Encontrar motivação na escola nem sempre é uma tarefa fácil. Evidentemente que cada criança e adolescente tem o seu tempo de aprendizado, a sua personalidade, a sua forma de aprender, mas, mesmo dentro da particularidade de cada um, é importante que os pais estejam atentos a fatores variados que possam vir a influenciar o desempenho em sala de aula.

É por isso que eu achei bacana dividir com vocês aqui no blog uma nova pesquisa da McKinsey & Company. A firma global de consultoria divulgou um estudo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Quem sabe você não consegue relacionar as informações dadas com o que acontece aí na sua casa?

Esse programa conta com uma prova que é aplicada a cada três anos para jovens de 15 anos de diferentes países. Com os resultados da última avaliação, de 2015, em mãos, o estudo inédito da consultoria pontuou os alunos da América Latina e mostrou os fatores que mais influenciam o sucesso escolar desses jovens. E é interessante observar os resultados, porque eles mostram a importância de atividades desenvolvidas em sala de aula e também de fatores trazidos pela própria vivência familiar.

Imagem: 123RF

Ficou curioso? Então eu te conto a seguir os cinco fatores apontados como os de maior impacto na garotada. Vale a pena ficar por dentro!

  1. “A mentalidade dos alunos afeta os resultados escolares quase duas vezes mais do que o contexto socioeconômico”: de acordo com o estudo, atitudes como acreditar que o sucesso vem com trabalho e dedicação se traduzem em um melhor rendimento na escola. Os resultados da pesquisa mostraram que os que pensam dessa maneira têm um desempenho 12% melhor do que aqueles que acreditam que sua capacidade sempre será a mesma. A mentalidade motivacional é mais um fator ligado ao melhor rendimento (inclusive, mais do que a classe socioeconômica em que o jovem e sua escola estão inseridos). Ou seja: motivar o filhote, mostrando que ele é capaz, é uma atitude que só tem a acrescentar!
  2. “Alunos cuja educação é uma mistura de investigação própria e instrução orientada por professores obtêm os melhores resultados”: foi observado que os alunos que recebem uma aula expositiva e, depois, uma instrução orientada para investigação (ou seja, depois de terem a explicação sobre a matéria, são orientados pelo professor a participar mais ativamente da aula, criando suas perguntas e participando de experimentos) têm um desempenho melhor. O aprendizado resultante na cabecinha dos adolescentes vêm por meio da combinação dessas duas maneiras de participar da aula.
  3. “Os melhores resultados das tecnologias de informação e comunicação são obtidos quando o uso está nas mãos dos professores”: olha só que interessante, o estudo mostrou que o efeito de um projetor na sala de aula é 30 vezes superior no desempenho dos alunos do que o de um computador. Mas a constatação sobre a influência da tecnologia no rendimento escolar não se restringe à dentro da classe: os resultados ainda mostraram que quando os jovens acessam a internet em casa, de duas a quatro horas depois da aula, têm um melhor desempenho em ciências do que quando passam quatro horas ou mais navegando em outros momentos. Outra observação é que o contato mais cedo com a tecnologia é positivo: aqueles que tiveram o primeiro acesso a um aparelho tecnológico aos 6 anos obtiveram 45 pontos a mais na prova do que aqueles que entraram no mundo digital com 13 anos ou mais. Aos pais, fica a lição: internet na medida e menos culpa ao liberar o tablet aos novinhos!
  4. “A ampliação da jornada escolar, para até sete horas diárias, contribui para melhorar os resultados. Mas ganhos significativos também podem ser obtidos aproveitando-se melhor o horário atual”: de acordo com o estudo, o desempenho dos alunos no PISA aumentou 3,7% para cada 30 minutos a mais que eles tinham de aula (com o limite de 7 horas por dia). A primeira impressão é de que, se aumentar o tempo de aula, o desempenho também acaba melhorando. Contudo, o estudo chama a atenção de que não adianta somente estender a jornada escolar diária, mas, sim, melhorar a infraestrutura da escola e oferecer preparação aos professores para lecionar durante todo esse período. O levantamento ainda ressalta que os países da América Latina apresentam apenas 65% do tempo em sala de aula usado para aprender, contra 85% de aproveitamento nas demais regiões analisadas. Ou seja: é preciso pensar primeiro em melhorar a efetividade do aprendizado do que simplesmente estender o horário letivo.
  5. “A educação infantil teve impacto acadêmico positivo nos jovens que hoje têm 15 anos; entretanto, alunos de baixa renda beneficiaram-se menos do que os de alta renda”: nesse ponto foi mostrado que aqueles adolescentes que entraram mais cedo na escola tiveram melhor desempenho na prova. Para começar, quem recebeu educação infantil foi 8% melhor no exame de ciências. Outra observação é que aqueles de renda alta que ingressaram na escola aos 2 anos tiveram maiores notas mais tarde (o mesmo foi observado aos adolescentes de baixa renda que entraram aos 4 anos na escola). Isso reforça a importância da educação infantil, especialmente aos alunos de classes mais baixas.

De acordo com o relatório do estudo (veja completo aqui), a proposta da divulgação dos resultados é a de indicar melhorias nas políticas educacionais, bem como incentivar novos estudos que tragam essas questões à tona (para consequentemente melhorar a educação dos nossos filhos!).