Aqui no blog eu já comentei diversas vezes que só consegui manter a amamentação exclusiva durante o primeiro mês de Catarina. Como a pequena não ganhava peso e chorava bastante, a pediatra da filhota recomendou que eu complementasse as mamadas com fórmula (o que mexeu muito comigo! A sensação de culpa por não conseguir suprir todas as necessidades nutricionais da minha filha era enorme, e se você sente o mesmo recomendo que leia esse post aqui).
Durante o período da introdução do leite artificial (LA), eu pesquisei muito sobre meios de tentar voltar a amamentar apenas no peito, e me lembro que foi difícil encontrar todas as informações de que precisava em um só lugar. Por isso resolvi fazer esse post, que, espero, ajude muitas mamães nessa mesma situação. No meu caso, não consegui retornar à amamentação exclusiva, mas tive leite materno para amamentar Catarina até o nono mês de vida (o que eu já considero uma grande vitória). Mas conheço mães que, seguindo essas recomendações (todas ou parte delas), conseguiram deixar totalmente a fórmula (ou seja: é possível para algumas, sim!).
Veja a seguir o que pode ser feito para estimular a produção de leite materno enquanto o pequeno consome as doses diárias de LA recomendadas pelo médico (porque, claro, não é para deixar de oferecer ao filhote o que é prescrito pelo pediatra!). Assim, quem sabe você não consegue, com o tempo, readaptá-lo apenas no peito?
Imagem: 123RF
Estimule a produção de leite
Para isso, pode ser muito útil o uso da técnica de relactação, que funciona assim: a mãe usa uma cânula, enquanto dá a fórmula para o bebê. Uma das extremidades dessa cânula é acoplada a um recipiente com o LA (como uma seringa, ou um copo) e a outra é presa à região da auréola da mãe. Daí o pequeno deve ser colocado para mamar no peito e, enquanto suga a mama da mamãe, recebe o leite da cânula. Pelo ato da sucção, o filhote trabalha com o estímulo da produção de prolactina, que é justamente o hormônio que induz à produção do leite. Com isso, a mãe é induzida a ter uma maior produção de leite materno (existem casos em que o peito pode ter secado completamente, e mesmo assim voltar a produzir). Nesse post você vê na prática como esse processo funciona.
Tomar bastante líquido e contar com uma rede de apoio para dividir as tarefas de casa/com o bebê, conseguindo algumas (merecidas) horas de descanso, são outros itens que ajudam a mulher a produzir mais leite. Essas e mais algumas dicas eu conto nesse vídeo (todas recomendadas para aumentar a produção de leite materno).
Cuidado com os bicos oferecidos ao bebê
Para o bebê, mamar na mamadeira é muito mais fácil do que no peito. Isso porque seu bico é estreito e comprido (quase chega à garganta do pequeno), de modo que o filhote precisa fazer muito menos esforço para se alimentar (o líquido sai mesmo que a criança abocanhe só a pontinha). Portanto, se você passar a oferecer a mamadeira convencional com frequência, dificilmente o bebê voltará a pegar o peito, porque sabe que tem um outro caminho mais fácil.
Uma alternativa bastante recomendada pelos pediatras é oferecer o LA no copinho (é assim, inclusive, que as mães de prematuros são ensinadas a fazer nas maternidades, enquanto não conseguem ofertar apenas leite materno ao filho). Mas, se sua opção for por oferecer a fórmula em mamadeira, procure pelas de fluxo lento, cujo bico é anatômico e imita o seio materno (de modo que o pequeno precisa abocanhá-lo por completo, exercer pressão e fazer o movimento de sucção para o leite sair – justamente como acontece no peito).
Também procure não dar chupetas ao seu filho. Se você já estiver utilizando-as para acalmar o pequeno, prefira substituí-las nesses momentos pelo peito. Deixe a criança apenas sugando, mesmo que nada saia (como dito lá em cima, a sucção é uma das principais maneiras de estimular a produção de leite materno). Coincidentemente, Catarina nunca quis saber de chupetas, e isso provavelmente contribuiu para que ela continuasse no peito apesar do uso da fórmula.
Alterne o peito com a fórmula
A transição da fórmula para o peito não acontece de uma hora pra outra, é um processo gradativo. Mas, mesmo enquanto a mudança não acontece totalmente, é interessante dar o peito em livre demanda.
Uma dica MUITO bacana que recebi da pediatra de Catarina era sempre colocar a criança no peito, e só depois dar o leite artificial. Isso porque é a fórmula quem deve funcionar como complemento, e não o contrário! Com isso, você mantém o hábito do bebê pegar o peito (porque no início da mamada ele está com mais fome, e mais disposto a fazer mais força ao sugar) e só acaba ofertando a quantidade de LA que seu corpo não supriu. Dessa forma, inclusive, muitas mamadas do dia aconteciam, aqui em casa, apenas com leite materno.
Acompanhe a curva de peso da criança, sempre com o pediatra
Em casa, para saber se o bebê está mamando o suficiente, vale a velha regra: observar se ele faz bastante xixi e cocô (como já comentei nesse post aqui). Paralelamente a isso, é importante que você acompanhe seu ganho de peso, e para isso consultas frequentes ao pediatra são essenciais. O acompanhamento profissional durante o processo também é útil para observar se está tudo em ordem, ou se algo precisa ser alterado. E não se esqueça: mesmo que não haja dúvidas de que o leite materno é o melhor alimento para o bebê, dependendo do caso, o uso de fórmulas pode ser indicado. O importante, sempre, é garantir que a criança crescendo com saúde.
Curta os outros momentos com o bebê
Eu sei porque já passei por isso: uma mãe que está comprometida em manter a amamentação no peito pelo máximo de tempo possível, e até mesmo a tentar um retorno para mamadas com 100% de leite materno, pensa no assunto quase todo o período de tempo em que está acordada (e ouso dizer que sonhe com isso também!). Mas tente não manter o foco somente nesse assunto, e aproveite os momentos juntinho do filhote. Ofereça colo, cante, converse e estimule de outras formas também o vínculo entre vocês. Isso acalma e faz lembrar todo o conjunto da maternidade, além das dificuldades. Sem contar que a redução do estresse e a confiança são mais um prato cheio para estimular a produção de leite. Não custa tentar, certo?