Existe uma série de frases que não devem ser ditas às crianças, pois, dependendo da capacidade de interpretação dos pequenos, elas podem ser absorvidas de uma forma negativa, provocando efeitos intensos na saúde mental dos seus filhos. Afinal, os pais e a família são referências e fontes de conhecimento para as crianças, logo, o que os adultos falam é tido como verdade.
Porém, quando essa verdade é dolorosa e machuca, a criança pode desenvolver problemas emocionais, como falta de autoestima, desconfiança, sentimento de solidão, e assim por diante. Por isso, selecionamos algumas frases que devem ser evitadas, a fim de que você reflita sobre o assunto e verifique se esse repertório faz parte da sua rotina com o seu filho. Acompanhe.
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Menina sentada na porta com as mãos no rosto. Foto: Canva
Frases que não devem ser ditas às crianças
As frases que não devem ser ditas às crianças podem provocar efeitos profundos na saúde mental dos pequenos. Para começar a nossa reflexão nesse sentido, pare e pense: quais frases você costumava ouvir dos seus pais ou cuidadores, na infância, que o magoavam e fizeram com que você nunca esquecesse das palavras usadas? Quais dessas frases eram extremamente negativas, e usadas com o propósito de reprimir ou diminuir algum sentimento seu?
O clássico “engolir o choro”, por exemplo, é algo que praticamente todo adulto já ouviu alguma vez na sua infância. E por mais que isso possa parecer inocente, a verdade é que essa imposição pode provocar dificuldades para expor e compreender os sentimentos na vida adulta – daí que podem surgir problemas para lidar com as outras pessoas, por exemplo.
Essa é apenas uma reflexão inicial para que possamos pensar nos impactos que as palavras têm sobre nós. Quando machucam, elas não são facilmente esquecidas. Às vezes, apenas o processo psicoterapêutico é que nos ajudará a lidar com a dor vivida um dia.
Por isso, com a mente aberta e com o propósito de abolir frases ruins do vocabulário, continue lendo este conteúdo.
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1. “Porque sim” ou “porque eu sou sua mãe/seu pai”
Apesar de em alguns momentos nós, adultos, estarmos com a agenda apertada, a ponto de não conseguir explicar todas as coisas para as crianças, ainda assim devemos evitar comentários como “Faça isso porque sim” ou “faça isso porque sou sua mãe e estou mandando”.
Devemos ter em mente que as crianças estão aprendendo sobre todas as coisas da vida. Então, tudo para elas é novo e diferente. Logo, as dúvidas e os questionamentos surgirão em qualquer situação.
Menino triste olhando pela sacada. Foto: Canva
Imagine o exemplo: se você manda uma criança arrumar a cama, pela primeira vez, e ela pergunta “por que eu devo fazer isso?”, ao invés de dizer “porque sim”, tente manter a calma e apresentar os benefícios de arrumar a cama: mais conforto, a cama fica mais limpinha, o quarto fica mais bonito para brincar, entre outras possibilidades.
Ao declarar os motivos pelos quais algo deve ser feito, a criança pode internalizar com mais clareza a aprendizagem. O que é ideal para um ser que está descobrindo o mundo.
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2. Frases que não devem ser ditas às crianças: “Por que você não é igual o seu irmão?”
Comparar as crianças, seja com os irmãos ou outras crianças conhecidas, como primos e amigos, é algo inadmissível. Essa comparação gera angústia, revolta, sentimento de baixa autoestima e pode, ainda, criar uma atmosfera de competição entre os irmãos.
Nunca se esqueça do fato de que todas as pessoas são diferentes. Cada uma possui as suas próprias características. Portanto, é impossível comparar um indivíduo com outro, pois não há histórias suficientemente semelhantes para tal comparação.
Ao invés de dizer “por que você não é igual o seu irmão?”, que tal apresentar um feedback que seja mesmo construtivo, como: “filho, não gostei do seu comportamento X, pois causou Y e Z. Adoraria vê-lo tendo mais cuidado da próxima vez, e tenho certeza que você também se sentiria melhor”.
Perceba que a abordagem é bem diferente, e a comunicação não-violenta também é usada.
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Menino triste apoiado na janela. Foto: Canva
3. “No meu tempo era assim/não era assim”
Comparar a sua infância com a de seu filho também não é um bom caminho. Por exemplo, só porque você era obrigado a fazer a lição de casa sozinho, porque não tinha o apoio da família, não quer dizer que essa dificuldade deva ser imposta sobre o seu filho, concorda?
Isso quer dizer que ficar apenas comparando a realidade de hoje com a de antigamente não é válida. Hoje é diferente. Seu filho é outra pessoa, e não você. Saber lidar com essa diferenciação é indispensável para não ficar repetindo algo como “no meu tempo era assim”.
