Outro dia recebi uma mensagem muito bacana de uma leitora, que me pedia algumas ideias de como lidar com o filho de pouco mais de um ano. Segundo essa mãe, o filhote não obedecia antes que ela pedisse pelo menos dez vezes, e terminasse, finalmente, com um berro. Claro que ela detestava ter que fazer isso, mas acabava não encontrando outra saída, e se sentia um pouco frustrada por não conseguir disciplina-lo de outra forma. E terminava o e-mail me perguntando: “não tem saída? Será que eu tenho que gritar sempre?”.

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Claro que eu não sou uma especialista no assunto (não sou psicóloga, ou psicopedagoga), mas tenho minha vivência como mãe para contar. Aliás, mãe de uma menina que nasceu brava, e continua com essa personalidade até hoje! Quando me dizem que Cacá tem uma carinha doce, eu penso como meus botões: “é porque você não sabe como ela é lá em casa!”. Sim, tenho uma menininha que não costuma engolir sapo, e tem uma sinceridade à toda prova, apesar de ser muito carinhosa.

Olhando para trás, já consigo ver como foi o desenvolvimento dela, e diria para a mãe que eu fui há alguns anos que não me preocupasse com aquele bebê que jogava as coisas no chão, apesar de eu insistir para não fazer isso. Por um tempo, se Catarina jogasse um objeto do alto do cadeirão cinco vezes, eu catava todas elas, dizendo de maneira séria que ela não poderia mais fazer aquilo. Até que percebi que a situação tinha se tornado um grande jogo, e que o melhor a fazer era falar uma vez só, e deixar que ela jogasse a segunda. Aí eu olhava com aquela cara de “eu bem que te falei”, e deixava o brinquedinho lá embaixo. Conclusão: ela passou a não jogar mais, para tentar testar meu limite, porque sabia que ficaria sem! Pois é!

Eu diria também para aquela mãe que fui que tivesse paciência até que o bebê soubesse falar bem, para expressar o que deseja. Porque até lá, seria uma sucessão de choros e ataques. Quando Catarina começou a se comunicar melhor por meio da fala, as coisas melhoraram muito! Percebi que nem sempre eu entendia o que ela queria dizer, e que isso a deixava extremamente frustrada. E que benção foi o estabelecimento de um diálogo, e a maturidade intelectual da pequena para entender que nem sempre ela teria o que queria.

Eu diria para a mãe que fui que as birras fazem parte. Aliás, que era um ótimo sinal que a pequena se manifestasse daquele jeito, porque demonstrava que não tinha todos os seus desejos satisfeitos. Afinal, para que um bebê se joga no chão, ou começa a chorar e gritar alucinadamente? Para que você corra e faça o que ele quer! E se você fizer, a birra acaba, não é mesmo? Então acredite: se você vê seu filho pequeno fazendo isso e resiste, você está no caminho certo. Porque é repetindo esse processo algumas vezes (algumas, não, muitas!) que ele entenderá que a tática não funciona com você, e deixará de tenta-la (o problema é que ele demora para perceber!).

Esses primeiros anos são duros, mesmo. Você se pergunta muitas vezes se está fazendo um bom trabalho. Mas é preciso esperar até que seu filho compreenda um pouco mais sobre o mundo que o cerca, e como as coisas funcionam. Mesmo que tenha um temperamento chamado de “difícil”, ele entenderá que existem certas regras que precisará cumprir. E passará a canalizar toda a energia do seu querer de outra forma (o que é ótimo! Porque indica que ele sabe exatamente o que deseja, e saberá se posicionar quando for mais velho).