Não julgue aquela mãe que fica de pijamas do dia todo, com o cabelo amarrado em um rabo de cavalo, e com olheiras que ocupam metade das bochechas. Ela pode ter um recém-nascido em casa que chora muito, e saiba: ela está fazendo o melhor que ela pode.

Não julgue a mãe que comprou papinha pronta (no máximo, diga a ela, como forma real de ajuda, que há produtos orgânicos, fresquinhos, que ela compra prontos e são tão saudáveis quanto aqueles que ela prepararia em casa). Pode ser que ela trabalhe oito horas por dia, fique mais duas no trânsito, e ainda tenha toda a rotina da casa e do filho para cuidar.

Não julgue a mãe que nunca viajou sem o filho, mesmo que ele tenha cinco anos. Nem aquela que viajou quando o filhote tinha seis meses, porque pode ser que ela precisasse fazer isso para continuar tendo um emprego.

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Não julgue a mãe que amamentou por três meses, nem aquela que amamentou até que o filho completasse três anos. Porque, ao contrário do que muita gente diz, tem mãe que quer muito, muito, muito amamentar e não consegue, e há aquelas com leite para dar e doar, e que não desejam fazer o desmame tão cedo.

Não julgue a mãe que fica um caco no dia seguinte porque passou horas ninando o filho na madrugada (tenha certeza de que ela soubesse outra forma de fazê-lo dormir, ela colocaria em prática). Nem aquela que deixou o filho chorando para aprender a dormir (você não sabe quantas outras tentativas, antes dessa, ela fez sem sucesso).

Não julgue a mãe que passa o dia inteiro com o filho no colo. É possível que ela considere essa forma de acolhimento imprescindível para o desenvolvimento dele. Nem aquela que acredita que certo desligamento é importante para que o bebê desenvolva autonomia desde cedo (você não sabe com quem essa mãe terá que deixa-lo quando tiver que voltar ao trabalho).

Não julgue a mãe que deixou sua vida profissional para trás, porque para ela pode ter sido a decisão mais sábia de uma vida. Nem aquela que voltou a trabalhar pouco depois, porque precisava colocar comida na mesa, ou simplesmente queria ter uma existência extra maternidade.

Não julgue a mãe que diz fazer tudo sozinha, e que está cansada por isso. Você não sabe se ela tem um marido que a ajude, se essa pessoa teve que trabalhar em outra cidade, ou se simplesmente seu filho não foi reconhecido pelo pai que ajudou a lhe dar a vida.

Não julgue a mãe que deixa o filho fazer birra no meio do shopping, de forma impassível. Talvez seja a melhor forma de mostrar ao pequeno que ele não pode ter o que deseja sempre. E nem aquela que cedeu ao picolé que causou a choradeira, porque naquele minuto tudo o que ela precisava era um pouquinho de paz.

Não julgue a mãe que sofre de forma diferente da sua. Pode ser que ela chore mais, grite mais, se angustie mais do que você. É apenas a forma que ela tem para lidar com seus problemas (e não se engane: todo mundo tem problemas com o filho, e se você acha que não tem, é só esperar para ver).

Antes de levantar o dedo para julgar qualquer mãe, tente ter um pouco mais de empatia. Tente se colocar no lugar dela, tente enxergar a vida como ela enxerga – não segundo o seu modelo, que serve para a sua família.

Por um mundo de mais ajuda, de mais amor, de mais compaixão, de mais amizade. Porque colocar outra mãe para baixo não te faz uma mãe perfeita. Mas compreender as necessidades da outra de faz uma mãe muito melhor.