Engraçado que, depois que a gente vira mãe, paga a língua para uma série de coisas (como eu já comentei nesse post aqui, é muito fácil julgar a mãe alheia quando você não tem filhos e acha que a maternidade é toda cor-de-rosa, com bolinhas brancas!). Depois que Catarina nasceu, eu me peguei tendo atitudes que havia condenado em outras famílias, como liberar a batata frita para ter um almoço pacífico em um restaurante, o iPad para conseguir terminar um trabalho que estava com prazo apertado, e até soltado uns berros depois da quinta crise de birra do dia. Quando sentimos na pele que educar uma criança é das coisas mais difíceis desse mundo, nossa compreensão sobre o que passam as outras mães aumenta, e de alguma forma, nos solidarizamos com elas.

guerra

Se por um lado essa solidariedade surge em decorrência da maternidade, vejo acontecendo por aí um desrespeito muito grande com as escolhas feitas por outras mães em relação a seus filhos. É como se estivesse acontecendo uma “guerra fria”, e é sobre isso que eu gostaria de comentar hoje. Aliás, já estou para escrever esse post há muito tempo, mas cadê a coragem para colocar a mão no vespeiro? Sou aquele tipo de pessoa que detesta briga, por isso costumo passar longe das discussões que considero inúteis. Mas em relação a essa, achei que precisava me manifestar (adorei um post escrito pela Sam Shiraishi para o Disney Babble que fala sobre o assunto, foi a pílula de inspiração de que eu estava precisando!).

Felizmente, nesses dois anos do blog, presenciei poucos desentendimentos entre as leitoras do Mil Dicas de Mãe. Talvez porque as pessoas que seguem o blog concordem com o tom que eu sempre tentei imprimir aqui, de que, acima de tudo, é necessário respeitar as vivências de cada mãe (aliás, no post que fiz recentemente contando minha história pessoal de amamentação, só recebi carinho, mesmo das leitoras que pensavam de forma diferente ou que gostariam de expor outro ponto de vista). Mães são assim: uma teve parto normal, outra uma cesárea; uma conseguiu amamentar exclusivamente até os seis meses, outra precisou dar complemento ao filho, e uma terceira decidiu dar o peito até que seu filho tivesse quatro anos; uma só usa fralda biodegradável, a outra procura a fralda descartável comum de menor preço para comprar; uma acha que a pedagogia Waldorf é a melhor para sua família, outra prefere que os filhos estudem em um colégio tradicional. Claro que eu também tive que fazer minhas escolhas, tenho minhas preferências e não apoio tudo o que vejo por aí. Mas daí a ignorar que famílias diferentes têm necessidades diferentes, seria muita presunção da minha parte.

Com esse post, eu gostaria apenas de chamar a atenção para um fato: de que a grande maioria das mães faz o que acredita ser o melhor para seus filhos. É muito difícil julgar sem conhecer o contexto em que ela vive: suas crenças pessoais e familiares, o tipo de vínculo que estabeleceu com os próprios pais e até mesmo o orçamento de que dispõe para o consumo de sua casa. Tenho a impressão de que, quanto mais tentarmos nos colocar no lugar da outra, mais naturalmente compreenderemos suas decisões.

Também acho que, quando temos uma opinião formada sobre um assunto e percebemos que ela pode esclarecer uma outra mãe que está precisando de ajuda, temos mais é que nos manifestar! E se fizermos isso respeitosamente, maiores são as chances de que a informação que se está tentando passar seja utilizada, pois a outra se sentirá acolhida.

Somos todas mães. Somos todas responsáveis por um futuro melhor para nossos filhos (e por isso, também para o mundo em que vivemos). Se estivermos unidas, ao invés de separadas, poderemos fazer muito mais. E fim.