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O primeiro mês do bebê (ainda bem que ele passa!)

Se eu pudesse encontrar Deus para uma conversa, faria uma pequena sugestão a Ele: que tal enviar para todas as mães um manual de instruções junto com o primeiro filho? Nada muito complicado, apenas com orientações básicas sobre dormir e mamar (porque, cá entre nós, quando essas duas coisas vão bem, já é mais de meio caminho andado!). Ah, e uma tecla “SAP” que funcionasse no primeiro mês do bebê, que interpretasse seu choro e acendesse uma luzinha:  “fome”, “sono”, “cólica”, “colo”!

Imagem: 123RF

Claro que isso é só uma brincadeira, mas por aí vocês já podem ter uma boa ideia da mãe que eu fui assim que Catarina nasceu. Sem nenhuma experiência prática, devorei vários livros sobre cuidados com bebês durante a gestação. Eu, que sempre li o manual de instruções dos aparatos tecnológicos que passaram na minha frente, achava que com um filho daria para fazer a mesma coisa. Aí, caros leitores, minha filha nasceu. E eu finalmente entendi que eu não sabia absolutamente nada sobre amamentação ou o sono do bebê, mesmo sabendo de cor passagens da Encantadora de Bebês.

Imaginem uma mulher que acabara de passar por um parto cesárea, inchada, cansada (na última noite na maternidade, Catarina ficou o tempo todo no quarto, e eu tive uma amostra do que viria pela frente – uma hora e meia no peito sugando sem parar, chorando a cada hora, de fome – meu leite ainda não tinha descido) e com um medo danado de ter que cuidar daquele bebezinho tão pequeno. Essa era eu, chegando em casa com Catarina toda enroladinha (nesse post aqui eu conto as sensações da saída da maternidade). Despreparada para a rotina de dormir pouco, amamentar a cada duas horas, ficar dentro de casa por dias, sem muita companhia. Eu conheço algumas mulheres que acharam esse começo o céu: o bebê delas dormia quase vinte horas por dia, e elas conseguiam descansar entre as mamadas. Mas comigo não foi assim, e a ideia de contar isso não é desanimar ninguém, muito pelo contrário: é mostrar que as dificuldades existem, apesar de muitas mães não falarem sobre isso. Se todas as suas amigas disserem que tiraram de letra, você pode se lembrar desse post, porque pelo menos uma mãe, essa aqui que vos fala do outro lado da tela, sabe exatamente o grau de exaustão a que se pode chegar no primeiro mês do bebê.

Eu tinha tanta necessidade de entender como cuidar de um bebê, que fiz uma caderninho de anotações com toda a rotina diária, por pouco mais de dois meses. Lá eu registrei os horários das mamadas, as trocas, o banho, tudo o que vocês podem imaginar. Não, não aconselho ninguém a fazer o mesmo, pelo menos não no mesmo grau de neurose. Porque hoje eu vejo que muito mais importante do que esse registro, é sentir o que o seu bebê quer e precisa. Não importa se ele mamou só há uma hora, pode ser que ele queira mamar novamente. E tanto faz se ele fez quatro ou cinco cocôs por dia, ou se a mamada durou 30 ou 40 minutos. Mas eu precisei fazer isso, para me sentir minimamente segura. Hoje, lendo eu acho até engraçado. Mas sente só o drama:

 

Dia 19/12/10 (segundo dia em casa)

