Não temos dúvidas de que a maquiagem infantil, nos dias atuais, ainda divide muitas opiniões. Há quem apoie o uso, desde que com cuidado, enquanto outras famílias podem negar por completo esse tipo de produto no dia a dia dos pequenos.
Entretanto, embora não exista uma resposta única quando a pergunta é “permitir ou não”, existem pontos de reflexão que podem ajudar cada família na sua decisão. Neste texto, nós reunimos alguns desses pontos.
Lembrando também que é importante conversar com o pediatra para verificar se o uso está liberado ou não, no sentido de haver problemas de saúde que impedem ou não, ok?
Com isso esclarecido, vamos ao conteúdo de hoje!
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Menina sorrindo com rosto maquiado. Foto: Canva.
Reflexões sobre a maquiagem infantil
Existem muitas reflexões que podemos levar em consideração quando pensamos em maquiagem infantil. Mas, antes de qualquer coisa, é importante destacarmos que não estamos aqui para dizer o que é certo ou errado para a sua família. Quem deve avaliar esses aspectos é você, em conjunto com o pediatra da criança, ok?
Afinal, sabemos que cada família possui os seus ideais, conceitos e ideias, logo, não podemos dizer se é “certo ou errado” usar a maquiagem infantil ou não. Entretanto, trouxemos algumas reflexões que podem ser um pouco provocativas, mas que nos ajudam a tomar decisões baseadas em argumentos que possam ser mais interessantes.
Com isso esclarecido, sigamos para as nossas considerações de hoje:
1. O que a maquiagem significa para a criança?
Um bom ponto de partida que a família pode avaliar é o que a maquiagem infantil realmente significa para a criança. Isto é, a criança está usando a maquiagem para qual finalidade?
Muitas vezes, a criança adota o uso de maquiagem para imitar algum familiar, para parecer uma princesa, para usar algo colorido e divertido, enfim… São muitas as possibilidades.
Porém, quando esse uso começa a estar focado em “esconder defeitos” ou “se sentir bonita”, a ponto de só se sentir bem se estiver maquiada, é importante ter um olhar mais atento. Afinal de contas, a maquiagem não pode interferir na autoestima desse modo, fazendo com que a criança a use como uma forma de “se sentir melhor”.
A maquiagem deve ser algo mais lúdico, que conecte a criança com sua imaginação. Isso quer dizer que, nesse contexto, a maquiagem deve ser um brinquedo, não uma solução para “defeitos”. Uma visão é bem diferente da outra.
Sendo assim, verificar o que pode ser que a criança está percebendo, com relação ao uso da maquiagem, é um bom ponto de partida para verificar se realmente é bom para ela usar esse tipo de coisa, ou não.
Caso você perceba que o uso está causando algum tipo de imposição e mal-estar, é importante conversar com a criança para compreender o que ela sente, tentando explicar que a maquiagem é apenas algo para brincar, parecer uma personagem do desenho, enfim, mas não algo que deva ser visto como uma “regra”.
Se porventura você detectar que a criança que já usa maquiagem infantil está sofrendo emocionalmente, considere buscar suporte profissional, está bem?
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Menina com maquiagem de borboleta. Foto: Canva.
2. Maquiagem infantil: Atenção à idade e aos produtos
A idade da criança também pode entrar na nossa reflexão com relação à maquiagem infantil. Isso porque, a idade influencia diretamente na maneira como os pequenos enxergam as brincadeiras e as coisas. Além disso, a idade também influencia na maturidade da pele que a criança já possui.
Nesse sentido, é válido verificar se os produtos que estão sendo usados são, realmente, adequados para a faixa etária. Esses produtos precisam ser liberados pela ANVISA, e devem conter informações quanto à idade que pode usar com segurança.
Afinal, cada fase da vida é diferente, e a pele de uma criança de 3 anos não é a mesma coisa que a de uma criança de 8 anos, concorda?
Sendo assim, sempre verifique se é um produto feito para crianças e da idade correspondente a dos seus pequenos.
E, ah! Aqui vai um aviso importante: aquelas maquiagens que vêm com bonecas NÃO necessariamente são ideais para a pele infantil, ok? Muitas vezes, são desenvolvidas apenas para as bonecas em si!
Outra informação: a maquiagem feita para pessoas adultas não são seguras para as crianças. Mesmo quando são produtos hipoalergênicos, devemos nos lembrar que a pele dos pequenos é mais sensível, e que a aplicação pode ser arriscada.
3. Deixar ou não deixar se maquiar sozinha?
Se porventura você optou por permitir que a criança use maquiagem infantil, pode surgir outra dúvida: Deixar ou não deixar que ela faça isso sozinha? Bem, existem alguns pontos que podemos levar em consideração para refletir sobre isso:
- Os órgãos competentes dizem que as crianças só deveriam se maquiar sozinha após os 5 anos de idade. Antes disso, podem se machucar usando os produtos;
- Os produtos usados devem sempre ser de acordo com a faixa etária;
- Esse ato de se maquiar sozinha não deveria virar um hábito, pois pode se tornar algo ruim para a criança. É o caso de ela querer se maquiar todos os dias para ir para a escolinha pois, caso contrário, se sentiria “mal” ou “feia”. Se isso estiver acontecendo, é importante intervir e auxiliar essa criança com relação à autoestima dela;
- O ato de se maquiar sozinha deveria ser sempre pautado na ludicidade, e não em uma vaidade não condizente com a faixa etária da criança. Isto é, ela pode se maquiar sozinha para se expressar, fazer algo diferente, divertir-se e brincar, não para “ser diferente” do que ela é ou “atingir algum resultado” que a faça ficar “mais bonita” especificamente.
