Hoje eu vou dar uma de “cri-cri” aqui no blog. Eu sei que muitas mães vão concordar comigo, outras tantas vão discordar, mas, enfim, achei que era hora de falar sobre algo que me incomoda em festas infantis – o kit cárie.

Para quem não conhece o termo, eu explico: é como os dentistas (lembrando que sou uma por formação – aliás, que exerceu a profissão por mais de 10 anos) chamam aquele pacotinho com balas, chicletes e pirulitos que as crianças levam como lembrancinha para casa. Aquela reunião de gomas açucaradas e nada nutritivas, que gruda nos dentes das crianças, promovendo o ambiente propício para a desmineralização das superfícies (o famoso buraquinho, característico das lesões de cárie).

Imagem: Rego - d4u.hu via Compfight cc

Imagem: Rego – d4u.hu/Creative Commons

Eu sei que, desde que eu me entendo por gente, esse tipo de lembrancinha é uma das opções mais usadas em festa de criança. Mas, sinceramente, eu me pergunto: ainda hoje? Com tantas opções bacanas, educativas, e que custam praticamente o mesmo? Será que não é hora de repensarmos o assunto?

Não estou falando de bolinhos e outros doces que são gostosos, e que considero comidinhas de verdade (esses eu não vejo qualquer problema em serem dados como lembrança; aliás, acho até bacana a ideia, porque ajudam na decoração e depois são levados – dupla utilidade). Mas sim naqueles itens que não agregam absolutamente nada do ponto de vista nutricional – são sacarose pura, combinada a corantes artificiais e outras substâncias químicas com nomes esdrúxulos.

Outro dia mesmo Catarina chegou em casa com um pacotinho dessas besteiras, depois de uma festa infantil. Claro que ela não come nada disso no dia-a-dia, e ficou animada com a possibilidade de experimentar tudo. Eu poderia proibir? Sim, poderia. Mas não é meu perfil como mãe – deixei que ela experimentasse alguns, e fiz questão de mostrar que deveria escovar muito bem os dentes depois (até porque eu não tenho a ilusão de que ela nunca comerá esse tipo de coisa, então pelo menos que saiba o que fazer para manter os dentinhos limpos).

Aí tenho certeza de que muita gente vai pensar: “está vendo? Ela comeu e não aconteceu nada! Então por que você acha tão ruim?”. Simplesmente porque vai contra a alimentação saudável que tento oferecer, a todo o custo, à Catarina; e também porque tive que ter um baita jogo de cintura para colocar limite (porque sei que, se ela comesse tudo aquilo que veio, seriam grandes as chances de ter uma bela dor de barriga. Como, aliás,  vi acontecer com inúmeras crianças que vomitam no dia seguinte à festinha).

E, já que alguém vai gastar para dar lembrancinha para os convidados, não seria muito mais bacana dar um joguinho da memória? Uma revista para colorir? Um cofrinho (há modelos de papelão bem baratinhos, e simplesmente lindos!)? Ou simplesmente não dar nada (eu sei que sou um pouco radical nesse ponto, mas me pergunto até que ponto precisamos mesmo dar lembrancinhas em uma festa infantil)? Não é aproveitar de forma muito melhor os recursos para incentivar algo positivo – uma habilidade, uma brincadeira, o desenvolvimento de um raciocínio?

Pode ser que eu esteja sendo apenas chata. Mas acho que vale pensar sobre o assunto.