Já pensou como nossos filhos são pequenas esponjinhas, que absorvem tudo o que ouvem, veem e sentem pelo caminho? Minha mãe sempre me disse isso, desde que Catarina nasceu. E desde então coloco máxima atenção ao que ofereço à Cacá como meio absorvente. Afinal, principalmente durante os primeiros anos, o mundo que nossas crianças conhecem é, em grande parte, aquele ofertado por nós.

É exatamente sobre isso o texto de hoje, uma reflexão da querida Flávia Girardi do @blogmaesemfiltro. Ela relata momentos em que percebeu como sua filha internalizou suas palavras e exemplos, mesmo sem demonstrar que isso acontecia num primeiro momento. Adorei o post, e parei novamente para pensar se o que Catarina tem visto na televisão, nos livros e nos contatos humanos que proporciono está de acordo com os valores em que acredito!

Por Flávia Girardi

Num sábado lindo de sol, a Alice começou a chorar porque “um brinquedo não obedeceu uma ordem dela”. Eu fui até ela e disse: “Filha eu entendo que você esteja desapontada porque ele não te obedeceu (afinal, é um brinquedo!), mas você está perdendo tempo desse dia lindo aí chorando”.

Passaram-se alguns dias e eu estava irritadíssima com as bagunças espalhadas pela casa e ela me disse: “Mãe, para de ficar brava, você está desperdiçando esse dia lindo”.

Imagem: 123RF

E eu sorri. Com um pouco de vergonha – confesso – porque eu mesma não estava implementando no meu dia a dia uma coisa que eu sempre falo para ela (e várias vezes faço isso, com fé de que um dia serei melhor!) ! E também porque ela, que aparentemente nem tinha me ouvido naquele outro dia, entendeu meu recado e o interiorizou.

Depois fiquei pensando que tudo que nossos pequenos veem, ouvem, presenciam, principalmente nessa fase que Maria Montessori chamou de mente absorvente inconsciente (0 a 3 anos) e mente absorvente consciente (3 a 6 anos), é muito impactante na visão que eles terão do mundo.

Na fase inconsciente a criança absorve, mesmo sem saber ou controlar, todas as informações que fazem parte do ambiente a seu redor. Já na posterior, a criança não só absorve, como também age em resposta aos estímulos absorvidos.

E, de verdade, acho isso tudo muito sério e sempre fico pensando na nossa responsabilidade na formação desses “serzinhos” que serão o futuro do mundo em que vivemos.

Como queremos que seja o mundo dessas pessoinhas que são tudo para a gente? E o que estamos fazendo para tornar esse mundo um mundo melhor?

Tenho deixado de lado as “tão imprescindíveis horas respondendo mensagens de WhatsApp ou redes sociais”? Tenho parado para ouvir? Para fazer junto e mostrar que me importo? Tenho ensinado que as coisas são de todos, que as diferenças são importantes para a gente aprender? Que frustrações são normais e não determinam quem a gente vai ser? Que é importante economizar água, reciclar, respeitar, se importar?

Recentemente duas profissionais foram afastadas da escola da minha filha porque elas falavam para as crianças que deviam “revidar” condutas erradas (algo do tipo: se um amiguinho bateu no outro, os outros deviam bater nele). Ou então usavam abordagens: se você fizer algo errado, vai ficar de castigo sozinho na última sala.

E o mais complicado disso tudo é que as crianças estavam achando essas abordagens completamente naturais, e não como algo errado. É obvio que devemos aprender a nos defender, mas não “pagando na mesma moeda”, ou ameaçando.

Também andei recebendo mensagens de grupos de WhatsApp de livros infantis com conteúdo distorcido, como incentivando suicídio, por exemplo. Uma amiga disse que a escola dos filhos dela sugeriu uma leitura, ela leu com as crianças e achou que continha algumas palavras inapropriadas, com um personagem dizendo que ia “matar” o outro durante uma discussão. E comunicou a coordenação da escola, que prontamente o removeu do conteúdo da lista de leitura.

Falo tudo isso não para dizer que a educação nas escolas está errada, nem que os livros infantis estão ruins, até porque estaria sendo injusta. A escola da minha filha, por exemplo é ótima. Com profissionais excelentes. E é obvio que a leitura deve ser incentivada e tem muito conteúdo excelente por aí.

Mas cabe a nós, como mães, observarmos, nos atentarmos e acompanharmos de perto a rotina na escola, a rotina em casa e trabalharmos em conjunto. Em conjunto com a coordenação pedagógica, com os professores, com as outras mães, com a nossa família, com os nossos filhos.

Observar sempre. Ver de perto. Participar. E tentar começar em nós (e isso é o mais difícil) a mudança que a gente deseja para o mundo.

Afinal, eles são esponjinhas. Que vão absorver as lições que nós, os adultos, temos a passar sobre o mundo. E como queremos que seja esse mundo?