Sabemos que esses pontos são complexos até mesmo para nós, adultos, entendermos em alguns casos. Por isso, essas reflexões devem ser feitas com calma, avaliando o contexto de cada família.
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Estojo de maquiagem com diversas cores. Foto: Canva.
4. Maquiagem infantil: A visão da maquiagem deve ser lúdica
Como mencionamos acima, a visão da maquiagem não deveria escapar da ideia de ser algo lúdico. Isto é, a criança deve ser estimulada a enxergar as cores e as opções de maquiagem como uma forma de brincar, expressar-se e de se divertir.
Quando a maquiagem infantil começa a escapar desse campo, e passa a ser vista como algo muito importante que deve ser feito antes de sair de casa, é válido os pais olharem para a situação com mais atenção.
A maquiagem é uma brincadeira, um item que complementa momentos de diversão, não algo que deve fazer a criança se sentir ansiosa caso não possa usar. Lembrar de estabelecer limites, nesse sentido, é um caminho promissor para um uso mais equilibrado.
5. Cuidados com a possível sexualização
Algumas cores e estilos de maquiagem podem criar um visual muito “adultizado” da criança, e isso pode ser perigoso em muitos aspectos. É o caso de fazer uma produção que possa estabelecer uma sexualização infantil.
Esse tipo de efeito pode trazer prejuízos para a criança e adolescente, que poderá começar a se expor de uma forma não adequada para a sua faixa etária, atraindo, inclusive, situações perigosas.
A maquiagem não deveria ser usada em tons muito intensos, como um batom vermelho, já que, naturalmente, remete a algo mais “sensual” no universo adulto. Portanto, ter esse senso para mensurar o que realmente cria algo infantil e o que pode estar fazendo a criança parecer uma adulta é muito importante.
Se você sente que tem dificuldades para visualizar esse tipo de coisa e analisar se algo realmente está ok para a faixa etária ou não, sugerimos que converse com algum profissional, como um pedagogo, um psicólogo infantil, e assim por diante.
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6. Maquiagem infantil: Apoio e atenção com relação à autoestima
A autoestima da criança está se formando a cada dia e a cada interação que ela vai construindo em sua rotina. Isso inclui o uso da maquiagem infantil.
Os pais e toda a família devem estar sempre ao lado dessa criança, incentivando-a a compreender todas as suas qualidades, pontos fortes e a sua beleza por dentro e por fora.
Esse reconhecimento ajuda a combater o comportamento de usar a maquiagem como a única maneira de se sentir bonita. Se a criança está adotando essa postura, é importante que os pais possam intervir para auxiliar na construção de uma autoestima saudável.
Menina com maquiagem de arco-íris no rosto. Foto: Canva.
As crianças não deveriam, jamais, sentirem-se “feias” porque estão sem maquiagem. Esse tipo de sentimento pode ser carregado por toda a vida, criando distúrbios de imagem significativos mais tarde.
Portanto, a família deve sempre incentivar um uso consciente e divertido da maquiagem infantil, e não um uso que seja a “única forma” de a criança ou adolescente se sentir bonita e aceita.
Sabemos que esse processo pode ser difícil, mas, se você sente que a autoestima da criança está ficando abalada por conta da maquiagem, vale a pena conversar com um profissional especialista em saúde mental nesses casos, ok?
7. É bom lembrar que as crianças gostam de imitar
Por fim, outro ponto que devemos refletir, quando pensamos em maquiagem infantil, é que as crianças amam imitar os adultos e as pessoas à sua volta.
Isso quer dizer que, às vezes, pode ser que a criança esteja demonstrando o interesse por usar maquiagem porque percebe que alguns membros da família fazem esse uso.
Então, se a família não quer que a criança use, é interessante ter uma conversa esclarecedora com ela, explicando que a maquiagem é usada em determinados contextos, que ela poderá usar em breve, e assim por diante.
Dessa maneira, é possível ajudar os pequenos a entenderem o comportamento de algumas pessoas, para que não queiram apenas imitar por imitar.
Entretanto, se a criança ainda assim quiser usar a maquiagem infantil, a família deverá ter paciência e consistência nas regras que estabelecer, sempre seguindo as recomendações do pediatra e o que ela julga ser interessante ou não para os seus filhos.
Diversas maquiagens sobre a penteadeira. Foto: Canva.
Agora que você pôde ler todas essas reflexões, conte para a gente: a maquiagem infantil já faz parte da vida dos seus filhos? Como foi a inclusão desse tipo de cosmético?
Deixe os seus comentários e vamos juntos montar uma comunidade de troca de ideias, para que mais famílias possam refletir sobre o uso consciente de maquiagem na infância e adolescência.
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