Se por algum tempo, mesmo que breve, você teve uma vida profissional antes de ter filhos, provavelmente o dilema entre se dedicar à maternidade ou à carreira aparecerá em sua vida. Para muitas mães, aliás, esse é um dos primeiros pensamentos quando se engravida. E então surgem as dúvidas: “como será depois que meu filho nascer? Será que minha empresa vai me manter no cargo? Será que nunca mais conseguirei uma promoção?”. Pois é, isso não aconteceu apenas com você – a situação é tão comum, que eu diria que aperta o coração de 9 entre 10 mães que eu conheço.

carreira e maternidade

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E quando chega a hora do fim da licença-maternidade? Você, que nunca havia pensado em deixar seu emprego, se pega imaginando uma realidade paralela, na qual vira mãe em tempo integral – afinal, quem mais no mundo cuidaria do seu filho como você cuida? E se o pequeno dá trabalho para dormir, ou tem muita cólica, o sentimento de culpa por deixá-lo é ainda maior – a ponto de algumas mulheres realmente se decidirem por ficar um tempo (alguns meses, anos ou décadas) se dedicando à casa e aos filhos (e só quem já tomou essa decisão sabe o quanto ela é difícil, honrada, e muitas vezes pouco valorizada).

Mas e se você volta ao trabalho? Aí surgem conflitos a serem enfrentados todos os dias – geralmente em silêncio, porque se você admiti-los, é como se estivesse dizendo que não é boa mãe, ou boa profissional. Quer ver? Então me diga se você não se identifica!

– Por mais difícil que seja deixar seu filho, algumas vezes você se pega desejando estar no trabalho, ao invés de trocando fraldas. E quer saber? Isso não te faz uma mãe pior – mostra apenas que você é humana, que gosta do que faz e que não acha a melhor coisa do mundo a rotina insana dos primeiros meses do bebê (em que você está tão cansada, tão isolada, que pode deixar rolar uma “lagriminha” no canto do olho enquanto passa o creme anti-assaduras). Se a culpa por esse sentimento te aflige, jogue-a fora: querer respirar um pouco não significa, de forma alguma, que você não ame seu filho.

– Há dias em que você não sabe como equilibrar maternidade e carreira, então simplesmente faz o melhor que pode (mesmo que o melhor seja fugir uma hora antes do final do expediente, ou deixar seu filho ver um pouco de televisão para que você consiga entregar as tarefas do dia). Sabe aquele dia em que seu filho ficou doente e você teve que largar tudo no trabalho para levá-lo ao médico? Ou nas férias escolares, quando você não tem com quem deixar o filhote, mas precisa dar conta das solicitações que continuam chegando normalmente? Estamos falando exatamente desses dias (respire fundo, pense positivo, e admita que não dá para fazer tudo 100%! Amanhã, ou assim que possível, você coloca tudo nos eixos novamente!).

– É sempre mais fácil quando se tem ajuda. Você pode achar que tem o esquema mais bem montado do mundo e que não depende de mais ninguém para que ele dê certo: horário de trabalho flexível, perua que leva e traz seu filho da escola, uma ajudante que arruma sua casa e deixa o jantar pronto. Mas a verdade é que sempre existe um dia em que tudo dá errado, e se você não tiver com quem contar, vai ter que se virar em mil para não deixar a peteca cair. Talvez isso aconteça quando seu filho ficar doente e não puder ir à escola – exatamente no dia em que a apresentação no trabalho ficou sob sua responsabilidade. Ou quando você ficar parada no maior engarrafamento do ano, e não conseguir chegar em casa antes do transporte escolar. Nesses momentos, ter a mãe, a sogra, uma vizinha ou amiga com quem contar é um verdadeiro bálsamo (então cultive esses relacionamentos, ao invés de reclamar sempre que alguém se oferecer para ajudar).

– Tem gente que não entende sua realização profissional. São essas pessoas que te dirão que você é uma egoísta por não deixar seu trabalho para cuidar do seu filho, que não é possível ser uma boa mãe se você não coloca seu filho em primeiro lugar 24 horas por dia, 7 dias por semana. O que elas não entendem é que ter uma atividade fora de casa não tem nada a ver com priorizar seu filho – ele continua sendo a coisa mais importante da sua vida, mesmo que você tenha outras atividades.

– Sentir culpa por não ser a mãe perfeita faz parte do pacote. Há momentos em que você vai se cobrar por não estar mais presente, por ter chegado em casa cansada e sem paciência, por ter se irritado quando seu filho acordou três vezes durante a madrugada (o pior é quando olha para o relógio e pensa: “esse bendito despertador vai tocar em menos de uma hora e eu não consigo dormir!). Você vai se perguntar se é a mãe que seu filho merece, se não seria melhor deixar tudo para trás e passar a ser mãe em tempo integral. E sabe qual é a resposta certa? Aquela que estiver em seu coração! Porque trabalhar fora, ajudar na renda familiar, dar exemplo aos seus filhos do que é ser uma mulher batalhadora é algo muito positivo (e, acredite, é seu próprio filho quem lhe dirá isso em poucos anos!). Mas se lá no fundo você sentir que é hora de restruturar a vida e partir para um novo modelo, que equilibre a qualidade e a quantidade de convívio de que seu filho tanto precisa, não tenha medo – o importante é fazer aquilo que você considera o melhor para sua família.