Durante o primeiro ano de Catarina, era evidente que algumas semanas eram bem mais difíceis do que outras. Do nada, a pequena começava a acordar com maior frequência, ficava muito irritada e quase me deixava louca!
Em um desses períodos, ao procurar informações na internet, eu me deparei pela primeira vez com os conceitos de picos de crescimento e saltos no desenvolvimento, que são o tema do post de hoje da nossa querida consultora de sono Michele Melão.
Aproveitem, porque o conteúdo é super interessante!
O sono dos bebês
Bebezinho dormindo. Foto: Freepik
Existem muitos fatores que podem atrapalhar o sono dos bebês. Cólicas, nascimento dos dentes, gases, a angústia de separação, além dos saltos no desenvolvimento e picos de crescimento. Mas o que são esses dois últimos fatores e como eles interferem no sono dos bebês?
O primeiro ano de vida é marcado por muitas mudanças e grandes aprendizados para os bebês. A cada habilidade adquirida, eles querem treinar o que aprenderam, e isso acontece inclusive no período em que deveriam estar dormindo.
Os bebês não aprendem as coisas sistematicamente, dia-a-dia. Eles possuem períodos de muito aprendizado e períodos de desaceleração.
Saltos no desenvolvimento
bebê dormindo. Foto: freepik
Os saltos no desenvolvimento acontecem quando alguma habilidade específica é conquistada (por exemplo: sentar, mudanças na visão, olfato, na linguagem ou desenvolvimento motor).
Ou seja, muitos bebês que dormiam como anjos passam a acordar de hora em hora, ao passar por essas fases.
Apesar de estarem cansados, a cada ciclo de sono eles despertam, com a intenção de colocar em prática o novo feito.
Nesse despertar, é comum que precisem dos pais para voltar a dormir. Além disso, alguns bebês não sabem como lidar com esse novo aprendizado – ficam nervosos, ansiosos (algumas crianças ficam muito choronas, especialmente aos 9 meses).
Picos de crescimento
bebê dormindo no berço. Foto: freepik
Além do padrão de sono mudar, nos picos de crescimento o apetite do bebê também se altera. Ou seja, bebês que logo ficavam satisfeitos parecem insaciáveis.
Aqueles que dificilmente acordavam à noite passam a chorar até serem alimentados (visivelmente com fome!). Isso, portanto, acontece porque eles precisam de uma quantidade maior de alimento para crescer, em um ritmo mais acelerado do que o “normal”.
Todos os bebês passam por estas fases, porém nem todos apresentam diferenças de comportamento. A maioria das famílias percebe uma grande diferença aos 4, 6 e 9 meses (períodos em que é bastante comum as duas fases coincidirem – pico e salto).
bebê dormindo de chupeta. Foto: freepik
E aí surgem as dúvidas: “Será que estamos preparadas? Quanto tempo duram?” Para as mães sortudas, somente alguns dias (3 ou 4); porém isso pode durar até semanas!
Tudo o que os pais podem fazer durante esses períodos é respeitar o momento do bebê e ter (ainda mais) paciência, bem como aumentar o oferecimento de leite.
Dessa maneira, algumas mães passam a acreditar que seu leite não é suficiente para suprir as necessidades dos seus filhos, partindo para alternativas como complementos ou introdução precoce de alimentos sólidos.
Na verdade, seu bebê passaria por essa mudança de qualquer maneira e a produção do leite materno aumentará para atender sua fome.
O que acontece no 1º ano de vida dos bebês
bebê dormindo sorridente. Foto: freepik
O que acontece, afinal, nesse primeiro ano tão cheio de novidades? Veja só:
No primeiro mês de vida:
O salto no desenvolvimento fica por conta de mudanças na visão.
Aos 2 meses:
Os bebês controlam os membros (começam a brincar com os pés e as mãos).
Com 3 meses:
Os bebês começam a se virar e respondem aos sons. Assim, o mundo começa a tomar “forma” e os bebês podem precisar mais dos pais para se sentirem seguros.
Aos 4 meses:
Podem ser bastante desafiadores. O bebê passa a colocar tudo na boca, troca um brinquedo de uma mão para outra, reconhece o próprio nome e começa a aprender como chamar a atenção dos pais. Esta é uma excelente fase para desenvolver bons hábitos de sono. No entanto, a partir deste período as associações de sono são fixadas e é necessária uma atenção especial nesta fase.
Aos 6 meses:
O bebê consegue sentar sem apoio e percebe quando a mãe se afasta. Desse modo, este salto no desenvolvimento acompanha a primeira angústia de separação, na qual os bebês podem ficar desesperados se a mãe sai de perto.
Além dos bebês adquirirem essa percepção, é uma fase em que muitas mães voltam ao trabalho. Como a fase crítica do desenvolvimento emocional dos bebês ocorre nos primeiros 18 meses, se a mãe tiver que se ausentar, é importante conversar com o bebê, dar bastante carinho para que ele supere este momento de “crise”.
Aos 7 meses:
O bebê descobre que se ele se “jogar” ou engatinhar, conseguirá alcançar os objetos. Portanto, um momento de preocupação e muita observação para não deixar que eles se machuquem;
Aos 8 meses:
Os pequenos têm crises de mau humor. Mas aqui existe uma observação importante: muitos bebês passam nesta fase pela transição de três sonecas por dia para duas. Sendo assim, a rotina da casa precisa ser alterada, o que os deixa ainda mais confusos.
Uma dica é observar a última soneca do dia: se o bebê começar a ficar irritado, lutar para não dormir, respeite o momento.
Posteriormente, tente colocá-lo para dormir um pouco mais cedo à noite e faça uma adaptação nos horários das sonecas diurnas. Esse período também é muito desafiador porque o salto no desenvolvimento pode acontecer junto com outra crise de ansiedade da separação.
Com um ano
O principal salto no desenvolvimento dos bebês é o andar. Assim, além desta importante mudança, os bebês aprendem a apontar e pedir as coisas, falar “mamá” ou “papá”. Então, é uma boa hora para ensinar que existem limites. O não já pode ser compreendido.
Concluindo
Os saltos no desenvolvimento e picos de crescimento são eventos diferentes que podem ou não acontecer na mesma época. O primeiro é ligado ao desenvolvimento do bebê em si, enquanto o segundo se refere à alimentação.
As duas coisas, no entanto, podem alterar os padrões de sono do bebê e é sempre importante respeitar e entender o que está acontecendo com seu filho. Dessa maneira, irá criar ou retornar aos bons hábitos de sono, tão necessários à saúde da criança.