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Outro dia eu estava em uma pracinha com Catarina, perto da minha casa. O local, como de costume, reunia mães com filhos de diferentes idades: desde bebezinhos, aproveitando o fim de uma tarde de sol, até os maiores, mais independentes, grupo no qual a minha pequena já se inclui (quem diria! Como o tempo passa! E não é que, de repente, eu já sou vista como uma “mãe experiente”? Justamente eu, que quanto mais converso, mais leio, mais percebo que só sei um pouquinho sobre a maternidade?).
Pois não pude deixar de presenciar o diálogo entre duas mães que estavam ali. Uma, visivelmente mais cansada, queixava-se da falta de liberdade, de não conseguir sair de casa com frequência, de não poder ir a um simples shopping com o filho (ainda mais em tempos de H1N1!). Ouvindo-a, eu me lembrava da mãe que um dia eu fui, e que se sentia exatamente da mesma forma: sedenta pelo direito de ir e vir sem maiores preocupações, sem pensar se era a hora de mamar, sem necessidade de programar uma mísera saída com uma semana de antecedência, levando uma bolsa a tiracolo que mais parecia uma mala para uma viagem ao redor do mundo.
Mas aí eu comecei a ouvir a outra mãe falar. E ela parecia não se incomodar com a sua suposta falta de liberdade – ela havia entendido que seria assim por um tempo, e que um dia as coisas voltariam ao normal. Certamente não seriam iguais à fase sem filhos, mas ela sabia que o período de doação extrema ao filho também passaria. Ela transmitia uma calma tão grande, uma maturidade tão grande, que chegava a incomodar a outra, com quem falava.
Foi então que me vieram à cabeça todos os momentos em que eu sofri por não aceitar a maternidade como ela realmente é. Porque ali, o que talvez faltasse para aquela mãe que se sentia tão prisioneira de sua rotina fosse exatamente isso! Quantas e quantas vezes pintamos o sonho de ter um filho com cores que não correspondem ao que acontece no dia a dia, e acabamos nos frustrando (quando as coisas poderiam ser muito mais simples, mais fáceis, mais alegres!).
Para mim, aceitar a maternidade com o coração aberto é:
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Extamente! Lindo texto e a mais pura verdade... Tenho 1 filho de 21 anos, e 1 filha de 17 meses, sei muito bem o que é isso.