No post de hoje, nossa querida hebiatra Dra. Bianca Lundberg fala sobre obesidade na infância e adolescência. Será que seu filho merece uma atenção especial nesse aspecto? Como você pode ajudá-lo?
Quais hábitos favorecem o desenvolvimento de uma estrutura corporal saudável? É ler para se informar!
Entendendo a obesidade na infância
Criança com donuts. Fonte: Freepik
Cada adolescente que atendo descobre na consulta seu peso, altura (para calcular o índice de massa corpórea – IMC) e sua pressão arterial.
Para comparar sequencialmente, de acordo com idade e sexo, o hebiatra também coloca essas medidas em gráficos, da mesma maneira que o pediatra faz com o bebê ou a criança. E são muitos os jovens que apresentam sobrepeso ou obesidade como resultado.
Hoje em dia sabemos que o excesso de peso não está necessariamente ligado à ausência de saúde, principalmente em adultos (muitos possuem sobrepeso e se alimentam bem, com melhor condicionamento físico do que muitos “magrinhos” por aí).
Também sabemos que usar apenas o peso e a altura para fornecer o diagnóstico de obesidade não é o ideal, já que a composição corporal e a distribuição de gordura no corpo fornecem informações super valiosas.
Obesidade infantil. Fonte: Freepik
No entanto, escolhi comentar esse assunto para um alerta: cada vez mais as crianças e os jovens estão sendo afetados por doenças às custas do excesso de peso, algumas décadas atrás limitadas aos adultos:
- dislipidemias,
- hipertensão arterial sistêmica,
- diabetes melitus, entre outros,
- baixa autoestima,
- ansiedade,
- depressão.
Obesidade x outros fatores
Como um dos motivos desta piora, começo pelo sedentarismo. Assim, ele afeta até as faixas etárias mais precoces atualmente, seja pela comodidade, pela falta de tempo e de espaço físico, e até pela violência no contexto urbano.
E não escrevo isso apenas em relação à prática de esportes, mas à prática de atividade física em geral: andar, brincar, dançar, passear com o cachorro, etc.
Menino obeso. Fonte: Freepik
Outro fator importantíssimo para o desbalanço entre energia ingerida e energia gasta é a alimentação inadequada (tanto em quantidade quanto em qualidade).
Assim, acho que todo mundo já percebeu que comer de maneira saudável pode ser um desafio financeiro, e isso é um grande problema para boa parte de nossa população (se me permitem dizer, problema de saúde pública, mesmo).
Mas, vamos supor: quando podemos comprar saudavelmente, será que o fazemos? Como convencer uma criança ou um adolescente a ter uma refeição balanceada, se nós por vezes não temos?
Mas como dar o exemplo se compramos o salgadinho e deixamos no armário à disposição (nossa e da família), ou damos o dinheiro para o lanche sem pelo menos tentar orientá-lo?
Há uma repetição do hábito da casa, sem dúvida. Ou seja, repetem o que são acostumados a comer, ou seguem o exemplo dos mais próximos.
Obesidade na adolescência
No caso da adolescência, temos mais agravantes: o imediatismo e a impulsividade, traduzidos pela escolha por comer o mais rápido, o mais fácil, sem perder tempo, associando quase sempre com outras atividades, por exemplo: comer vendo TV, no computador, videogame, etc.
Mas também existe certa onipotência, mesmo sabendo de alguns hábitos errados, não há a percepção de que aquilo irá afetá-lo. Ou seja, é a “imunidade” típica adquirida na juventude.
Por outro lado, crianças maiores e jovens um pouco mais sensíveis (ou conscientes, se preferirem) podem usar a comida como uma “válvula de escape”. Reforço esse ponto, pois a partir de certa idade pode existir a percepção das dificuldades e diferenças da vida, e a comida vira o conforto. Isso não é exclusividade do pensamento adulto.
O que fazer com a obesidade na infância e na adolescência?
Bom, antes de qualquer diagnóstico, coloco aqui alguns lembretes compartilhados na prática pediátrica / hebiátrica, do que podemos fazer, para a família toda:
- Tentar realizar atividades físicas diariamente. A partir de dois anos de idade, 60 minutos por dia ou mais, que podem ser fracionados. Para os jovens, associar exercícios de resistência moderados (10 a 15 repetições).
- Limitar o chamado tempo de “tela” (de TV, computador, tablet, celular…) para no máximo duas horas diárias.
- Ter o hábito de tomar café da manhã todos os dias (aliado contra a obesidade).
- Deixar a criança desde pequena participar da escolha e preparação da comida – com segurança, ok?!
- Limitar – não restringir totalmente – as guloseimas e orientar seu consumo na escola, festas, shopping, etc.
- Ao receber a notícia de sobrepeso ou obesidade, o médico poderá pedir exames para descartar as doenças associadas. Então, leve a sério.
- Se sentir dificuldades, peça ajuda. Para a criança ou adolescente e também para a família.
Veja nossa calculadora que estima o risco de obesidade infantil