Depois dos seis meses de vida, o bebê já está ponto para começar a provar novos alimentos, além do leite materno. Para algumas mães, essa fase de adaptação pode ser um pouco complicada. Mas basta ter um pouco de paciência, compreensão e seguir as orientações certas, que esse período de descobertas tem tudo para ser delicioso! Para auxiliar quem está passando por isso com o filhote, nossa colunista, a talentosa Priscilla Moretto, chef de cozinha dedicada à alimentação infantil, reuniu algumas dicas bem bacanas. Não deixe de conferir, que o post está demais!
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Por Priscilla Moretto
A introdução alimentar é um momento cheio de dúvidas e expectativa para as mamães. Alguns questionamentos surgem – afinal, é normal se perguntar como oferecer os alimentos aos bebês, o que deve ser colocado no cardápio deles (e o que não deve), como preparar as papinhas e fazer boas escolhas para que o pequeno receba todos os nutrientes necessários.
Realmente, essa não é uma tarefa muito fácil, mas seu esforço para que ela dê certo é importantíssimo! Isso porque é nesse período que a criança tem os maiores índices de desenvolvimento intelectual, e em que ela cria hábitos para uma vida inteira.
Veja também: O que servir ao bebê dos 6 meses a 1 ano de idade (em cada mês, com que frequência e qual tipo de alimento)
Por outro lado, o momento da introdução alimentar também é mágico. Você pode se aventurar com seu bebê nessa experiência única de conhecer os alimentos, um a um, além de acompanhar de perto o desenvolvimento do filhote! Está pronta? Então, confira algumas dicas que vão ajudá-la nesse processo:
– Pais e mães são exemplos: se vocês não têm hábitos alimentares saudáveis, chegou o momento de mudar a alimentação de toda a família. É para o bem de todos!
– Os alimentos de mais fácil aceitação pelo bebê: são os de sabor adocicado. Dessa forma, invista em batata doce, abóbora, beterraba e cenoura, assim que começar a introdução (as chances de seu filho recusá-los são menores, e o processo flui mais tranquilamente!). Nesse começo, é interessante oferecer os legumes separados, sempre amassados com o garfo. Nada de processador e nem de peneira.
– É importante que o pequeno consiga identificar cada alimento: percebendo a textura, cor e sabor de tudo o que come. Preste atenção quando você começar a oferecer comidinhas com alimentos misturados, ou seja, as famosas papinhas. Na hora de preparar a papinha do seu filho, coloque sempre um alimento “estrela”, principal, que se destaque pela cor e sabor. Isto ajudará seu pequeno nesse processo de identificação e conhecimento.
– Tenha calma: durante a introdução, vá gradualmente alterando as texturas dos alimentos, oferecendo pedaços de tamanhos diferentes (o que estimulará sua mastigação). Para você ter uma ideia, a maior dificuldade das pessoas gostarem de certos alimentos têm mais a ver com a textura do que com o sabor – por isso, é tão importante oferecer de tudo.
– Fique de olho nos temperos: use e abuse de especiarias e temperos, como salsinha, cebolinha, coentro, alecrim, tomilho, salvia, cominho, canela, cravo, cúrcuma, anis estrelado, cardamono e curry, para dar sabor às papinhas. Além de conter propriedades nutritivas até difíceis de serem calculadas, seu bebê vai criar um paladar mais apurado (e essa ação pode evitar, ainda, que ele desenvolva algum tipo de preconceito alimentar). O sal não deve ser utilizado – o ideal é que ele só entre na alimentação do pequeno após 1 ano de vida e, ainda assim, com moderação. Quando seu filho crescer, prefira usar o sal marinho ou do Himalaia nas comidas, pois eles são mais saudáveis e contêm mais mineiras naturais do que o comum.
– Atenção à variedade: é importante que as papinhas tenham alimentos de grupos alimentares importantes para garantir uma ingestão de nutrientes essenciais na alimentação do seu bebê. São eles: carboidratos ou tubérculos, verduras, legumes, leguminosas (feijões, lentilhas e etc), carnes (frango, boi, cordeiro, rã). O ovo pode ser consumido a partir dos seis meses, mas deve ser levado em consideração históricos alérgicos na família, junto com a orientação do pediatra.
– Ofereça de tudo para o bebê, até o que você não gosta: o pequeno deve experimentar todos os alimentos que puder, e então decidir o que agrada ou não seu paladar. Não poupe as aventuras gastronômicas, pois é nesse momento em que o filhote cria bons hábitos alimentares; por isso, invista em tudo – sem preconceitos!
Como organizar a produção das papinhas
Para conseguir organizar as papinhas na rotina corrida com o bebê, o ideal é preparar tudo em um dia e congelar em pequenas porções vários tipos e sabores variados. Diferente do que muita gente pensa, o congelamento barra a perda de nutrientes, ou seja, é uma ótima forma de conservar os alimentos.
Produzindo em casa, as papinhas duram cerca de 1 mês no congelador. Tente preparar vários grupos alimentares e misture-os, combinando os melhores sabores, para ter variedade de gostos e nutrientes para o seu bebê durante toda a semana.
