Outro dia estava vendo as fotos de minha casa, antes do nascimento de Catarina. E sabem que eu levei um susto? Não lembrava como era ver a sala toda arrumada, com as almofadas do sofá perfeitamente dispostas em seus lugares. O sofá, aliás, era outro – lindo, de couro marrom (quase consigo sentir seu cheirinho de novo!). Infelizmente, ele não resistiu à fase em que a pequena começou a andar – foi pintado com uma caneta esferográfica azul (e não é que eu consegui tirar a tinta? O problema é que ela deu lugar à uma enorme mancha bege, que surgiu depois que tentei limpá-lo e acabei com a cor original do tecido!).
Imagem: 123RF
Naquela época eu não tropeçava em pecinhas de montar, nem em bonequinhas minúsculas (que parecem ter sido milimetricamente colocadas na porta de entrada, porque quase sempre estão em meu caminho quando chego da rua). A mesa de jantar era decorada apenas com uma peça de cerâmica, acreditam? Hoje, dentro dela, encontro presilhas de cabelo, canetinhas e mais uma porção de enfeites coloridos (e olha que eu os guardo todos os dias, mas eles insistem em brotar no dia seguinte!). Já me conformei com esse novo estilo de decoração – digamos, mais “moderno”!
O banheiro é um capítulo à parte. Como meu quarto é uma suíte, ele resistiu bravamente à bagunça. Se eu quisesse ter a sensação de voltar no tempo, era só entrar ali, pois os vidrinhos de perfume, os frascos de hidratante e os sabonetinhos continuavam exatamente no mesmo local. Até que Catarina deixou de usar a banheira, e passou a tomar banho no chuveiro (e é claro que ela não se contenta em usar um outro banheiro da casa – tem que ser o da mamãe). Conclusão: de vez em quando encontro a Pequena Sereia ou a Elsa descansando entre o shampoo e o condicionador.
Então vocês podem me perguntar: mas você não sente saudades de uma casa toda arrumadinha? E a resposta óbvia é: claro que sinto! Tenho saudades da época em que o rack da televisão tinha apenas porta-retratos e controle-remotos (vocês podem achar que é mentira, mas atualmente ele é decorado por um enorme dinossauro de papelão que a pequena e o pai montaram há dois meses! Já tentei tirá-lo de lá, mas ambos o consideram uma verdadeira obra de arte feita a quatro mãos, então…).
Enfim, eu percebi que ser mãe também é abdicar de uma casa 100% arrumada, pelo menos por alguns anos. É arrumar e ensinar o filhote a organizar, mas entendendo que uma certa bagunça faz parte do pacote. E que essa fase passa tão rápido, que em pouco tempo teremos saudades dos brinquedos espalhados, e que mostram a alegria que é ter uma criança morando ali.