0:10h – Mamada peito esquerdo e direito

1:10h – Troca do cocô

1:42h – Mamada peito direito

2:10h – Troca do cocô

2:30h – Mamada peito esquerdo

4:00h – Mamada peito direito e esquerdo

5:40h – Troca xixi

5:50h – Mamada peito esquerdo

6:15h – Troca do cocô

6:25h – Mamada peito direito

7:30h – Acordou e chorou até 8:15h

10:00h – Troca xixi

10:10h – Mamada peito direito e esquerdo

13:50h – Troca xixi

14:00h – Mamada peito esquerdo e direito

16:40h – Troca xixi

16:50h – Mamada peito direito e esquerdo

17:30h – Troca cocô

19:15h – Troca xixi e cocô

19:30h – Banho

1950h – Mamada peito esquerdo e direito

23:20h – Troca xixi

23:30h – Mamada peito direito e esquerdo

Deu para cansar? Eu cansei só de escrever, imagina então de fazer isso aí num dia só! Agora eu pergunto: cadê o tempinho para a mãe dormir, comer, tomar banho? Acho que deve ter sido num dos cinco minutos de brecha da agenda! Mas sabe qual é a melhor parte? Essa loucura realmente passa! E, depois de algum tempo, pode ser até que você decida deliberadamente passar por toda essa aventura de novo.

 

 

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Veja comentários

  • kkkkkkkk definitivamente mãe é só sentimento e nada de razão!!! O período é mais que exaustivo, não tem dia, noite... é algo ininterrupto, não sabia que dia era... também anotava heheheh não para guardar... mas para não me perder kkkkkk E EU SINTO SAUDADES!!!! Sem explicação!!!

    • Amiga é exatamente isso, o período e exaustivo e estou perdida no tempo, dia, hora, manhã, noite, confesso que estava pensando exatamente sobre isso, será que todas as mães passam por isso?
      Aí qual não foi a minha surpresa ao ler o depoimento da Nívea Salgado, obrigada por compartilhar essa experiência, que por vezes é muito cansativa mas por outro lado vale muito a pena, obrigada mais uma vez, bjs.

  • Acho que o default é ser exaustivo, as mães sem problemas, são exceções. Não tenho experiência também, vou ter meu primeiro filho em outubro. Mas pelos relatos que ouço os primeiros meses são os mais difíceis. Acho que é bem natural, pois são dois seres humanos tendo de se adaptar rapidamente a uma situação totalmente diferente. Confesso que dá um friozinho na barriga, só de imaginar, pois não conheço nem a mãe que está nascendo junto com o bebê. O que me tranquiliza é confiar muito no instinto materno, acredito que ele terá as respostas no momento certo.
    Adoro ler e ouvir estas histórias. O mais marcante é que no fim, o comentário é sempre igual: é uma experiência recompensadora, que vale cada minuto. Estou começando a entender o significado disto.

    • Jacqueline França de Fraga e Alexandre Ernst, se disser que é barbada, estarei mentindo, mas com certeza, o instinto materno dará sinais do que fazer. O que é fundamental, e isso cabe muito ao pai, é ser compreensivo neste momento de descobertas, parceiro no que for preciso e possível e deixar as coisas acontecerem naturalmente. O resto, se tira de letra. Um beijo no coração de vocês e tranquilidade.

    • Obrigada Simone ! Por enquanto fico só na teoria, lendo mil coisas. Acho que a prática vai ser mais divertida.

  • heheh...boa tava quase fazendo isso na maternidade mesmo , ai respirei fundo e decidi não anotar nada se não ia pirar !!!nas primeiras noites eu chorava junto com ele e na maternidade queria ligar pra recepção e chamar uma enfermeira a cada choro, meu marido que não deixava heheh!!achava que meu leite não satisfazia ou era pouco , agora aff!!pinga o leite e ele mama e dorme...meu filho vai fazer 1 mês dia 13 e já me sinto um pouquinho mais preparada e calma...mas o cansaço não passa!!!mas é tudo gratificante e lindo!Vai entender???

    • Olha, Cibelle, hoje eu não anotaria novamente, não, rsrsrsrs. A gente fica meio pirada, sabe? Quem bom que agora vc tem bastante leite, é uma maravilha poder amamentar exclusivamente. Daqui para a frente tudo melhora, só vai ficando mais fácil! Bjs

  • Meu bebê fez 15 dias de vida hoje. E sinceramente, concordo com tudo. Exaustão é a palavra que define tudo, misturada com desespero, insegurança e fraqueza. Me sinto fraca hoje. A parte da amamentação então nem se fala. Tem hora que penso em desistir de tanto cansaço e solidão. Porque amamentar é sofrido no meu caso. Dói e como dói (abro um berreiro) Mas aí olho pra carinha dele e penso: "vamos lá, mais um dia, não desista". E assim vou indo. Um passo de cada vez. Amo demais meu pequeno.

