Um eterno debate entre os médicos é sobre o consumo de álcool durante a gravidez. Enquanto parte dos profissionais proíbe qualquer tipo de consumo alcóolico até a amamentação, outros médicos permitem um consumo reduzido de bebidas específicas como vinho. Estudos indicam que, independente da recomendação médica, 20% a 30% das gestantes consumem bebidas alcóolicas durante a gravidez.
Afinal, o álcool é mesmo prejudicial na gravidez? E por que?
O que acontece quando se bebe álcool na gravidez
Mulher grávida de top preto segurando o celular com uma foto do ultrassom em frente a barriga. Foto: Freepik
Um dos maiores riscos das bebidas alcóolicas durante a gravidez, é a facilidade com que o líquido pode penetrar a placenta, ou seja, não só a mãe fica com o álcool na corrente sanguínea, mas o bebê também. O risco fica ainda maior quando os órgãos da criança ainda estão em formação. Uma quantidade de álcool, mesmo que “inofensiva” pode ser altamente prejudicial para um fígado infantil ainda não formado completamente. Os mesmos danos podem acontecer com consumo de nicotina e excesso de cafeína.
Existe limite para consumir álcool na gravidez?
Mão feminina segurando uma dose de vodka com limão. Foto: Freepik
Os médicos e especialistas ainda estudam como o álcool e em quais quantidades pode ser prejudicial para a gravidez e para o bebê. Mas, estudos já indicam que o consumo pode não ser benéfico. Um estudo britânico da Universidade de Leeds aponta que o consumo de pelo menos 500ml de cerveja ou 150ml de vinho durante a gestação são responsáveis por um aumento de 4,3% dos nascimentos prematuros e 4,4% das chances do bebê nascer PIG (com tamanho e peso menor do que os esperados). Além disso, a bebida tem potencial teratogênico, responsável por provocar malformações e alterações nas células do bebê, principalmente nos neurônios.
Por motivos como esse, grande parte dos médicos preferem optar pelo caminho seguro e proibir o consumo de álcool durante a gestação! Isso porque, assim como um consumo baixo pode não fazer diferença na saúde da gestante e da criança, a mesma quantidade em outro quadro, pode ser motivo de sequelas seríssimas e irreversíveis para a criança.
Outra maneira como o álcool na gravidez pode afetar o bebê
Pediatra medindo bebê recém-nascido. Foto: Freepik
Uma das doenças mais conhecidas sobre o consumo de álcool na gravidez é a Desordem do Espectro Alcoólico Fetal (DEAF). As consequências incluem malformações fetais, dificuldade do desenvolvimento intelectual no final da infância ou adolescência, microcefalia, bebês PIG, malformações nos ossos da face, problemas de visão e audição e até mesmo morte súbita do recém-nascido.
Há também uma versão mais agressiva da doença, conhecida como Síndrome da Alcoólica Fetal (SAF), que pode provocar anomalias no sistema nervoso central, atraso no crescimento e prejuízos ao desenvolvimento da criança. A estimativa é que cerca de 3 em cada 1000 bebês nascidos sofram com a SAF (sigla da doença).
Alguns desses sintomas podem não se apresentar durante os primeiros anos de vida da criança e aparecer apenas por volta dos 10 anos de idade. Em contrapartida, o consumo excessivo de álcool pode acarretar abortos, parto prematuro e morte fetal intrauterina. Quanto maior o consumo de bebida, maior as chances do desenvolvimento das síndromes.
Como as consequências da bebida alcoólica na gravidez afetam o futuro
Close-up de mãos masculinas em uma cadeira de rodas. Foto: Freepik
Como explicamos, nem sempre as sequelas do consumo de bebida alcoólica são vistas logo que o bebê nasce. Um levantamento publicado na revista científica The Lancet Global Health mostra que, nos países onde as grávidas continuam a beber durante a gravidez totalizam 10% da comunidade, as taxas de doenças físicas, mentais, cognitivas e comportamentais atingem cerca de 10 a 15 mil pessoas.
Bebi álcool e não sabia que estava grávida, e agora?
Mãos masculinas servindo uma taça de vinho para mulher. Foto: Freepik
Isso acontece muito, e costuma ser motivo de pânico quando a gravidez é descoberta. Mas, pode manter a calma! Provavelmente, o bebê não será afetado pela bebida consumida. Porém, assim que descoberta a gravidez, aconselha-se evitar as bebidas alcóolicas e consultar um médico! Muitas vezes o stress e a culpa podem ser tão prejudiciais para a gestante quanto o álcool consumido.
Devo cortar o álcool se eu estiver tentando engravidar?
Mãos femininas segurando teste de gravidez. Foto: Freepik
Pesquisadores da Universidade de Queensland realizaram testes em laboratório que indicaram que o álcool pode ser prejudicial já na fertilização. Afetando diretamente o estágio inicial do embrião e da placenta! A experiência foi feita em ratos, e o resultado foi de que a exposição precoce ao álcool (cerca de 4 dias antes e 4 dias após a fertilização) reduziu a formação de vasos sanguíneos na placenta e levou menos nutrientes ao embrião. Mais um dos motivos relacionados ao grande número de bebês PIG com mães que não adotaram a abstinência de álcool.
Além dos problemas citados, ingerir a bebida pode agravar outras condições comuns da gravidez, como enjoos, inchaço, pressão alta e azia.