Quando o assunto é amamentação, muita gente sabe esses números de cor: segundo a Organização Mundial de Saúde, os bebês devem ser amamentados exclusivamente até os 6 meses de vida e, com junto a introdução de novos alimentos, pelo menos até completar os 2 anos. E esse “pelo menos” significa, sim, que o aleitamento materno pode ir muito além disso. Contraindicações? Nenhuma. Inclusive, estudos mostram que esses pequenos ficam doentes com menos frequência que os demais (já que o leite da mamãe é rico em anticorpos e nutrientes, que contribuem para o aumento da imunidade). E os benefícios não param por aí. Nesse post, conto quais são eles e mais informações sobre a amamentação prolongada. Vale a pena saber!
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Benefícios da amamentação prolongada
Como já contei acima, os potenciais nutricional e imunológico do leite materno são dois pontos extremamente positivos, que justificam a manutenção da amamentação mesmo depois dos 2 anos (e vale saber: segundo dados da Unicef – conforme apontados nesse caderno de Nutrição Infantil, pela Sociedade Brasileira de Pediatria – durante o segundo ano de vida da criança, a cada 500 ml do leite da mãe, são atendidas 95% das demandas diárias de vitamina C do pequeno, 45% das de vitamina A, 38% de proteína e 31% do total de energia). Além disso, ao mamar no peito, o filhote estimula a musculatura da boca e da face e ainda trabalha com a inteligência. Foi isso que concluiu um estudo brasileiro de grande impacto, publicado em 2015 (falei sobre ele aqui), e que afirma existir uma relação entre um maior QI e um tempo maior de amamentação dos bebês. A possível explicação para esse fato seriam algumas substâncias presentes no leite materno, que entram na composição das células cerebrais.
E mais do que todos esses benefícios à saúde física, existe também a fundamental parcela emocional: o vínculo criado entre mãe e bebê (e reforçado no momento da amamentação) se estende. E isso resulta ainda no fortalecimento da segurança e da independência do pequeno (a velha história de que criança amamentada por mais tempo fica insegura é dependente da mãe é um mito – atualmente, considera-se que ocorra justamente o contrário. Inclusive, ao decidir sozinho pelo próprio desmame, ou demonstrar concordância com o mesmo, o pequeno está dando mostras de seu crescimento).
Quer mais? Pois saiba que os benefícios se estendem a você: a amamentação reduz os riscos de osteoporose da mamãe, além de câncer de mama, de útero e de ovário.
Cuidados necessários
Depois dos 6 meses, é necessário introduzir sólidos na dieta do bebê. E, mesmo que ele seja amamentado no peito, essa regra não muda. Inclusive, quanto mais velha a criança for, maiores serão suas necessidades em relação à variedade de alimentos, o que justifica a inclusão de novidades (equilibradas, claro) no cardápio. Mas não se preocupe: para esclarecer tudo isso, o pediatra irá prescrever uma alimentação adequada à cada etapa do seu filho.
Mais um cuidado interessante é combinar com o pequeno que ele pode pedir a mamada, mas que precisará esperar, em algumas ocasiões, pela mesma. Independentemente de vocês estarem em um local público ou não, há situações que não podem ser interrompidas (o que varia muito de mãe para mãe) – e ele precisará entender isso. E prepare-se, pois provavelmente você ouvirá resistência de muita gente, sugerindo que você deixe a amamentação de lado. A melhor decisão, nesses casos, é ouvir o pediatra de sua confiança e, principalmente, confiar no seu instinto materno, que dirá qual é o melhor momento para o desmame.
Outro ponto, muito questionado por quem pretende ter mais um filho, é se a amamentação pode persistir durante a gestação de um novo bebê. E a resposta é sim! Na maioria das vezes, não há qualquer problema em continuar amamentando (a não ser em casos específicos, como quando já há naturalmente o risco de parto prematuro – então o obstetra pode contraindicar o hábito). O que pode acontecer, no entanto, é que o mais velho não queira mais o peito durante esse período ou quando o irmão nascer (é uma reação natural, para “deixar mais leite” para o menor, ou ainda porque, muitas vezes, o sabor do leite é modificado nesse período e pode deixar de agradar). E vale ressaltar que você precisa se sentir confortável física e emocionalmente para continuar oferecendo o peito nessa fase, o que pode não acontecer. Converse com o pediatra e, se for o caso, parta para o desmame.
Já quem não deseja aumentar a família, deve lembrar que a amamentação depois dos 6 meses não é (mesmo) garantia de contracepção, até porque o aleitamento não será mais exclusivo. Se for o caso, recorra a outros métodos para prevenir uma nova gravidez.
E quando parar?
Esse momento será definido por você e pelo filhote. Existem bebês que darão sinais de que querem parar sozinhos – eles simplesmente largam o peito. Já outros não (e pode ser mais difícil fazer o desmame em crianças mais velhas, pois elas são mais independentes e, se contrariadas a um pedido de peito, podem responder com birra e choradeira. Contudo, não é um processo impossível, e aumentar a oferta de lanchinhos pode ser a solução). Mas seja qual for o caso, cabe somente a você decidir quando essa hora realmente chegou, pois é a mãe quem sabe a demanda emocional desse momento para ela e para o filho.
Agora você já sabe o que responder quando alguém comentar: “mas você ainda amamenta seu filho?”.