Desde minha infância, minha mãe comenta que minha gestação mudou seu corpo para o resto da vida. E não estou falando apenas do peito, da barriguinha, do tamanho do pé que aumentou: ela contava que não era uma pessoa alérgica, e que passou a ser depois que eu nasci. Meu pai vem de uma família de alérgicos, e eu herdei essa característica dele. Mas, por incrível que pareça, aparentemente eu passei a capacidade de desenvolver alergia para ela, durante a gravidez.
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Até bem pouco tempo atrás, essa história seria considerada impossível (eu mesma duvidei dela em vários momentos). Que há passagem de substâncias da mãe para o feto, através da placenta, não há dúvidas (dessa forma o bebê recebe todos os nutrientes necessários para seu desenvolvimento). Mas o caminho inverso não era uma possibilidade cientificamente aceita.
Hoje, sabe-se que o bebê também manda células ou parte delas para a mãe – essa é a base, por exemplo, do teste de sexagem fetal – aquele em que se determina o sexo do bebê pela análise do sangue da mãe. Se a gestante estiver grávida de um menino, será possível identificar o cromossomo Y do DNA fetal, exclusivo do sexo masculino, ali (e, se não for detectado, o teste acusará que a mulher está esperando uma menina). Mas, recentemente, li um texto que amplia essa ideia da transmissão de células do bebê para a mãe – um artigo que conta que células do feto podem migrar para o cérebro da mãe, onde ficarão por muitos e muitos anos (possivelmente até o fim da vida dessa pessoa).
As consequências dessa migração ainda são desconhecidas. Mas há um grupo de cientistas que observaram uma menor chance de desenvolver a Doença de Alzheimer entre as mulheres que tiveram a migração de células vindas de bebês do sexo masculino. É como se elas (as células) fossem um fator de proteção para essas mulheres (esse mecanismo não está completamente entendido, nem aceito, mas abre a possibilidade de maiores investigações e estudos na área). Interessante, não?
E você, notou alguma diferença no seu corpo (não apenas externa) depois do nascimento do seu filho?
* Agradecimentos à Karina Abrahão, do Prisma Científico, pela sugestão de pauta.