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Quando a família é formada sem o pai (e a história de uma mãe que passou por isso)

Você sabia que, só em 2015, o Brasil contava com cerca de 20 milhões de mães solteiras? O número, levantado pelo Instituto Data Popular, corresponde a 31% do total de mães no país. Trata-se de um índice alto, mas, apesar de ser algo cada vez mais frequente, essas mulheres ainda encontram dificuldades para seguir a vida dessa forma. Especialmente por conta do preconceito, que ainda é muito marcante sobre aquela que não possui uma família denominada tradicional.

Uma dessas mulheres é a Fernanda*, que me enviou sua história e pediu para que o tema fosse abordado no blog. E, de fato, trata-se de um assunto que precisa de espaço – as estatísticas mostradas acima são uma boa prova disso. Assim, o post de hoje tem como objetivo mostrar um pouco da realidade de uma mãe que “toca o barco” sozinha. O tema é válido tanto para as mulheres, que são responsáveis por uma casa “não-tradicional”, como para quem conhece uma família assim. Espero que vocês gostem, e que compartilhem com os amigos que passam pela mesma situação.

 

Imagem: 123RF

Mãe: você é uma guerreira

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A decisão de assumir um filho por conta própria não é fácil. Alguns parceiros abandonam a mulher ainda grávida, outros, ainda, depois que o bebê nasce – como foi o que aconteceu com Fernanda. “Meu marido não se adaptou à vida de marido e pai e decidiu que poderia largar tudo, seguindo sozinho. Muitas brigas vieram com a mudança na rotina, com o baby blues, a falta de suporte, e a mentalidade de que a mãe é quem deve dar conta de todos os cuidados com o bebê”, declara. E, se não bastasse cuidar de um recém-nascido, Fernanda precisou também conciliar a vida profissional e a separação. “Amamentei e ainda amamento em livre demanda, coloco para dormir, troco fraldas, dou banho, alimento, trabalho (fiquei em home office) e, fazendo isso tudo, ainda vivenciei a pressão psicológica de ver o relacionamento desmoronar”, completa a mãe.

Mesmo vivendo esse conflito, Fernanda conta que nunca se contentou com os rótulos colocados nas mães solteiras, como “coitadinhas”. Uma mulher que passa por uma situação como essa, quando o marido sai de casa por opção dele, é, sim, uma vítima. E, portanto, não deve se culpar pelo acontecido. Contudo, mais do que isso, essa mulher é protagonista de uma história de coragem – afinal, assumiu somente para si uma responsabilidade enorme. E é esse protagonismo que deve ser passado aos filhos, para que eles vejam na mãe a figura forte que ela é, e possam se sentir seguros e confiantes na presença dela.

 

Ser solteira não te faz menos mãe

Para Fernanda, “ser mãe é uma coisa, e ser solteira é outra”. Por passar por essa experiência, ela explica que essas denominações, além de muito diferentes, não diminuem a mãe nesse papel, muito pelo contrário. “É mãe e ponto. Claro que com muito mais desafios e sem alguém para compartilhar, mas é mãe. É mulher inserida no contexto da sociedade atual, que estuda, sobressai no mercado de trabalho, se mantém informada e esclarecida. E é a mesma mãe que vai também estar ali no dia-a-dia, segurando os trancos sozinha”, afirma. “Eu mesma sentia tristeza ao conhecer uma criança filha de pais separados, achava que envolvia somente sofrimento. Mas agora vejo que não é bem assim. Isso é algo que culturalmente está na cabeça das pessoas, mas não precisa ser dessa forma”.

 

O Dia da Família

O Dia da Família foi incluso no calendário brasileiro em 1963, e é celebrado no dia 8 de dezembro (em outros países a comemoração acontece no dia 15 de maio, segundo definição da ONU). Contudo, algumas escolas já incorporam a data em outras celebrações tradicionais, como substituindo o Dia das Mães. A proposta para essa mudança é exatamente agregar todas as famílias de alunos para a comemoração, para celebrar a família, da forma que ela for. A medida tem sido aprovada por pessoas que vivem experiências como a de Fernanda.

 

E como contar aos filhos?

Alguns psicólogos indicam que seja contada a verdade. Mesmo que algumas mães prefiram inventar histórias ou esconder parte do que realmente aconteceu (justamente por quererem proteger seus filhos), o caminho mais seguro, muitas vezes, é falar que o relacionamento não deu certo. Essa medida evita que a criança se sinta culpada pelo acontecido e, caso saiba da história por outra pessoa, deixe de confiar na mãe. Outro cuidado é evitar falar mal da figura que deixou a família, para evitar mais aborrecimentos. E também mostrar ao pequeno que esse fato não diminui a família de vocês, o que é fundamental para que ele se sinta confiante, caso alguém o indague sobre a separação.

Vale destacar ainda que não existe uma idade considerada a mais adequada para explicar essa situação à criança. O que acontece, em boa parte das vezes, é que os pais tocam no assunto somente quando são questionados pelos filhos. E daí a conversa pode acontecer, inclusive, na presença de mais alguém em quem a criança confie, como um parente ou amigo. O importante é criar um ambiente seguro e confortável para todos.

O mesmo vale para as mães cujos filhos sejam colegas de crianças que tenham uma família assim. Os pequenos podem indagar sobre as diferenças, e o ideal é conversar abertamente com eles, mostrando que situações como essa podem acontecer. E que isso não muda em nada aquela criança e, principalmente, aquele amigo.

 

*o nome foi alterado a pedido da leitora.

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