Sempre que começo a reclamar da vida, dizendo que não estou dando conta de tudo, que deveria fazer as coisas melhor do que faço, minha mãe solta a frase: “Mulher Maravilha não existe, Nívea. Não adianta tentar ser uma, porque o desgaste é inevitável”. Pois é, eu sei que ela tem razão, que não dá para ser nota 10 como mulher, mãe, esposa, profissional, filha, irmã, amiga, etc. Cá entre nós, eu já desisti da perfeição faz tempo; o problema é que eu normalmente não me contento com menos do que um oito. E tem dias em que eu passo na média, e olhe lá!
Eu me sinto como uma equilibrista, que gira vários pratos ao mesmo tempo, tentando fazer com que eles não caiam. E tenho certeza de que vocês que estão aí, do outro lado da tela, sabem bem do que eu estou falando. Quando os pratos estão girando todos no mesmo ritmo, na mesma direção, parece que o equilibrista não tem que fazer muita força para mantê-los no ar. Mas basta que um se desalinhe para que surja o risco de todos irem para o chão. Alguma semelhança com vida de mãe não é mera coincidência!
Querem ver outra metáfora interessante? Vida de mãe é como trânsito de São Paulo. Vai tudo indo bem até que uma rua (e basta uma só mesmo!) fique interditada. Aí a cascata de carros parados vai aumentando, aumentando, e no fim do dia você vê no telejornal que houve um novo recorde de congestionamento na cidade. Ou melhor, se é que você viu o programa, porque pode ter gasto duas horas a mais no seu trajeto diário, chegando em casa no finzinho, só para ouvir o “Boa Noite” do apresentador.
Aqui em casa, nessa semana, o fator de desarmonia foi o resfriadinho da Catarina. Filhote passando mal, a mãe como um zumbi, que de tão cansada dormiu a noite passada no berço da filha. Pois é, se vocês tinham alguma dúvida de que uma mãe consegue dormir toda encolhida dentro de um berço de bebê, agora já sabem que isso é possível. Teria sido melhor levá-la para a minha cama? Com certeza! Mas a pequena se recusou terminantemente, e eu resolvi não discutir dessa vez às cinco da manhã. Pulei para dentro do berço, abracei a filhotinha e dormi! Sem conflito nenhum! Não, não me perguntem como fica a coluna do dia seguinte…
Se eu fosse a Mulher Maravilha, diria que hoje minha capa vermelha está bem amassadinha. E que a bateria dos “super-dispositivos” acabou e eu não comprei uma nova. Tudo bem, porque algumas horinhas de descanso fazem milagres. É como se houvesse uma fada do sono, que passa sua capa, compra baterias (e, se forem oito horas de sono ininterrupto, até aplica uma máscara facial para você acordar com aquela pele de seda). Pode vir, dona fada, que um dos meus olhos até já fechou. Boa noite, pessoal.