Escrever um blog te dá a oportunidade de escrever sobre os mais variados temas. E eu, como profissional da saúde, me interesso especialmente por assuntos da área. Hoje eu trago para vocês, leitores, informações sobre o autismo, uma doença cujo diagnóstico é cada mais frequente entre nossas crianças.
Será que o número de crianças com autismo tem aumentado na nossa sociedade, em função de algum fator ainda desconhecido (embora muitas teorias tentem explicar o porquê), ou será que estamos finalmente reconhecendo melhor o problema e assim diagnosticando de forma mais eficiente nossas crianças?
Antes de prosseguirmos, gostaria de ressaltar que não é o objetivo desse post fazer uma análise profunda sobre o tema, e sim contribuir para a disseminação de informações sobre o problema.
Quanto maior o número de pais e mães preparados para reconhecer as características do autismo, maior o número de crianças beneficiadas com o tratamento precoce (então não deixe de ler a matéria até o fim e, se gostar, enviar o link para os outros pais que conhece!).
Bom, para começar, afinal o que é autismo? Autismo é uma desordem psiconeurológica que se manifesta diferentemente de indivíduo para indivíduo (por isso o diagnóstico não é tão simples), mas que em geral demonstra 3 sintomas básicos: dificuldade na comunicação, na socialização e no comportamento (o indivíduo não sabe como responder ao ambiente que o cerca).
Embora boa parte dos autistas tenha dificuldade em se comunicar verbalmente (muitos não falam ou têm desenvolvimento atrasado dessa habilidade), alguns não demonstram problemas de fala.
De qualquer forma, a comunicação se dá de uma maneira não usual, e o indivíduo pode inverter pronomes ou repetir incessantemente algumas palavras.
Indivíduos com autismo têm muita dificuldade em se socializar. Isso não significa que não queiram ou que não gostem de pessoas ao seu redor.
Simplesmente não sabem como interagir com o próximo (evitam o contato visual e físico) e em geral não demonstram empatia (não conseguem se colocar no lugar do outro e entender suas reações ou emoções).
Obviamente essa inabilidade pode ser trabalhada, para que haja melhoras significativas na sua capacidade de socializar, e para isso o contato com a família, amigos e o tratamento mais precoce possível são fundamentais.
Muitos autistas parecem fechados em seu próprio mundo, outros apresentam padrão de comportamento com repetitividade (ficam restritos a objetos e ações).
Embora seja comum certo grau de retardo mental, este não é um sintoma comum a todas as pessoas com autismo (algumas inclusive demonstram inteligência acima da média para a execução de determinados tipos de tarefas).
Mas afinal o que causa o autismo? Essa desordem é multifatorial, ou seja, diversos fatores estão envolvidos na sua ocorrência.
Sabe-se que há uma relação genética com a doença (pois em caso de gêmeos idênticos, quando um apresenta a doença, é maior a chance do irmão também apresentar). Mas há muito mais.
Há até casos derivados de uma insuficiência de um determinado aminoácido (em uma pesquisa recente, demonstrou-se que um possível tratamento para este tipo – raro – de autismo seria a simples reposição do aminoácido).
Em outro estudo recente (divulgado amplamente na mídia, inclusive), os pesquisadores estabeleceram uma relação entre autismo e o avanço da idade do pai e da mãe da criança (que acima dos 35 anos teriam maior chance de conceber uma criança com autismo).
Cabe ressaltar que os geneticistas reafirmam que ter filhos mais tarde não significa necessariamente que a criança apresentará o problema. Mas há fatos já bem determinados: os sintomas aparecem na infância, em geral até os 3 anos de idade, e a doença é quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas.
Cabe aqui uma informação importante: vacina não causa autismo; isso é uma lenda, que surgiu devido a um antigo estudo que procurava determinar a relação entre vacinação e autismo.
Hoje sabe-se que esse estudo não é válido (foi inclusive retirado da revista que o publicou, com retratação do pesquisador que o escreveu), portanto vou escrever em letras garrafais: VACINE SEU FILHO.
A falta de algumas vacinas pode inclusive deixá-lo mais susceptível ao autismo, que pode ocorrer como sequela de encefalites derivadas de doenças a que ele poderia estar protegido.
Bom, e os tratamentos? Na ampla maioria dos casos (exceto, por exemplo, o caso já citado em que o autismo seria decorrência de uma insuficiência de aminoácido publicada neste mês – setembro de 2012), os tratamentos não atuam na causa do autismo, e sim promovendo um maior desenvolvimento do indivíduo em termos de socialização, linguagem e comportamento.
E uma informação importante, que eu gostaria que ficasse como mensagem para os leitores: quanto antes o diagnóstico for feito e iniciado o tratamento, melhores os resultados.
Em caso de suspeita, consulte um médico (consulte até vários, se necessário). Normalmente o tratamento é feito com uma equipe multidisciplinar (pediatra, psiquiatra, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional), e pode-se associar terapia com animais (por exemplo, equoterapia) ou medicamentos.
A inclusão da criança em uma escola convencional ou especial deve ser avaliada caso a caso, pois cada criança com autismo é um caso único, com suas próprias características. Um coisa, no entanto, é fundamental para todas elas, e quanto mais melhor: amor de pai e de mãe.
Veja comentários
Mas que texto ótimo!!!
Adorei!!
Não conheço nenhuma criança com autismo mas compartilhei no face!
E sabe que tem pais que não procuram profissionais da saúde justamente por ter medo do diagnóstico??
Falta informação mesmo, precisamos divulgar mais.
Como ouvi uma vez, médico não vai te dar doença, mas procurar soluções para o problema!!!
Muito interessante!
Parabéns!!
Nívea. O tema é mesmo bem importante, inclusive, já pedi penico para a Andréa Werner Bonoli pq nunca sei como tratar a situação. Cê vai gostar bastante do blog dela: http://lagartavirapupa.com.br/blog/ bjs