Outro dia saí como uma amiga para tomar um café. A semana estava sendo muito puxada, com trabalho até a raiz dos cabelos e noites mal dormidas causadas pela tosse da pequena. Se eu normalmente não sei o que é tempo livre, naqueles dias eu não tinha tempo nem mesmo para almoçar. E antes de jogar as coisas para o alto e dizer que eu não queria mais brincar daquilo, decidi tirar uma horinha do meu dia para dividir aquele sentimento com alguém que eu sabia que me entenderia.

Imagem: Mike Kniec via Compfight cc

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Conversamos sobre a loucura do fim do ano, sobre a promessa de que 2014 seria um ano mais tranquilo (que não foi cumprida, nem por mim, nem por ela), sobre os filhos e as perspectivas para o futuro. E no fim, aconteceu algo que me tocou muito: contamos uma à outra histórias pessoais que talvez mais ninguém no mundo, além de nós duas, saibamos – e que assim continuará sendo.

Porque, sim, existem passagens da nossa história como mãe das quais nós não nos orgulhamos, mesmo que aos olhos dos outros não tenham nada demais. Pode ser a culpa por ter ido trabalhar achando que o filho ficaria bem, quando o que aconteceu foi ele ter piorado da febre. Ou a tristeza dos primeiros meses (que algumas sentem em função da queda hormonal, da solidão de ficar em casa com um bebê que interage muito pouco, ou simplesmente da falta de experiência que gera expectativas exageradas e uma auto-cobrança imensa), que definitivamente você não queria ter sentido. Mas ali, bem no fundo do coração, acredito que todas nós tenhamos um pontinho que nos traz lágrimas aos olhos e que faríamos diferente se pudéssemos voltar no tempo.

Todas as vezes em que olho para trás e identifico um desses momentos, vejo que o aprendizado da maternidade é feito, inevitavelmente, com base em erros e acertos. E é fácil falar que não dá para acertar sempre – mas quando erramos com um filho… Ai, como é difícil! Mas a maior prova de crescimento, de que evoluímos e crescemos, é justamente saber que faríamos de outro modo, que hoje reconhecemos como melhor para ele.

Se hoje eu pudesse desejar algo a cada uma de vocês, é que tivessem uma amiga com quem pudessem falar até sobre essas passagens – sem julgamentos, apenas com compreensão mútua. Alguém que te entenderá se você disser que fez macarrão com molho pronto no jantar porque simplesmente não tinha forças para fazer algo melhor; ou que teve vontade de dirigir até a praia, só para ter algumas horas de sossego. Porque se no mundo da maternidade há sempre alguém para colocar o dedo na ferida e discordar das suas escolhas, há também pessoas nas quais você encontra apoio, respeito e um ombro amigo.