Hoje eu estava colocando Catarina na cama (aquela novela de quase uma hora, como sempre), quando lá pelas tantas ela me pediu o décimo abraço e disse: “mãe, você é a melhor mãe que eu poderia ter. Por isso que eu te amo tanto!”. Por mais cansada que eu estivesse (e acreditem, eu estava mesmo!), nada poderia ser mais importante do que uma declaração como essa. Abracei a filhota e disse que também a amava, muito, muito mesmo.
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Pouco depois ela dormiu, enquanto eu fazia carinho em seus cabelos. E foi nessa hora que eu notei que deveria ter falado muito mais a ela: queria ter dito que ela é uma menina forte, corajosa, que do alto dos seus cinco anos enfrenta uma dor de ouvido como ninguém. Queria ter dito que mesmo doentinha, ela é engraçada, divertida, e que tem a gargalhada mais linda desse mundo. Impossível ouvi-la e não ter vontade de rir de orelha a orelha.
Queria ter dito que ela não precisava ter me perguntado, logo ao deitar, se ficaríamos sempre juntas, como vem fazendo nos últimos meses. E repete todas as noites: “quando eu for mãe, você vai ser avó, né? E você vai estar ao meu lado. E quando eu for avó, você vai ser bisavó. E quando eu for bisavó, o que mesmo você vai ser?”. Entendo que esse é seu jeito de concretizar minha permanência ao seu lado, até quando formos muito velhinhas. Queria ter deixado bem claro que eu estarei ali todas as vezes em que ela precisar, até meu último respiro.
Pensei em como, na correria do dia-a-dia, deixamos de falar tantas coisas importantes e que fazem bem ao coração de quem fala e de quem ouve. É como se ficasse subentendido: mas quando tratamos de crianças, elas não entendem esse conceito, como um adulto. Uma criança precisa de repetição, necessita ouvir todos os dias que é amada, importante, inteligente, bondosa, incrível. Que ela poderá realizar todos os seus sonhos quando crescer, se lutar por eles. Não basta dizer uma vez, nem de vem em quando. Tem que ser constante, pois ela está começando a compreender o sentido de permanência das coisas (porque é observando que eles notam o que muda, e o que é igual com o passar do tempo. Que hoje um fruta pode estar verde, e amanhã madura; mas que a chuva sempre cai do céu, assim como mamãe sempre estará ali quando ele abrir os olhinhos pela manhã).
Então o que fiz? Falei ali mesmo, com Catarina dormindo, esperando que em seus sonhos ela ouvisse tudo aquilo, mesmo que apenas parcialmente. E prometi dizer essas coisas amanhã, depois, depois e depois.
E você, já disse hoje a seu filho o quanto você o ama? (Mesmo que ele seja um bebê, ele entende)