Além do mais, ficar repetindo isso pode mostrar o quão “mente fechada” você é para as novas formas de viver a vida. Isto é, só porque antigamente as crianças não tinham acesso a nenhuma tecnologia que o seu filho deve ser privado de tudo, hoje? Pense sobre isso.
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4. Frases que não devem ser ditas às crianças: “Medo de X é besteira”
O medo é uma defesa do nosso cérebro frente a alguma situação que parece escapar do nosso controle e que pode, de alguma forma, nos colocar em risco. Logo, nós não temos o poder absoluto de escolher quando vamos ter ou não ter medo. Por isso, dizer que o medo da criança é besteira é o mesmo que dizer a ela que os seus sentimentos são inválidos, ruins e vazios. Ou seja, você acaba invalidando a subjetividade da criança.
O mais adequado, nessas situações, é demonstrar que você compreende que ela tem medo, e ajudá-la a entender os motivos pelos quais talvez o medo não precise existir. Dar conhecimento para que a criança se sinta tranquila é muito melhor do que diminuir a importância do medo dela.
Por exemplo, se a criança tem medo de escuro e você só diz que “é besteira” ou “não tem nada ali”, você talvez não esteja a ajudando. Agora, explicar o que é o escuro, o que é a falta de luz e como ela pode ir conhecendo o espaço, ao tocar as coisas com a mão, devagar para ir reconhecendo o que tem ali, pode ajudá-la a ver a situação de outra forma.
Porém, cuidado para não expor a criança ao maior temor dela, assim, de forma forçada. Se o seu filho apresentar um medo muito acima da média, com crises de choro e de ansiedade muito intensas, procure um psicólogo.
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Psicólogo conversando com a menina triste. Foto: Canva
5. “Se não se comportar, vou chamar…”
Dentre as frases que não devem ser ditas às crianças, há aquelas relacionadas com as ameaças de “chamar alguém”. Há pessoas que dizem que vão chamar a polícia, os bombeiros, o professor, o dentista, o médico e por aí vai…
E além de ser uma forma de tirar a própria autoridade dos pais, esse comportamento pode despertar um medo irracional nas crianças. Por exemplo, dizer que ela levará uma injeção da enfermeira se não se comportar é abrir caminho para que o pequeno passe a ter cada vez mais medo das vacinas.
Portanto, evitar esse tipo de comentário é muito importante para proteger a saúde mental dos pequenos – e manter, com mais coesão, a integridade da autoridade dos pais.
6. Frases que não devem ser ditas às crianças: “Eu não vou estar aqui sempre para te ajudar, aprenda a fazer”
Apesar de ser uma verdade, usar frases que não devem ser ditas às crianças, como a descrita acima, é abrir caminho para problemas emocionais nos pequenos.
Pois pare e pense: embora uma criança realmente deva ter a sua autonomia estimulada, deixá-la tentar fazer tudo sozinha não irá ensiná-la, e, sim, poderá fazer com que ela se sinta frustrada, sozinha e pouco amada.
Por isso, é imprescindível considerar a faixa etária e o desenvolvimento da criança antes de querer que ela faça algo sozinho. Por exemplo, esperar que uma criança de dois anos aprenda a controlar, totalmente sozinha, a sua própria crise de choro, é algo cruel e inadmissível.
Menino triste sentado na praia. Foto: Canva
A criança ainda não tem conhecimento e amadurecimento para fazer isso sozinha. Logo, o apoio dos pais é imprescindível.
Saber dar apoio na medida certa, estando ao lado da criança, é mais válido do que, simplesmente, se afastar e dizer “Eu não vou estar aqui sempre para te ajudar, aprenda a fazer”.
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7. “Eu te prometo”, quando a promessa não será cumprida
Promessas foram feitas para ser cumpridas. Caso você esteja prometendo algo apenas para “acalmar a criança”, mas sem o intuito de realmente cumprir, saiba que esse comportamento poderá causar fortes prejuízos no relacionamento entre vocês.
A criança confia nos adultos que estão à sua volta. Mas, quando eles começam a mentir promessas, essa confiança começa a se esvaziar – a ponto de a criança não acreditar mais nas palavras do adulto.
Além disso, o sentimento de ter sido enganada e traída também se fortalece quando esse tipo de situação acontece. Por isso, só prometa aquilo que você vai cumprir, ou realmente quer cumprir. Afinal, pode haver um contratempo que atrapalhe a promessa, mas normalmente é possível explicá-lo à criança. Já o descumprimento da promessa por, simplesmente, ter prometido por prometer, é muito mais difícil de explicar e pode magoar a criança profundamente.
Cuidado com esse tipo de postura. Na dúvida, imagine se fossem fazer a mesma coisa com você.
Afinal, crianças, por mais imaturas que sejam, ainda são seres humanos. E não devemos dizer a elas ou agir de modo como jamais agiríamos com adultos. Pense nisso!
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