Quem me conhece pessoalmente, de forma mais próxima, sabe: sou daquelas pessoas que recebem com justiça o título de manteiga derretida. E foi assim desde pequena: eu chorava para aprender a pular corda, com a música de abertura da novela, com uma palavra mais ríspida dita por um amigo, cantando parabéns para minhas irmãs mais novas, e vendo como elas estavam crescendo. Não, não é exagero – as lágrimas simplesmente vinham nesses e em muitos outros momentos. E mesmo quando eu não queria (geralmente em público), lá estava eu, me debulhando, abrindo meus sentimentos para quem quisesse ver.
Ainda passo por momentos assim, mas, fazendo uma avaliação dos últimos tempos, acabei chegando à conclusão de que tenho me controlado mais. E, no fundo, a grande motivação para essa mudança também está relacionada à maternidade (dá para acreditar que ser mãe te muda até nisso?): porque percebi que, nem sempre, dá para se mostrar (aparentemente) frágil, na frente do pequeno.
A conexão que existe entre a mãe e a criança é algo indescritível – é tão intensa, que podemos dizer que o que um sente, o outro sente também. E se um filho se alegra quando estamos felizes, quando damos risada, é natural que também sintam, quando nos entristecemos ou choramos. Enquanto são pequenos, é difícil que eles percebam que nem toda lágrima é sinal de sofrimento; por isso se preocupam quando veem mamãe chorar, até que entendam que existem outros sentimentos que podem levar a esse estado.
Descobri que ser mãe é aprender a ser forte. Talvez mais do que isso: parecer forte, diante de um filho. Porque quando, mesmo com medo (da febre só sobe, da falta de ar que não passa, da adaptação escolar, da mudança de casa, e até de não saber se você é realmente uma boa mãe), você sorri, está dizendo que tudo ficará bem. E, às vezes, é apenas disso que eles precisam: acreditar que está tudo bem.
E quando você não aguenta a carga emocional e chora? Se acontece com você, saiba que não está sozinha – em todas as casas, existem mães enxugando suas lágrimas atrás da porta, disfarçando-as com óculos escuros, ou contando a velha história do cisco que entrou no olho (engraçado, foi nos dois olhos!). E se mesmo assim o filhote perceber, não se sinta culpada. Porque ser mãe também é ser doce, e demonstrar que o coração deve estar sempre aberto para se conectar com o mundo. Talvez seja a melhor forma de ensinar um filho que ele é livre para sentir!
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