Sabe aquele momento do dia em que seu filho começa a chorar alucinadamente, e você tem vontade de ver um buraco se abrir na sua frente, para colocar sua cabeça lá dentro? Pois saiba: isso não ocorre apenas na sua casa – por aqui também acontece bastante, e com certa frequência!
E cá entre nós: o que tentamos fazer nessa hora? É provável que no meio de uma crise de birra, por exemplo, você tente conversar com seu filho, para tentar acalmá-lo. E por mais que você fale, a impressão que dá é que as palavras entram por um ouvido e saem pelo outro, porque o filhote não só não se acalma, como começa a chorar com mais força!
Imagem: 123RF
Justamente por isso eu achei super interessante um estudo recentemente conduzido pela Universidade de Montreal, no Canadá, e publicado na revista Infancy. Nele, pesquisadores analisaram o comportamento de bebês entre seis e nove meses, e concluíram que a música os mantêm mais calmos pelo dobro do tempo do que uma boa conversa!
Que a música mexe com as emoções do ser humano é algo conhecido há milhares de anos – é como se ela nos transportasse para um outro mundo. Mas o que se questionava até então era se bebês pequenininhos tinham essa mesma percepção, ou se sua resposta à música estava mais intensamente relacionada à voz da mãe.
Para tirar essa dúvida, o estudo avaliou a reação de cerca de trinta crianças, que foram colocadas em um cômodo à meia luz, sem outros estímulos evidentes, na presença de seus pais. Mas o pai ou a mãe ficavam fora da visão do bebê (e o esperado era que, depois de algum tempo, ele chorasse, solicitando a presença do cuidador).
Com o objetivo de atrair a atenção do bebê e acalmá-lo, foram tocadas faixas contendo músicas, e outras que reproduziam a conversa de uma mãe com um bebê. E para garantir que os pequenos não tivessem qualquer familiaridade com o que estava sendo tocado ou dito, tanto as canções quanto as falas foram gravadas em turco!
Enquanto escutavam a música, em geral os bebês levaram nove minutos para chorar, chamando, então, seus pais. E quando ouviam a voz de uma mulher (que falava ora naturalmente, ora com “baby-talking”, aquele jeitinho com que nos comunicamos com os pequeninos), se mantinham calmos por apenas metade do tempo. O experimento foi repetido com a língua materna dos bebês, e o resultado foi semelhante.
Agora que você já sabe o poder da música para manter um bebê calmo (talvez aquele tempinho necessário para que enfim ele durma!), é hora de colocar seus dotes musicais para funcionar! Achei curioso que, depois que Catarina cresceu e passou a dizer o que sentia, começou a pedir que eu cantasse sempre que ela chorava muito, para que se acalmasse mais rápido. E não é que funciona? Por aqui a trilha sonora é assim: “bem, ó, meu bem, não chore, não, vou cantar pra você. Bem, ó, meu bem, não chore não… Vou cantar pra você!”.