Há mais ou menos um mês, eu estava me sentindo uma das pessoas mais felizes do mundo. E olha que eu não ganhei uma quantia enorme de dinheiro, nem roupas caras, nem fiz a melhor viagem da minha vida. Eu simplesmente sentia uma alegria enorme – afinal, Catarina não tinha ficado doente com a chegada do inverno (que nunca foi tão quente, por sinal), eu também não, a pequena estava dormindo muitas noites sem me chamar (e como faz toda a diferença dormir horas ininterruptas, você amanhece uma pessoa muito melhor!) e se mostrava um amorzinho no dia seguinte (nada de birras intensas, choramingos ou conflitos). E o que mais uma mãe poderia querer? Acho que vocês vão concordar comigo que isso já é um baita presente. Porque quem já viveu o contrário sabe que esses períodos de calmaria não têm preço – são aquela partezinha da vida que você pode chamar de felicidade.

Mas ao mesmo tempo em que você está feliz, bate também um medinho, bem lá no fundo. Você sabe que quando o tempo virar, pode chegar um resfriado (e chega mesmo!), e com ele duas semanas de chiado no peito. Você sabe que em um piscar de olhos lá estarão vocês novamente correndo para um pronto-socorro no meio da madrugada. Você sabe que basta que algo mínimo aconteça – uma pequena viagem do pai, um desentendimento com um amiguinho da escola, ou um desenho animado com uma cena impactante para que o filhote volte a te chamar de hora em hora no meio da madrugada. E aí, você, que parecia tão forte, reconhece o retorno daquele cansaço que dá vontade de chorar, que parece sussurrar no seu ouvido que você não tem vida própria, porque encara a função mãe 24 horas por dia, 7 dias na semana.

Imagem: 123RF

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Engraçado como é preciso sentir a dor de alguns momentos (e que mãe não se arrepia toda em lembrar da primeira febre alta sem explicação? Ou dos dias em que o pequeno não conseguia comer direito e perdeu o peso conseguido a duras penas durante dois meses?) para ver que não precisamos de muito para ser feliz. Aos poucos você vai percebendo que não precisa da maior casa das redondezas, apenas de uma em que seu filho se sinta amado e seguro. Você percebe que não precisa conhecer os restaurantes mais requintados da cidade (e não que não seja gostoso de vez em quando – se você pode, tem mais é que curtir mesmo!), apenas de risadas ao redor da mesa de jantar. E nem viajar para os quatro cantos do mundo, apenas de algumas noites bem dormidas na própria cama (quem troca uma viagem para Paris por alguns meses de noites sem acordadas por aí? Eu troco fácil!).

É como se você se desse conta de que a felicidade é muito mais barata do que poderia imaginar. E ao mesmo tempo muito mais cara, porque não há dinheiro no mundo que pague a saúde e o bem-estar de um filho.