As músicas são grande parte da primeira infância. A música escolhida para o parto, a canção de ninar favorita, as vinhetas de abertura dos desenhos conhecidos… E não é por acaso! Um estudo feito pra Universidade de Durham, na Inglaterra, comprovou aquela frase de que “criança escuta tudo”. Segundo a pesquisa, as crianças se baseiam mais na sua memória auditiva do que visual na hora de tomar decisões e regular emoções.
Isso significa que, grande parte do que a criança escuta é entendido, absorvido e tem papel importante em como ela reagirá a diferentes situações. Tanto as conversas, quanto os sons de natureza ou ambiente e músicas tem papel importante na construção da personalidade infantil. Diferente dos adultos, que normalmente são guiados por instintos visuais.
A pesquisa foi feita com crianças menores de 7 anos, crianças entre 8 e 11 anos e adultos maiores de 18 anos. Todos foram expostos a expressões humanas borradas com estímulos auditivos de alegria, medo, tristeza e raiva por meio de fotos e vozes. Enquanto os adultos maiores de 18 anos davam mais atenção aos estímulos visuais, as crianças de até 11 anos ficavam mais concentradas nos sons. Ambos os grupos responderam a pesquisa com 90% de sucesso.
Porém, em um segundo momento, as crianças foram apresentadas apenas às imagens, o que alterou significantemente a capacidade de compreensão delas. Performando pior do que quando os adultos passaram pelo mesmo teste.
E como incentivar essa escuta sensitiva das crianças?
Criança com blazer vermelho com mãos na orelha – Foto: Freepik
Os cientistas chegaram à conclusão também de que, conforme crescemos passamos a acreditar mais no que vemos do que no que ouvimos. Entretanto, o estudo abriu uma grande porta para tratamentos de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Crianças com autismo podem ter dificuldade de interação social e comunicação, apresentar comportamentos repetitivos, foco excessivo em uma só tarefa e dificuldade em sensibilidades sensoriais. Para os cientistas de Durham, os sons são uma maneira de ajudar as crianças a se expressarem melhor, reconheçam as próprias emoções e se façam compreendidas pela sociedade.
Emoções de crianças: A pesquisa também pode ser aplicada nas aulas online
Menina com fones de ouvido azuis, sorrindo em frente ao tablet. Foto: Freepik
Além do auxílio no tratamento para o autismo, os pesquisadores encontraram um paralelo do aprendizado na atual situação de trabalho remoto e aulas à distância. Considerando que as crianças estão passando grande parte do tempo de ensino e lazer em casa, é melhor tomar cuidado com os estímulos auditivos que elas possam ser expostas. Brigas, xingamentos, filmes muito violentos, tudo isso pode ser captado pelos ouvidos infantis e convertido em emoções posteriormente.
Por outro lado, as aulas online possuem um apelo visual menor. Uma vez que, em vez de ver o professor pessoalmente, as crianças passam a aprender a matéria em frente a uma tela. Mas, o som é grande parte das aulas online e pode ser bem aproveitado para o aprendizado da criança em casa. Estudar em um lugar silencioso, com caixinhas de som de qualidade e num volume regular podem fazer com que o aprendizado se torne mais eficaz, assim como o desenvolvimento emocional das crianças. Outra dica para ajudar no desenvolvimento auditivo dos pequenos é apostar em podcasts de qualidade e audiolivros. Como constroem uma narrativa, podem ajudar a criança a vivenciar e trabalhar o lúdico e as emoções a partir de uma história!