Nesse último domingo, tivemos uma das maiores demonstrações de indignação do povo brasileiro perante a corrupção que consome o nosso país. Foi bonito de ver milhões de pessoas juntas, unidas em coro em torno de um objetivo – o de lutar por um Brasil melhor para nós e nossos filhos. Mas, ao mesmo tempo em que me emocionei, parei para pensar em que ponto chegamos. Dinheiro público desviado em montantes tão grandes, que não é de se espantar que tenhamos a educação, a saúde, o bem-estar de toda nossa sociedade comprometidos.
Juro que parei para pensar na formação que esses líderes receberam, quando crianças. E aqui não estou falando sobre um partido específico, mas sim de todos os envolvidos no esquema de corrupção, independentemente da bandeira que levantam. Será que tiveram um pai e uma mãe presentes, que lhes mostraram o que era certo e o que era errado? Será que tiveram seus valores formados de modo suficientemente sólido, para não serem corrompidos pelo meio? Dado o momento decisivo da nossa história, que se apresenta à nossa frente, acredito que essas sejam perguntas que também devemos fazer em casa, em relação aos nossos filhos. Porque a verdade é que, se não colocarmos atenção nisso, estaremos perdendo uma grande oportunidade: a de criar um país, por meio deles, que realmente nos faça ter orgulho da terra onde nascemos.
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Assim, eu cheguei à conclusão de que precisamos ensinar algumas coisas aos nossos filhos, para que o Brasil não caia no buraco (outra vez):
- É preciso mostrar que não dá mais para pensar apenas no próprio umbigo. Porque vocês certamente devem concordar comigo que uma pessoa que rouba milhões não consegue enxergar mais do que o próprio bem-estar, no máximo o da sua família. Ela não vê que dinheiro não brota em árvore – se está vindo para o seu bolso, é porque faltará na casa de quem mais precisa. Sim, estou botando o dedo na cara desses políticos que vemos por aí, mas tenho certeza de que o buraco é mais embaixo. Porque é tão egoísta quanto ele o pai que aceita uma determinada “Bolsa X”, sem ter direito a ela. Ou que troca seu voto por algum benefício próprio, sem pensar que a sua escolha interferirá em toda a sua cidade, estado ou país. E, enquanto não mostrarmos aos nossos filhos que é preciso pensar em um bem maior, o resultado será esse aí, que acompanhamos na internet e nos telejornais.
- Chega do “jeitinho brasileiro”. Vocês não podem imaginar a raiva que eu tenho desse “jeitinho”. Porque você começa com pequenas fugas da regra e, quando vê, está fazendo muita coisa errada. É o pai ou a mãe parados na estrada, que pagam propina para se livrar da multa (e depois reclamam da roubalheira nos órgãos públicos) – enquanto o filho vê no banco de trás. É também aquele que fala que o filho tem menos idade do que realmente tem, para pagar menos na entrada de um evento. Ah, e que tal aquele que fura fila “na maior caruda”, porque acha que só ele está atrasado e precisa ir embora logo?
- Cada um tem que assumir a responsabilidade por seus atos. Sabe quando você faz seu filho passar a maior vergonha tendo que devolver a uma loja aquilo que pegou sem pagar? Ou que levou para casa, mas era do coleguinha de classe? Esses parecem atos banais, mas são o começo de uma formação responsável, ética correta. Só que não adianta só fazer seu filho assumir as consequências de suas ações, é preciso que nós, pais e mães, também façamos isso com as nossas. É, por exemplo, deixar um bilhete no carro (pedindo desculpas e se oferecendo para pagar os custos do conserto, por menor que ele seja) cuja maçaneta você acabou de raspar, ao abrir a porta do seu veículo. Ou você acha que o pequeno não vê que você saiu de fininho?
- É preciso conhecer história. Porque um povo que não conhece o seu próprio andar é facilmente levado pelos ventos que sopram do poder. Que nossos filhos saibam tudo o que já vivemos, onde acertamos, onde erramos, para não caírem nos mesmos erros.
- É fundamental desenvolver o amor ao próximo. Porque esse quinto item, sozinho, já eliminaria a necessidade de todos os outros. Porque alguém que enxerga o outro, que o respeita, que lhe dá valor não é capaz de lhe fazer mal. Não é capaz de pensar só em si, na sua família, e esquecer sua responsabilidade perante toda a sociedade. Que nossos filhos sejam esses, que amam mais, e que não se importam em dividir o que tem, para que todos estejam felizes (pode parecer piegas, mas eu tenho certeza de que é bem por aí).
P. S. – Se você concorda, a hora de compartilhar é agora!