Fim de ano se aproxima e as mães que trabalham fora já começam a entrar em pânico com a proximidade das férias escolares. O que fazer com os filhos? Com quem deixá-los? Como dar conta? Será que as escolinhas deveriam mesmo entrar em recesso? Refletir essas questões e falar sobre esse cenário sombrio que tanto angustia as mães que se dividem entre a maternidade e a vida profissional é essencial. Porque, seja qual for a situação individual de cada mãe, a verdade é que todas nós vivemos o dilema da maternidade x carreira e devemos estar unidas para defender o debate dos assuntos que nos envolvem.
Imagem: 123RF
Antes de qualquer coisa, precisamos ter em mente que nós, mães, operamos (e sobrevivemos) em uma sociedade que não enxerga/reconhece nossa realidade e, muito menos, a facilita. Que bom seria se todo o sistema funcionasse de tal modo que, durante as férias escolares, os responsáveis por crianças na fase da Educação Infantil pudessem dispor de um tempo para poder ficar em casa com a sua criança. Essa pausa seria saudável e fundamental para o fortalecimento dos vínculos, a observação e a conexão que só acontece quando não há pressa e correria. Além disso, traria efeitos significativos em áreas diversas, como a produtividade no trabalho e até impactos na saúde das crianças.
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Infelizmente não é assim. Muitas famílias, então, se veem angustiadas, tendo de recorrer a familiares, amigos, vizinhos, espaços de recreação etc. Não é fácil, requer esforço, às vezes vira motivo de desentendimento, provoca culpa, mexe muito com a rotina… É tanto empecilho que, às vezes, caímos na armadilha de pensar que as férias da criança atrapalha. Não! Não se entregue a esses pensamentos que só contribuem para que essa situação não mude nunca. Acima de tudo: não fale sobre essas dificuldades na frente da criança. Não a faça se sentir mal por algo que sequer compreende.
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Criança precisa de tempo com a família, precisa de ócio, precisa de uma rotina sem compromissos agendados em horários rígidos. Pais precisam de rede de apoio, suporte, políticas públicas e iniciativas privadas para possibilitar o exercício pleno de sua maternidade/paternidade. Enquanto o mundo ideal não acontece, a saída é apostarmos nos pequenos gestos, em ações pontuais, em uma mudança de perspectiva e na iniciativa de querer buscar a conscientização coletiva sobre as necessidades da infância e as responsabilidades dos adultos.
Se você tem de seguir trabalhando quando sua criança sai de férias, fale sobre suas necessidades e aflições, peça ajuda, defenda o direito de não fazer expedientes esticados, busque apoio de pessoas que passam pelo mesmo, converse no trabalho sobre esse cenário especialmente injusto e opressor para mulher. Compartilhe esse texto com a chefia, que tal? ⠀⠀⠀⠀⠀
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Se você tem a possibilidade de permanecer em casa com a sua criança e dedicar tempo a ela, viva esses dias sem se cobrar tanto quanto às demais tarefas (intermináveis, em casa e com a rotina habitual), divida as responsabilidades, invista em brincadeiras simples e longe das telas, peça ajuda, estimule a autonomia da criança, não pense que tem de inventar programas e atividades o tempo todo, dê espaço para ela criar. Aproveite também para estreitar as relações com outras famílias e aposte no resgate do senso de comunidade.
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É preciso se unir, debater, mobilizar-se para fazer acontecer. Quer uma ideia? Identifique as famílias da escola que passam pelos mesmos dilemas e proponha um valor promocional por um pacote em uma brinquedoteca. Enfim, acredite que é possível! ⠀
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E, por fim, pais, um recado importante. Não pensem que só as mães têm de se virar para dar conta da rotina remexida pelas férias escolares. Vocês também precisam negociar mais tempo livre (quem sabe uns dias de folga), devem assumir mais tarefas domésticas nesse período em que as mães ficam sobrecarregadas (trabalhando fora ou não) e podem pensar em soluções para que todos da família estejam felizes e equilibrados. ⠀⠀⠀