Sabem que hoje eu acordei pensando em como é difícil para as mães (e imagino que para os pais também) saber esperar o tempo do filho! Essa afirmação não saía da minha cabeça por um motivo muito simples: há duas semanas eu estava preocupada com a adaptação escolar de Cacá na nova escola. E agora, poucos dias depois disso, recebo uma menina que abre a porta do carro com um sorriso de orelha a orelha, contando sobre todos os novos amigos que tem feito. Ela está adorando o novo colégio, e eu percebo que sofri à toa, como acontece inúmeras vezes com o coração materno.
Fazendo essa análise, acabei voltando no tempo para avaliar todas as ocasiões em que sofri, frente ao desenvolvimento de Catarina, sem necessidade. Primeiro eu pensei que ela nunca dormiria bem (passei os primeiros meses como um zumbi, e só fui dormir a primeira noite sem acordar quando a pequena tinha um ano e meio. E isso passou, simplesmente porque ela cresceu!). Depois que minha filha tinha problemas na fala (afinal, com dois anos seu vocabulário tinha cerca de vinte palavras – e, apesar de perceber que ela entendia absolutamente tudo, eu não conseguia compreender o motivo dela não querer se comunicar dessa forma. Até que um dia virou uma tagarela, como é até hoje).
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Sofri com a primeira (e a segunda) adaptação escolar, com as crises de birra que não acabavam (eu tinha certeza de que estava sendo uma péssima mãe na época), com o fato de Catarina se recusar em se distanciar de mim (para quem não queria sair do colo, hoje ela se vira muito bem quando passa um tempo sozinha na casa das avós, ou brincando com outras crianças). Sofri com o desfralde noturno (e com as escapas de xixi na cama, que acabaram exatamente quando o pediatra disse que acabariam – mas como era muito depois da fase em que o resto da pessoas me dizia ser normal, eu achava que havia algo errado). Sofri com o fato dela não gostar das aulas de natação e não progredir quase nada em meses (até que, recentemente, ela aprendeu a nada “cachorrinho” em duas aulas na nova escola em que pratica o esporte).
Hoje vejo que foi um sofrimento em vão, simplesmente por não saber esperar o tempo certo das coisas acontecerem para minha filha. Por não acreditar que o tempo certa dela iria chegar, apesar de muita gente me dizer que ela estava atrasada para aquilo. Ouvia frequentemente: “nossa, mas ela é menina, e em geral as meninas são tão rápidas nisso!”. Eu até me comparava com um desempenho que supostamente tive quando era criança (porque seus pais acabam te falando que você andou, falou, leu, com determinada idade), e fazia o mesmo com as histórias do meu marido. Afinal, onde estaria o aspecto genético dessa criança?
Filho vem para te mostrar que tem um ritmo próprio, um jeito que é só dele. Que pensa e age diferente de você, mesmo tempo nascido na sua barriga. E que é preciso ter só um pouco, bem pouquinho de paciência, para que ele mostre que está pronto naquilo que todo mundo te diz que ele já deveria estar. Filho vem pra te ensinar a “não dar bola para a torcida”, porque reconhecer os sinais que ele dá é muito mais importante do que a opinião alheia.