Na primeira gestação, descobrir o sexo do meu bebê foi uma necessidade urgente. Experimentei o roteiro clássico da grávida ansiosa, que deseja saber se é menino ou menina o quanto antes, para poder comprar roupinhas, resolver a decoração do quarto, escolher o nome do bebê… Com a desculpa de aproveitar uma viagem para trazer mimos para o filhote, corri fazer o exame das grávidas apressadas, ou seja, a tal da sexagem fetal. E, assim, com 9 semanas de gestação, recebi o veredito: o cromossomo Y estava lá. Era um menino!

Com a chegada do meu primeiro filho, me revirei do avesso: alarguei meus horizontes, simplifiquei minhas ambições, enterrei muitas tolices e refiz meus mapas, em busca de novos caminhos. Aceitei entrar nos quartos escuros que a maternidade me apresentou para reacender uma luz potente em cada desses cantinhos que não havia explorado até então. Foi intenso, doloroso, apaixonante, avassalador…

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Eu e meus amores, Eduardo e Paulo, à espera do nosso desconhecido bebê | Imagem: Acervo pessoal.

Agora, acelera esse filme aí uns dois anos e meio. Decidida a aumentar a família, surpreendi o marido ao anunciar que as tentativas que estávamos planejando para fabricar um novo serzinho não aconteceriam mais. A razão? Uma sementinha humana já estava bem ali, dentro de mim! Engravidei no mês que decidimos que iríamos tentar uma nova gestação. Foi um delicioso susto que, imediatamente, me despertou um estranho desejo: eu queria viver aquela gravidez de um jeito novo e totalmente diferente do anterior.

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Dessa vez, eu não corria contra o tempo, trabalhando sem parar, encaixando saídas para compras no meu tempo livre, e achando que a gestação é apenas um tempo de preparo do ninho externo do bebê. Dessa vez, eu já sabia o que viria pela frente: já conhecia os perrengues, já tinha noção do exagero das emoções, já tinha a certeza de que o amor daria conta de sanar as dores e fortalecer o corpo cansado pela dedicação extrema (e pela privação de sono!) que um bebê exige.

Agora eu estava decidida: não resistiria mais às mudanças – que aconteceriam de qualquer maneira. Eu estava determinada: sairia do controle e deixaria a natureza agir em seu misterioso ritmo e perfeição. Não queria distrações. Estava atenta ao que importava de verdade. E o enxoval, definitivamente, já não entrava mais para essa categoria

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Meu novo bebê teria uma linda herança a receber: o berço, que já havia sido recusado tantas vezes pelo seu irmão; as roupinhas, já testadas e selecionadas (algumas manchadas, inclusive); o carrinho, que teria um trabalho menos puxado, pois agora o colo seria liberado muito mais vezes, sem medo de sermos felizes – a mãe e o filhote. Em resumo, a preocupação com todos os trambolhos e parafernálias, que parecem tão sedutores na primeira gestação, havia ido embora, substituída por questões um tanto mais profundas, como a despedida do meu filho único. Olha só!

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Um varal de incertezas e três corações em paz | Imagem: Acervo pessoal.

Ocupada demais, me preparando por dentro para dar conta da exigente missão de gestar, parir, nutrir e cuidar de um ser humano novinho em folha, (tendo outro pequeno em casa), fechei os olhos e ouvidos para bobagens. O sexo do bebê não faria diferença. De verdade, não importava! A decisão de não descobrir o sexo do bebê virou, então, uma diversão. Ignorar o gênero do meu bebê parecia trazer ainda mais magia para um grande marco da minha vida que iria se repetir. Dali em breve, eu daria à luz novamente e conheceria um novo amor!

Para que espiar as perninhas abertas e descobrir o sexo do meu bebê no ultrassom? Para me afligir com sentimentos bobos ou me iludir achando que estar grávida de um bebê de determinado sexo pode ser melhor em algum sentido? Não! Eu escolhi a fortuna do não saber e fiquei livre de uma porção de comentários inconvenientes, que só esquentam o sangue ou estremecem o coração já molenga de uma mãe prestes a aumentar a família. “Ai, que pena que não é menina…Vai tentar outro depois para ter um casal?” ou “Que ótimo que é outro menino! Você já está acostumada mesmo a cuidar de garotos” (!). Desculpa, mundo, mas eu não estava a fim de ouvir o que vocês tinham a dizer sobre o fato de o meu bebê ser menino ou menina.

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Enfim, quando chegou a nossa hora, naquela segunda-feira nublada de agosto de 2014, o bebê que habitava o meu ventre há mais de 40 semanas nasceu. Bem no finzinho do dia 25, depois de um longo e difícil parto, meu bebê esperado sem pressa, chegou às minhas mãos, entregue em silêncio pela médica, para que eu pudesse levantá-lo e conhecê-lo. Com as mãos fracas, com dificuldade, eu o ergui e, chorando, falei alto: “é uma menina! É a Elis! A nossa Elis!”. E, assim, naquele instante, o maior enigma da minha vida se esclareceu e confirmou o que eu já sabia…. Fosse quem fosse aquele bebê, eu o receberia com todo o meu amor.

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*Texto escrito pela querida parceira Fabiana de Toledo, mãe da Elis e do Eduardo.