediar conflitos em casos de crianças pequenas e sem discernimento
Apesar de haver a possibilidade de permitir que as crianças maiores comecem a lidar sozinhas com os seus desentendimentos (salvo em casos específicos, como citamos anteriormente), crianças pequenas devem receber mediação dos pais nesses casos.
Afinal, não são todas as idades que têm discernimento para começar a pensar de forma empática, o que faz com que a presença dos pais seja relevante.
Sendo assim, se os seus filhos forem menores de 8 anos, considere intervir quando um conflito aparecer. Primeiramente, o ideal é acalmar as crianças, pois elas podem ter dificuldades para lidar com as emoções neste momento. Depois que acalmarem, aí sim é possível começar a conversar sobre o que pode ser feito com relação ao que aconteceu.
Você será o adulto que mediará a situação, por isso, pense de forma empática, transpareça segurança e confiança e sempre escute os seus filhos.
Irmãos lendo livros juntos. Foto: Canva
Relacionamento entre irmãos – 7. Nunca tratar os filhos de forma desigual
Jamais trate os seus filhos de forma desigual, nem mesmo quando um teve comportamentos positivos e o outro não. Claro que chamar a atenção e dar feedbacks é importante, mas fazer com que um filho se sinta sempre correto e o outro sempre errado pode prejudicar o relacionamento entre irmãos.
Portanto, saiba atuar de uma forma imparcial, que garanta que os filhos se sintam amados, protegidos e cuidados na mesma proporção.
Veja mais: Bullying entre irmãos também é prejudicial
Relacionamento entre irmãos – 8. Evitar tomar partido em situações conflitantes
Sabemos que, às vezes, as crianças podem discutir por coisas banais. Em outras situações, o motivo da briga pode ser um pouco mais sério, ficando evidente quem está correto e quem está errado.
No entanto, tomar partido na hora em que a briga está intensa é algo que pode desgastar o relacionamento entre irmãos. O ideal é conversar individualmente, depois, sobre o que cada um fez correta ou erroneamente.
Na hora de discussão, é necessário acalmar as crianças para que parem de se ofender e de direcionar a culpa um ao outro. Depois, é possível ajudá-las a refletir sobre o que cada uma fez e sobre como essas atitudes podem afetar o outro. Assim, a empatia começa a ser desenvolvida durante a análise da situação.
Por fim, permita que os seus filhos comecem a pensar sobre como a interação poderia ter acontecido, para que percebam que xingamentos e agressões não são positivas.
O processo pode ser lento e dificultoso, nós sabemos. Afinal, na teoria tudo é simples, mas na prática não é bem assim. Porém, tentar manter a tranquilidade e proporcionar uma atmosfera de acolhimento, sem tomar partido, é um caminho bastante interessante.
Veja mais: A Irmã do Gildo: um livro infantil que ajuda na chegada do irmãozinho!
Irmãos brincando no computador. Foto: Canva
9. Estimular o diálogo baseado na comunicação não-violenta
Estimule, sempre que possível, um diálogo baseado na comunicação não-violenta. Essa comunicação consiste em conversar de forma respeitosa, empática e tranquila com que está perto de nós.
Essa comunicação pode ser aflorada à medida que os próprios pais a adotam. Por exemplo, ao invés de gritar com o filho dizendo “não faça isso”, os pais podem dizer, em um tom mais tranquilo, porém firme, que não é ideal que a criança tome tal atitude, pois pode causar x, y e z.
Assim, ela é ensinada, de forma tranquila e sem xingamentos, sobre os motivos pelos quais uma atitude é considerada ruim. Logo, ela poderá adotar essa mesma comunicação nas interações e no relacionamento entre irmãos, o que ocasionará uma resolução de conflitos mais saudável, mais tarde.
Veja mais: Os 4 vídeos de irmãos mais fofos que você vai ver hoje!
10. Incentivar a resolução dos conflitos e a empatia
Os pais também podem incentivar um bom relacionamento entre irmãos por meio do estímulo à resolução de conflitos. Isto é, ao invés de apenas dizer para as crianças pararem de brigar e pedirem desculpas, considere ajudá-las a entender o que está acontecendo e por que não estão se entendendo.
Ajude-as a desenvolverem a empatia, pensando no que elas sentiriam caso a situação ocorresse de forma contrária. Por exemplo, se um irmão não quer emprestar um brinquedo (que ele não estava usando), faça-o imaginar como ele se sentiria se fosse o contrário.
Depois, estimule que as crianças conversem de forma tranquila para tentar resolver a situação. Isso poderá ajudá-los a lidar melhor com os conflitos, diferentemente do que aconteceria se você apenas mandasse ambos ficarem calados e pedirem desculpas – afinal, que pedido de desculpa forçado é genuíno?
Irmãos abraçados. Foto: Canva
Terapia familiar pode ser relevante em muitos casos
Em algumas situações, o relacionamento entre irmãos pode ser bastante conflituoso, o que escapa do controle dos pais. Nessas situações, recomendamos que seja buscado o apoio psicológico, especialmente a terapia familiar.
Nessa terapia, o profissional psicólogo auxilia os membros familiares na hora de lidar com os conflitos, de desenvolver uma comunicação mais assertiva, e assim por diante.
Portanto, pode ser uma excelente alternativa, caso você julgue necessário. Assim, será possível receber orientações e recomendações alinhadas às subjetividades da família, promovendo um ambiente mais acolhedor para todos.
Boa sorte!
Leia mais: Rotina com a criança: Dicas de como estabelecer. Confira