Prepare também caldos caseiros para usar como base nas papinhas. Além de dar sabor, eles são ricos em nutrientes. Você pode congelá-los em cubos de gelo e em sua preparação, colocar legumes, verduras e temperos frescos. Quando precisar, retire do congelador e prepare uma papinha saudável com praticidade.
Como higienizar os potes de vidro
Outra dica é usar vidros para envasar, pois eles são esterilizados com facilidade, não contém bisfenol A ou BPA e são super ecológicos. Para higienizar vidros, basta colocá-los por 30 minutos em água fervente, retirar com um pegador e deixar esfriar um pouco. Envase a papinha ainda quente e coloque-a direto no congelador. Esse processo de choque térmico, chamado branqueamento, evita a perda de nutrientes. Outra opção é procurar plásticos com bisfenol free e armazenar as comidinhas.
Atenção: não deixe de colocar a data em que a papinha foi produzida para garantir a qualidade do produto e saber até quando ele poderá ser consumido.
Dicas importantes para que o seu filho se alimente bem:
1 – Tenha bons hábitos alimentares em casa. Vocês são exemplos!
2 – Apresente sempre alimentos novos.
3 – Não desista se ele rejeitar o alimento na primeira vez. Apresente-o em outro momento.
4 – Leve seu bebê para as compras, principalmente à feira. Mostre as comidas, deixe ele ver, pegar e cheirar. Isso torna o processo familiar.
5 – Dê à ele frutas inteiras e não somente em forma de papinha.
6 – Compre sempre alimentos frescos, de preferência orgânicos.
7 – Tenha regras na hora de comer.
8 – Sempre que fizer uma papinha, mantenha algum alimento como principal – tanto na cor como no sabor. Não bata vários alimentos para ter uma papinha sem cor, sem graça.
9 – Harmonize bem as papinhas, use e abuse de temperos frescos e especiarias para substituir o sal e o açúcar.
10 – Incremente sempre à refeição algum alimento que a criança possa pegar com a mão, como espiga de milho, cenouras cozidas, brócolis, entre outros.
11 – Ofereça os alimentos cozidos em porções separadas, para o bebê ter contato com o alimento in natura, sentindo sua textura e sabor.
12 – Tente alterar o cardápio do almoço e jantar, para mudar os nutrientes e alimentos.
13 – Conheça seu verdureiro e seu açougueiro. Tire dúvida com eles, isso sempre ajuda!
Agora, reuni algumas receitas para que as mamães e os papais ofereçam papinhas nutritivas e saborosas para os seus bebês – sem medo de ser feliz! Vem ver:
Receitas:
* Papinha de manga, laranja e chia
1/4 de uma manga grande
suco de meia laranja
1 colher de chá de chia
Picar a manga em cubos pequenos. Hidratar a chia no suco da laranja. Misturar tudo e servir.
* Papinha de banana, cupuaçu, aveia e canela
1 banana nanica
½ da porção de banana de cupuaçu
1 colher de chá de aveia
1 pitada de canela
Amassar a banana e o cupuaçu e misturar. Polvilhar com aveia e uma pitada de canela.
* Papinha de melão, água de coco e anis estrelado
1 xicara de melão
½ xícara de água de coco
1 anis estrelado
Corte o melão em cubos pequenos e cozinhe com a água de coco e 1 anis estrelado por 15 minutos ou até que fique macio. Deixe esfriar e sirva sem o anis.
* Papinha de polenta com carne e couve
1/2 xícara de chá de músculo picadinho
2 colheres de chá de cebola
2 colheres de chá de alho poró
1 colher de café de alho
2 colheres de sopa de tomate picado
2 xícaras de chá de caldo de carne caseiro
1 de xícara de café de fubá
1/2 xícara de café de couve picada crua
salsinha e cebolinha a gosto
sal marinho, uma pitadinha
Desfie a carne. Corte a cebola, tomate, alho poró e alho em cubos pequenos. Refogue no azeite a carne com os temperos. Jogue o caldo de carne e misture o fubá e a couve. Cozinhe até engrossar e finalize com salsinha e cebolinha.
* Papinha de feijão carioquinha, frango no óleo de coco
1 xicara de feijão carioquinha cozido
½ xícara de frango picadinho cozido
1 colher de chá de óleo de coco
1 colher de chá de coco fresco ralado
1 colher de chá de cebola
1 colher de café de alho
1 pitada de cominho
Coentro a gosto
Processe ¾ do feijão no próprio caldo e reserve o restante. Refogue no óleo de coco o frango cortadinho em cubos. Depois que esteja selado os dois lados, inclua a cebola e o alho e deixe-os até a cebola murchar. Jogue o feijão processado e inteiro, o coco fresco, o cominho e cozinhe até que fique tudo bem misturado. Finalize com coentro fresco e sirva.
– Sugestão de combinações para papinhas:
Beterraba, feijão branco e gengibre (vegano)
Abóbora, caldo de frango, frango desfiado e alecrim
Feijão preto, caldo de carne e coentro
Grão de bico, cenoura, salsão e cúrcuma
Mandioca, frango e leite de coco
Canja de galinha com quinua em grãos
Batata, pêra e alho poró
Polenta com lentilha e frango