Basta você se ausentar por alguns minutos para que o pequeno fique desesperado? Pode ser que ele esteja vivenciando uma crise causada pela ansiedade de separação, que afeta as crianças a partir de seis meses até dois anos de vida. Aqui em casa o período foi conturbado: Catarina passou a ficar horas acordada no meio da madrugada, por volta dos oito meses. Foi também quando ela começou a recusar mais fortemente o colo de outras pessoas (para minha completa frustração – porque por um bom tempo ela evitou até mesmo o pai e os avós. Imagine o cansaço de não poder dividir os cuidados diários do filhote com ninguém? Quem já passou ou está passando por isso sabe!).
Como essa fase do desenvolvimento do bebê gera uma série de dúvidas e receios, separei algumas informações e dicas para ajudar pais e bebês nesse processo. Vem saber mais!
Por que acontece a ansiedade de separação?
Você passou nove meses dividindo a mesma morada com o seu bebê: o seu corpo. Ofereceu-lhe alimento, amor e carinho para que ele pudesse se desenvolver com saúde e chegasse ao mundo. O vínculo entre vocês dois foi criado ainda na barriga – você se perguntou como pode viver tanto tempo sem esse amor e o pequeno associou a sua figura de mãe com a maior proteção de todas.
Esse laço é tão forte que, durante muito tempo, o bebê não entende que ele e a mãe são pessoas diferentes. Aos olhos do filhote, a mãe é uma extensão do seu próprio eu. É só com o passar do tempo, ao adquirir amadurecimento mental, físico e intelectual, que a criança conseguirá perceber que é um indivíduo próprio – que tem o seu corpo, pensamentos e sentimentos. O processo de individualidade acontece de maneira gradual.
Por volta dos seis meses de vida, o bebê começa a distinguir que a mãe é uma pessoa separada dele. Apesar disso, a noção de proteção e cuidados ainda estão veiculados a figura materna, afinal, a mãe é o centro do mundo para a criança. Com isso, o pequeno pode desesperar-se ao perceber sua ausência – mesmo que rápida. Como ele ainda não consegue ter uma imagem mental da mãe, ao não enxergá-la ou ouvi-la, ela deixa de existir para ele.
Esse sentimento de perda é muito forte e o bebê se sente abandonado. Ao não ver a mãe, o pequeno pode começar a chorar, reclamar e entrar em pânico. Essa ausência gera a chamada ansiedade de separação na criança. Como foi dito anteriormente, a crise pode acometer os bebês a partir dos seis meses até dois anos de vida. Entretanto, ela é mais comum em pequenos de oito a nove meses.
Como lidar com a ansiedade de separação quando a mãe precisa se ausentar por alguns momentos?
Para que o bebê fique calmo nos períodos em que você precisa sair para resolver seus assuntos, algumas atitudes diárias são importantes:
– Brinque com ele: sabe aquela velha brincadeira de esconde-esconde? Então, ela pode ser útil para que o bebê entenda que os objetos e as pessoas vem e vão. Essa é uma boa maneira de explicar para ele de forma lúdica que, se você saiu por algum tempo, vai aparecer depois.
– Acostume-o com outras pessoas: é importante que o filhote entenda que, além da mãe, outras pessoas podem cuidar dele – como o pai, os avós ou até mesmo a babá. O ideal é que você acostume o pequeno com essas pessoas, aos poucos. Depois, quando precisar sair, você pode deixá-lo com os cuidadores com quem ele já está familiarizado. “Mas como, se ele chora sempre que o passo para outro colo?”, você pode estar se perguntando. Pois minha dica para esses momentos é: ocupe-se! Por incrível que pareça, Catarina reclamava muito menos por estar com sob outros cuidados quando me via em movimento (lavando a louça, limpando a casa, arrumando a mesa… Infelizmente, eu só descobri isso depois de muito tempo!). Agora, se eu ficasse ao lado, parada, enquanto tentava passá-la para alguém, era berreiro na certa!
– Sempre diga tchau: a vontade de sair pela porta sem que o bebê veja, para não lhe causar sofrimento, é grande, mas não ceda. Pois ao perceber que você não está por perto, o pequeno pode entrar em desespero. Por isso, sempre despeça dele e explique que você vai sair, mas logo estará de volta. Mesmo que essa atitude faça o pequeno derrubar algumas lágrimas no início, ela é a mais indicada para que ele entenda – com o tempo – como as coisas funcionam.
– Se sentir que há a necessidade, fique com o bebê até ele adormecer: a ansiedade de separação pode afetar o sono do pequeno. Como ele não vê a mãe por perto, não relaxa e não consegue dormir tranquilo. Por isso, fique com o filhote até perceber que ele realmente pegou no sono. Outro problema pode acontecer durante as sonecas: ao acordar, a criança pode se desesperar por perceber que a mãe não está por perto. Ao ouvir o seu choro, o recomendado é que a mãe vá até o quartinho do bebê para mostrar sua presença e para que o bebê adormeça tranquilamente.
– Mostre a ele que você o ama: beijos, abraços, carícias e até dizer “eu te amo” são atitudes que vão fazer com que o bebê se sinta amado e, consequentemente, protegido. Por isso, reforce o quanto ele é especial na sua vida e mostre a ele que você estará sempre por perto, todas as vezes em que ele precisar – acompanhando o seu crescimento e amadurecimento.