Quando o assunto é criação de filhos, cada mãe e pai escolhe qual postura adotará com a sua criança. Muitos optam por direcionar mais os passos do pequeno, outros preferem deixar que as crianças façam suas próprias escolhas… No entanto, é importante saber que o modo como você cria seus filhos impacta não somente no desenvolvimento deles, mas também pode afetar a sua própria saúde (física e mental), sabia?

Essa correlação entre a forma de educar os pequenos e o bem-estar dos pais foi tema de um artigo que eu achei bastante interessante, publicado na revista americana Parents. Assim, no texto de hoje, eu compartilho com vocês alguns dos principais pontos levantados, e que eu considero de grande interesse para quem já tem filhos ou está se planejando para ter o primeiro. Vem espiar e depois me conta sua opinião pessoal nos comentários!

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Criação pode desencadear problemas físicos nos pais a longo prazo

De acordo com a publicação, o que não faltam são estudos que detalham como o estilo de criação dos pais pode impactar na saúde de uma criança. Os pais superprotetores, por exemplo, podem, sem querer, predispor seus pequeninos à ansiedade. Crescer em um lar autoritário, por outro lado – onde os pais estabelecem limites, mas também demonstram carinho – é considerado um indicador de felicidade e maior controle emocional.

Mas e nos pais, quais são os efeitos dessa interação com os filhos? Segundo Kevin Shafer, Ph.D. e professor de sociologia da Brigham Young University, nos EUA, muitos pais podem até estar familiarizados com os efeitos psicológicos que surgem durante a criação dos pequenos, como depressão e ansiedade. O que eles não sabem, no entanto, são as conseqüências físicas a longo prazo, como problemas gastrointestinais e enxaquecas, que podem afetá-los.

Veja quais as formas mais comuns de contrai-los de acordo com o tipo de criação que você oferece ao seu filho.

Pais superprotetores

Os pais superprotetores sempre estão querendo salvar seus filhos. Amy Morin, psicoterapeuta e professora da Northeastern University, também nos EUA, cita um comportamento comum desse tipo de criação: se os filhos esquecem as chuteiras de futebol em casa ou não terminam a tarefa da escola, a mãe ou o pai fará isso por eles.

Esses tipos de pais, ainda de acordo com a especialista, também tendem a ficar com a “marcação mais em cima” dos seus pequenos mesmo em momentos de lazer, como em parques (não só ficando de olho neles, mas até os higienizando com frequência). Outras características deles, segundo Amy, é que são pais muito ansiosos e têm uma necessidade excessiva de controle. Eles geralmente são perfeccionistas e exercem uma pressão intensa sobre si mesmos e vêem seus filhos como um reflexo de seu próprio sucesso.

Infelizmente, toda essa pressão coloca a saúde dos pais em risco, podendo gerar depressão e esgotamento. A ansiedade descontrolada dos pais superprotetores também tem sido associada a uma série de problemas de saúde, incluindo distúrbios gastrointestinais (como náusea e diarreia), insônia, sistema imunológico fraco e até doença cardíaca.

A dica dos especialistas – caso você se veja como um pai superprotetor – é fazer um esforcinho e recuar na próxima vez em que se sentir prestes a correr em socorro do seu filho. Para isso, lembre-se da sua própria infância. Você sobreviveu a muita coisa, não é mesmo? Provavelmente você foi ao shopping sem um telefone celular ou caiu no parquinho sem ter ninguém para socorrer – e tudo ficou bem! Até mesmo incentivar que os pequenos cometam pequenos erros pode ser uma atitude útil nesse sentido (você perceberá que seu filho sobrevive, e você também!).

Pais autoritários  

Segundo os especialistas, os estilos de educar os filhos tendem a ser transmitidos de geração em geração, e isso é mais forte ainda com os pais autoritários. Esses pais costumam educar seus filhos com punições ou ameaças. “Eu avisei” é uma das frases mais comuns deles.

Só que, mais uma vez, a ansiedade pode estar em jogo. Às vezes, os pais autoritários são ansiosos e, em vez de permitir que seus filhos façam suas próprias escolhas, eles pensam: “se eu puder controlar meus filhos, não preciso me preocupar com minha ansiedade.” O problema é que, a curto prazo, gritar com o filho para que ele faça a lição de casa pode até funcionar (pois alivia a ansiedade do dever não ser feito a tempo). Porém, as crianças podem se revoltar com o tempo, aumentando ainda mais a ansiedade dos pais.

Cuidar dos pequenos sendo autoritário e na base da gritaria também pode ser uma receita perfeita para gerar outro problema: a raiva. Fora de controle, a raiva faz com que nossos corações batam mais rapidamente, os músculos se contraiam e o sangue seja desviado do nosso estômago, prejudicando a saúde.

A dica aqui então, se você perceber que é um pai autoritário, é melhorar a autoconsciência: se você está ciente de quando e como sua raiva é desencadeada, ou quando surgem pensamentos que produzam esse sentimento, tente desafiá-los e evitá-los.

Especialistas ainda sugerem que você “pare, sente e respire.” Isso porque o cérebro entende que a posição sentada e reclinada é segura e relaxante e, assim, o fluxo de substâncias químicas induzidas pela raiva é interrompido. Faça o teste: é quase impossível sentir-se tão zangado numa cadeira quanto se você estiver em pé, gritando e apontando. Mesmo que seu filho tenha batido a porta bem forte, acordando a irmãzinha, e você acha que o melhor é puni-lo, pegue esse minuto para sentar e pensar em como lidar com isso.

Criação autoritária e positiva 

Na contramão dessas criações, que podem aumentar a ansiedade e desencadear problemas de saúde nos pais, a criação autoritária e positiva pode contribuir justamente no sentido inverso, fazendo com que os pais sintam-se mais aliviados pois, nesse tipo de educação, eles conhecem melhor os seus filhos.

Aqui, os pais são afetuosos e emocionalmente disponíveis e envolvidos com as crianças, demostrando respeito e gentileza. Por exemplo, se o pequeno se recusa a vestir a jaqueta, apesar dos repetidos pedidos, pais de disciplina positiva podem descer no mesmo nível que a criança e perguntar algo como: “parece que você está tendo problemas para colocar sua jaqueta. Como posso ajudá-lo?”.

A criação autoritária e positiva é considerada globalmente uma maneira saudável de educar os pequenos, permitindo que eles possam explorar o mundo de acordo com a sua idade, mas ao mesmo tempo obedecendo as regras da casa.

O resultado dessa convivência, para pais e filhos, é o aumento da confiança, um aliado da saúde como um todo.  “A confiança e o otimismo são protetores contra a depressão e, por serem emoções positivas, são benéficas para o corpo e o espírito da mente”, aponta o Dr. Shafer.

Busque o equilíbrio sempre

Viu só como o equilíbrio com os filhos é bom para toda a família? Mas, atenção: se você decidir tentar mudar seu estilo de parentalidade, tenha calma! Os especialistas entrevistados pela Parents alertam que as coisas podem piorar antes de melhorar, durante essa transição.

Inicialmente, seu filho pode ficar irritado com a mudança, mas, com o tempo, vocês encontrarão o equilíbrio. Um exemplo que a publicação dá é: suponha que o seu filho te ligue (novamente!) da escola, porque esqueceu o lanche em casa. Em vez de correr para levá-lo, como você sempre fez, diga não. Pode parecer difícil no começo, mas logo você verá seu filho florescer, amadurecer e você também se sentirá melhor!

Para quem quiser ler o artigo na íntegra, em inglês, clique aqui.