Eu sou mãe de uma única filha. E sempre que estou em algum lugar público, brincando com Catarina, acabo ouvindo a mesma pergunta: “mas você não vai ter mais filhos?”. Pois bem, a resposta poderia ser apenas não, mas ela vai muito além disso.
Eu tive menopausa precoce. Isso significa que as chances de ter um filho eram menores do que 5%, e por esse motivo posso considerar Catarina um pequeno milagre. Depois dela, eu cheguei a engravidar novamente (coisa que nunca contei aqui no blog, porque ainda não estou preparada para falar sobre o assunto), de forma natural, mas perdi menos de uma semana depois de saber que estava grávida. Ali, naquele dia, eu percebi que provavelmente não seria mãe pela segunda vez.
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Mas para quem a probabilidade de engravidar era mínima (e tinha acontecido!), sempre havia a chance de acontecer de novo, certo? Pelo menos era assim que eu pensava, e foi então que tive que tomar a seguinte decisão: fazer minha reposição hormonal de forma a deixar que os 5% de chance continuassem (embora, nessa altura do campeonato, eles estivessem mais para 1%), ou com um anticoncepcional, decidindo de vez que não teria outro filho.
Eu acabei optando pelo segundo caminho, depois de pensar muito (confesso a vocês que vez ou outra me pego analisando se tomei a decisão certa, mas no meu caso achei que era a melhor alternativa). E no fim das contas, apesar de minha história ser um pouco diferente, acredito que o sentimento que essa decisão de “fechar a lojinha” gera é igual ao que todas as mães que escolheram esse caminho tiveram.
No fim, dói saber que seu filho não terá um irmão, com quem compartilhará os bons e os maus momentos da vida. Dói saber que quando você for velha, ele estará sozinho para lidar com a situação (no caso do último filho ser também o único). Dói dar as roupinhas velhas (claro que é bom saber que elas serão úteis para outro bebê, mas dói saber que não haverá mais um bebê na sua casa), o cadeirão, o trocador… E dói também saber que você não vai mais amamentar, dar a primeira papinha, passear de carrinho, segurar as mãozinhas para que ele dê os primeiros passos.
E aí, sabe o que você faz? Você aperta bem aquela coisa gostosa que é o filho, o último, fecha os olhos e finge que ele ainda é seu bebê. Você não consegue mais ninar no ombro, mas o coloca sentado no seu colo e balança, cantando as mesmas músicas que cantava quando ele nasceu. Vocês estica o tempo, alarga, aproveita cada segundo, porque sabe que não vai ter outra chance. Você vive cada dia, cada conversa, tentando gravar tudo, para se lembrar quando for bem velhinha. Você vive se despedindo – de cada fase, das coisas que você sabe que ele nunca mais vai fazer.
E quando alguém pergunta se você não terá mais filhos, você pensa em tudo isso. Dá uma vontadezinha de chorar, mas você engole. Aí você olha e o vê: o pequeno, que será sempre seu bebê. Sempre, sempre… E o ama mais ainda, se é que isso é possível.