Você tem mais de um filho ou está pensando em planejar a vinda do segundo? Pois eu tenho certeza de que vai adorar o post de hoje, da nossa querida parceira Fabiana! O que aconteceria se tratássemos o famoso ciúmes do irmão de outra forma? Até que ponto não somos nós, adultos, quem o tornamos tão presente na família, com a chegada do caçula? Um texto delicioso de ler, para analisar, sentir e compartilhar!

Por Fabiana de Toledo Oliveira

“A Elis é uma bebê muito sortuda! Sabe por quê? Porque ela me tem como seu irmão.” Mais de uma vez, meu primogênito Eduardo, então com três anos, arrancou sorrisos da família ao reproduzir por aí (ao seu modo, é claro) as palavras que tanto ouviu logo que sua irmã nasceu. Hoje, ao olhar para trás, vejo como esse mantra sintetiza bem o espírito com que tratamos a chegada da nossa caçulinha, há cerca de um ano e meio.

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Elis e Eduardo. Aquivo pessoal, a reprodução não está autorizada.

Elis e Eduardo. Aquivo pessoal, a reprodução não está autorizada.

Minha barriga mal tinha despontado, quando o tal do ciúme do filho mais velho entrou em nossas vidas. Mas não foi o nosso pequeno quem o trouxe… Foram os grandes! E de toda parte: adultos da família, do círculo de amigos e até alguns desconhecidos que me viam com um rebento no ventre e outro de mãos dadas pelas ruas. Era uma avalanche de previsões e afirmativas: “o mais velho já está ciumento?”, “prepare-se! ele vai regredir!”, “olha, falar sobre a gravidez não é bom!”, “cuidado! vai deixar o primogênito enciumado!”, etc. Depois que minha bebê nasceu, então, danou-se! Aí, tudo o que acontecia era julgado como o temido ciúme mostrando as garras. Chorou? É ciúme! Comeu pouco? É ciúme! Está briguento? É ciúme! Adoeceu? É ciúme! Puxa, quantas sementes de aflição foram plantadas em meu peito, quando tudo o que eu mais precisava era de um bálsamo para abrandar os difíceis sentimentos que assolam uma recém mãe de dois. Mas sabe de uma coisa? Eu me recusei a cultivá-las! E o que não é nutrido está fadado a morrer, não é mesmo?

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A verdade é que, desde que me tornei mãe, tive de me acostumar na marra com a ideia de que não dá para decifrar cada lágrima, cada olhar, cada suspiro dado pelos nossos filhos. Afinal, por mais que a gente tente traduzir os pensamentos e comportamentos dos pequenos, vira e mexe, eles nos desconcertam e mostram que o universo deles é simples (e fascinante) demais para ser convertido nas complexas (e muitas vezes cansativas) explicações do mundo adulto. Da minha parte, devo admitir: acho uma chatice essa história de ter de enquadrar esses serzinhos tão deliciosamente espontâneos nos depósitos de rótulos que muita gente grande ama.

Receber um irmão e perder o posto de filho único deve ser difícil? Claro que sim! Deve ser uma experiência tão única e cheia de nuances que me parece pobre demais reduzi-la a uma só palavra: ciúme. Ora, se até os pais – que, em tese, são maduros – têm de remexer a cintura para se adaptar à nova configuração familiar, por que com as crianças seria diferente? Confesso que sorrio amarelo quando dizem que algum jeitinho do meu filho mais velho é um reflexo desse amargo sentimento. Será mesmo? Creio que pode ser apenas as novidades trazidas pelo seu desenvolvimento. Afinal, crianças mudam o tempo todo e os desafios para guiá-las sempre se renovam. É ou não é? Então, prefiro pensar que não sei que nome dar a determinadas atitudes do meu filho… E não preciso saber! Simplesmente porque isso não me ajudará a lidar com as agruras dessa etapa de nossas vidas. Ao contrário, o que essa classificação poderá fazer é me pregar grandes armadilhas – como fazer o meu filho acreditar que é mesmo aquilo que os seus pais tanto dizem que ele é.

Aqui em casa, quando o assunto é a disputa da atenção dos pais pelos filhos, o tratamento que damos a ele é o mesmo que damos a tantos outros temas delicados que vivem nos fazendo arrancar os cabelos. Procuramos ouvir, afagar, acolher o choro, legitimar os sentimentos, falar das nossas fragilidades, enfim, respeitar a nossa criança e lhe assegurar (quantas milhares de vezes for preciso) o nosso infinito amor. Mas que fique claro: também colocamos limites, falamos grosso quando necessário e reforçamos o que é aceitável e o que não é. E sim, por vezes, também ficamos cansados e nos sentimos perdidos.

Diante das cabeludas histórias que já ouvi por aí, posso dizer que, por essas bandas, houve pouca encrenca envolvendo esse tema. E a fórmula mágica que usamos para isso, de mágica não tem nada. Apenas seguimos a promissora cartilha da criação norteada pelo afeto, que enfatiza a importância da presença, dos cuidados e da disponibilidade emocional dos pais em relação às suas crias. Fora isso, mostramos o quanto o bebê era bem-vindo e o quanto estávamos felizes, estimulamos o contato dos irmãos desde cedo e nunca dissemos que o nosso menino estava ciumento – nem para ele nem para os outros.

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À base de muitos passeios, brinquedos espalhados pelo chão do quarto, filmes assistidos grudadinhos no sofá, revezamento entre pai e mãe, pedidos de “ajuda” nas tarefas com a irmã, refeições em família, colo em livre demanda, momentos proibidos para RNs, lancheiras montadas como a mamãe sempre fez e outras bobeiras dessas que, unidas, formam o tal do vínculo, vimos o Eduardo abraçar a chegada da Elis sem ter de abrir seus braços à força. E, assim, a “nossa bebê” – como sempre nos referimos a ela ao falar com o nosso garoto –, foi conquistando a todos, inclusive ao seu “imão”, como ela carinhosamente o chama.

Modéstia às favas, posso dizer que soubemos como deixar claro para o nosso primeiro filho que ele ainda reina em nossas vidas e que só ganhou uma rainha pra compartilhar o seu trono. Quanto às crenças sociais que só servem para enfraquecer e amedrontar mães e pais e que ignoram as singularidades dos pequeninos e a sua natureza lúdica e primitiva, optamos por mostrar a língua para elas. Ihhh, acho que pode ser um sinal de que somos ciumentos (ou desobedientes) demais…