    • Daniele, o que posso te dizer é que aos poucos melhora muito!! É cansativo demais, dá vontade de sumir, não é? Mas a carinha deles nos transmite força e vontade de continuar. A amamentação dói muito mais do que se possa imaginar, mas a gente continua em frente. E depois de um tempo acostuma (juro!), e aí é uma delícia. Vamos nos falando e qualquer coisa chama, pois estamos aqui. Você não está sozinha, não se esqueça! É assim mesmo e vai passar.
      Grande bj,
      Nívea

  • Semana que vem vou viver essa experiência, é um misto de vontade de ter meu pequeno nos braços, com uma vontade oposta de postergar essa vivência por mais uns meses, não me sinto preparada, já esqueci tudo que li, nem consigo imaginar a minha reação ao ver esse pequeno nos meus braços, mamando e chorando!
    Grande beijo!

    http://costurandonuvens.wordpress.com

    • Nossa, Vanessa, a hora está chegando mesmo! Quando tiver um tempinho, volta para contar como vocês estão, ok?

      Que você tenha uma boa hora e que tudo corra bem! Que venha com muita luz e saúde!

      Bjs,

      Nívea

  • ahaha nunca ri tanto, me vi nesse post, tenho dois, e nas duas vezes foi do mesmo jeito, meu primeiro eu era muito inexperiente, tinha só 17 anos, achei que a idade tinha sido fator principal pra tanta insegurança, entre toda essa correria, eu entrava no banheiro e chorava, os minutos que tinha de paz, eu chorava, se alguém falasse que ia sair, me dava um medo tao grande, um aperto no coração, e chorava novamente, naquele ponto ninguem me entendia, nem eu mesma, não sabia nada sobre depressão pós parto, mesmo apos ter passado a gravidez inteira me "preparando" , três anos depois eu e meus esposo resolvemos ter outro, e imaginem só, a mesma coisa me aconteceu, mas dessa vez ja estava preparada, e minha família ja estava preparada, é ruim dar trabalho para os outros, mas no primeiro mês é necessário, minha família se revesava para não me deixar nem um minuto sozinha, para não bater a tristeza, tomei um antidepressivo leve e superei o primeiro mês, hoje meu bebezinho tem 1 aninho e é só a alegria!

    • Oi, Jaqueline, acho que o segundo deve ser um pouco mais fácil porque você já sabe o que te espera, né? Como todo mundo já comentou aqui, é cansativo pra caramba, mas compensa!!! Cada sorriso que recebemos é um presente! Bjs

    • Oi, Náy, o que eu posso dizer é que o começo em geral é bem cansativo, mas passa! Fique tranquila, quanto mais calma você estiver, mais calmo também ficará o bebê. E no fim dá tudo certo! Eles crescem tão rápido que a gente tem mais é que viver intensamente cada dia!

      Grande beijo, espero vê-la sempre por aqui! E conta pra gente quando ela nascer, ok?

      Bjs

  • Que legal que achei esse blog, pois vivo isso e penso exatamente assim como vocÊ, daí pensava que eu era uma raridade...

  • ufaa, achei que fosse só eu que pensasse assim, me vi nesse post. Li o mesmo livro e a cada momento estava quase surtando com o pensamento: "Meu Deus, o livro dizia isso...estou fazendo tudo errado!" não é fácil ser mãe de primeira viagem.

  • Oi, Jéssica,
    Ser mãe de primeira viagem não é fácil mesmo! Confie no seu coração, ele tem muito a dizer! nem sempre o que está nos livros é o que dá certo para nossos filhos.
    Grande beijo para você,
    Nívea