Quem me acompanha aqui no Mil Dicas de Mãe sabe que não sou dada a exageros, nem a sensacionalismos. Muitas vezes vejo histórias ligadas a crianças sendo publicadas com a intenção de gerar pânico, sem nenhum embasamento, e logo descarto a ideia de passá-las adiante. Mas, infelizmente, alguns fatos recentes envolvendo o YouTube têm chamado minha atenção, pois foram destacados por fontes seguras e confiáveis, como o portal Bebe.com.br, da Editora Abril, e a Revista Crescer, da Editora Globo. Ou seja, é minha obrigação informar a vocês, mães e pais que acompanham o blog, sobre os perigos que podem invadir nossas casas e chegar aos nossos filhos.

Há algumas semanas um dos maiores YouTubers do Brasil, Felipe Neto, levantou a polêmica de que o YouTube estaria sendo usado por pedófilos, em busca de vídeos com crianças. Parece algo muito doentio para ser verdade, mas de fato está acontecendo: adultos doentes têm acompanhado vídeos infantis, com cenas em que as crianças estão parcialmente vestidas (como naqueles filmados inocentemente na piscina de casa) – veja reportagem do jornal O Globo sobre o assunto aqui. Tanto é assim que canais com pouquíssimos inscritos e com uma média de visualizações de 100, no máximo 200, chegam a receber mais de 20.000 em vídeos que mostram a criança de maiô, biquini, ou sem a parte de cima da roupa, por exemplo.

Além disso, vê-se claramente que alguns dos comentários deixados no vídeo foram feitos por adultos com segundas intenções (elogiando a criança de uma maneira nada bacana, ou marcando outros pedófilos, que poderiam estar “interessados” naquele conteúdo).

Mas agora um novo problema surgiu, e esse não afeta crianças que publicaram vídeos. Esse é um perigo para qualquer criança que assista ao YouTube sem o acompanhamento de um responsável. Ao que tudo indica, vídeos aparentemente inocentes, como o de uma menina fazendo slime ou mesmo da Peppa Pig, podem ter sido editados para conter uma inserção do personagem Momo, um monstro que ensina a criança a se mutilar.

Imagem: Reprodução YouTube

O personagem Momo surgiu há pouco tempo na América Latina, e circulou em grupos de Whatsapp. Aqui em casa mesmo, certo dia, uma amiga da Cacá chegou contando do monstro, e nos mostrou o personagem “do mal” (simplesmente horroroso!). Nessas inserções em vídeos do YouTube, Momo diria às crianças que elas devem fazer o que ele manda (como, por exemplo, se cortar com lâminas), ou do contrário ele aparecerá à noite para levá-las. Até mesmo Kim Kardashian fez um apelo recentemente para que o YouTube tome ações de segurança contra as inserções de Momo:

Reprodução Instagram Stories

O caso é muito, muito sério, e não podemos ficar com os olhos fechados. Não podemos mais permitir que nossos filhos assistam vídeos do YouTube ou de qualquer outra rede social sem supervisão, pelo simples fato de que não há controle do que é publicado. Os vídeos de Momo teriam sido vistos, segundo relatos (inclusive de uma professora brasileira, que contou ter ouvido da filha de 8 anos, em meio a uma crise de choro, o que havia assistido), no YouTube Kids (essa parte da informação não é confirmada). Ou seja, mesmo na plataforma destinada a crianças, em que os vídeos mostrados têm uma restrição maior, não se pode garantir segurança em 100% dos casos.

O YouTube declarou hoje que fez uma varredura e não encontrou vídeos no YouTube Kids, como você vê nessa nota. Entretanto, os sinais mostram que não podemos bobear, concorda?

Aqui em casa Catarina só pode assistir a canais do YouTube que eu liberei (e que não passam de três). Porque também existe conteúdo incrível ali, como os vídeos do Manual do Mundo, do qual somos fãs. Mas além disso Cacá não tem minha permissão para ver. Fico de olho MESMO no que está passando na TV, pois YouTube aqui em casa é para ser visto ali – onde consigo supervisionar melhor – e não no tablet.

Enfim, deixo o alerta aqui de que precisamos estar MUITO atentos ao conteúdo que nossos filhos consomem, tanto no YouTube quanto na internet em geral. Precisamos ACOMPANHAR o máximo de tempo possível. E como sei que não conseguimos assegurar que em 100% do tempo eles estão vendo algo seguro, é preciso MANTER O DIÁLOGO, explicando que devemos ser avisados caso apareça qualquer mensagem ruim na tela.

P. S. – Esqueci de falar mas tive uma conversa super bacana com a Cacá sobre o assunto. Expliquei que o Momo na verdade não existe: é um personagem que está sendo usado por pessoas ruins para assustar as pessoas. Acredito que precisamos conversar com as crianças, com explicações compatíveis com o nível de entendimento de cada idade, para que elas percebam que infelizmente existem pessoas mal intencionadas, usando a tecnologia para assustar. Mas que podemos, sim, agir, conversando para que denúncias sejam feitas.