Eu não sei se já comentei aqui com vocês, mas Catarina faz aulas de inglês há um ano. Quando estávamos escolhendo sua primeira escola, meu marido e eu ficamos na dúvida entre duas (selecionadas depois que eu visitei todas as escolas da região onde moro): uma bilíngue e aquela em que de fato matriculamos a pequena. Hoje eu não posso sequer imaginar como a filhota estaria em outra escola – estou absolutamente satisfeita com a escolhida (mais livre, com um tanque enorme de areia, yoga e capoeira!). Mas o fato é que justamente por não termos escolhido a bilíngue, decidimos que Catarina faria uma hora de aula de inglês por semana.
“Mas tão cedo?”, vocês podem me perguntar. Então explico a razão de nossa escolha: minha irmã é pedagoga formada pela USP e professora de inglês (daquelas maravilhosas mesmo – não é só “corujice” minha, não!), e sua opinião foi extremamente importante para essa decisão. Por muitos anos ela trabalhou com o ensino de idiomas para crianças pequenas, e sempre comentou sobre a facilidade que os pequenininhos desenvolviam quando começavam o aprendizado de uma segunda língua nos primeiros anos de vida. Cientificamente, há uma explicação para isso: essa é uma fase em que muitas conexões neurais estão se formando, e por isso tudo o que é estimulado ganha circuitos dentro do cérebro que facilitariam a tarefa.
Uma dúvida muito frequente é se esse aprendizado desde cedo não confundiria a criança, sobretudo na época da alfabetização. Eu ainda não passei por essa experiência na prática, mas isso não é algo que me preocupa. Vejo que para Catarina a aquisição do vocabulário em inglês é algo tão natural (quase uma brincadeira), que dificilmente será uma barreira para o aprendizado do português. Mas é importante dizer que tudo isso é embasado na minha vivência com a pequena, e que pode ou não servir para sua família.
Se você estiver pensando em aulas de um segundo idioma para o filhote, tenho algumas dicas que podem ser úteis:
– Tenha expectativas reais: foi muito importante a conversa que tive com a professora de Catarina na época das primeiras aulas. Porque ela ajustou direitinho o que eu deveria esperar como resultado do processo. Às vezes você quer que a criança conte as palavras novas que aprendeu, que cante as músicas, e não sai nada! Mas saiba que isso é normal: no início a criança mais ouvirá do que pronunciará. E há aprendizado nisso? Claro que sim! Ela vai acostumando seu ouvido a uma nova língua, vai percebendo, intuitivamente, que a construção de frases é feita de outra forma, e vai se preparando para falar. Aos pouquinhos, sairão as primeiras palavras, que produzirão um trabalho muscular intenso (dos lábios, da face, da língua), para que novos fonemas sejam pronunciados.
– Procure uma aula lúdica: para os pequeninos, não adianta querer um aprendizado com apostila, sentadinho na cadeira. Criança pequena precisa de atividades divertidas, curtas (porque eles não conseguem ficar focados por muito tempo), e de movimento constante. Procure uma metodologia que envolva jogos, brincadeiras, vídeos, histórias… Assim, o aprendizado acontece de forma divertida e prazerosa para o pequeno.
– Estimule os avanços: seu filho pronunciou uma palavra diferente? Que bacana! Deixe que ele saiba que isso é muito positivo! Como o ensino de uma língua é algo de longo prazo, cada pequeno avanço deve ser comemorado! Isso ajuda a manter o interesse no processo.
– Dê uma utilidade prática para o aprendizado: quando a criança mora em uma família bilíngue, ela percebe mais facilmente por que o aprendizado de um idioma é importante – afinal, é dessa forma que ele se comunicará com o pai, ou com a mãe que fala outra língua. Mas e quando todos falam português dentro de casa? Já pensou que seu filho pode não entender por que razão ele deve aprender inglês, espanhol, chinês? Na medida do possível, mostre que essa segunda língua faz parte do dia-a-dia da família (com palavras em algum desenho animado, livro, no tablet). E, claro, uma viagem para praticar é tudo de bom!
– Por fim, o mais importante: respeite seu filho. O pequeno não está curtindo a aula? Você percebe que é motivo de estresse, e não de diversão? Avalie se realmente esse é o melhor momento para seu filho ser apresentado a uma nova língua, e se a metodologia escolhida é a mais indicada para ele.