Há alguns dias eu recebi uma mensagem de uma leitora que achei importantíssimo compartilhar com vocês. Nela, essa mãe me contava que havia descoberto que a forma de posicionar seu bebê no berço, apenas de cabeça para cima, havia causado uma assimetria craniana nele – um deformação que exigiu o tratamento com um capacete ortopédico. Eu me lembro que em determinado momento, eu percebi que a cabecinha de Catarina estava ficando levemente achatada, e que minha mãe insistiu para que eu variasse seu posicionamento ao dormir. E imagino que muitas mães tenham a mesma dúvida.

A seguir, um relato dessa mãe, na qual ela conta toda a história. Que possamos compartilhar com outras mães, como forma de alerta!

Imagem: 123RF

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Pietro nasceu de cesariana agendada, com 39 semanas. Optei pela cesárea por diversos fatores pessoais, mas no fim se provou a escolha certa, pois havia mecônio quando a médica abriu. Ele nasceu bem, com 49 cm, 3,3 kg. A única complicação foi um desconforto respiratório que fez com que ele passasse sua primeira noite na UTI. No dia seguinte, o Pietro foi liberado para o quarto.

A amamentação foi um desastre. Por conta da noite na UTI, ele precisou de complemento desde o início. Consegui amamentá-lo até os dois meses, junto com o complemento. Ele ia pegando cada vez menos o peito.

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Desde o nascimento, fomos orientados a colocá-lo para dormir de barriga para cima, para evitar a Síndrome da Morte Súbita e seguimos à risca essa orientação. Eu vivia com medo disso no início. A orientação de que durante o dia deveríamos ficar mudando o bebê de posição só veio aos dois meses, porque meu marido questionou a pediatra sobre a cabeça dele, que nos parecia achatada na parte de trás (minha mãe e minha sogra haviam notado nessa época e diziam que antigamente os bebês dormiam de lado e variavam o lado para não achatar). Até então, eu achava que era lenda que a posição do bebê poderia deformar sua cabeça. Nessa consulta com 2 meses, a médica nos orientou sobre posicionamento, evitar deixá-lo deitado o dia todo e disse para comprarmos um travesseiro com um furo no meio. Fizemos tudo isso por dois meses, na esperança de uma melhora. Achamos que havia melhorado um pouquinho, mas sinceramente não sei se não estávamos apenas nos enganando porque não queríamos ver que nosso pequeno lindo, sorridente, saudável estava com a cabeça deformada.

Veja também: Cabeça do bebê amassada ao dormir: entenda a assimetria craniana

Uma bela noite, minha mãe me enviou uma notícia sobre assimetria craniana em bebês (essa que está mostrada aqui abaixo). A matéria mostrava formatos de cabeça e criancinhas com um capacete na cabeça, com uma mãe contando a história do seu bebê. Na hora, fiquei brava com a minha mãe, pensando “meu filho não precisa disso!”, mas ao mesmo tempo, olhando a matéria, identifiquei o formato da cabecinha do Pietro no desenho que mostrava a braquicefalia.

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Resolvi entrar em contato com a clínica mencionada na matéria (Heads). Marquei uma consulta para a segunda passada, 13 de março, certa de que ouviria que tudo se resolveria sem o uso do temido capacete. Para meu desespero, após fazerem um scaneamento da cabecinha do Pietro, tivemos o diagnóstico de braquicefalia posicional severa. A relação entre o comprimento e a largura da cabeça estava em 100%. Como a cabeça dele não conseguiu crescer para trás, para acomodar o cérebro, ela cresceu mais para o lado do que deveria. O perímetro cefálico dele é normal para a idade dele, mas a relação entre as medidas cranianas deveria ser entre 75% e 85%. O prognóstico foi o uso do capacete, que seria feito sob medida para ele, limitando por alguns meses o crescimento lateral e deixando espaço para o crescimento na parte de trás da cabeça. Ficamos apavoradas, mas convencidas do uso do capacete.

No dia seguinte, o Pietro tinha consulta com a pediatra. Levamos o diagnóstico e ela disse que ainda achava que conseguiríamos resolver com reposicionamento. Disse que nenhum de seus pacientes tinha usado, mas se quiséssemos um resultado rápido, poderíamos optar pelo tratamento, pois não havia contraindicação, além do alto investimento (e, claro, de ter um bebê com capacete por alguns meses). Ela sugeriu que perguntássemos qual seria o prejuízo de esperar mais dois meses. Mas também disse que se não fizéssemos o tratamento, ninguém poderia garantir que somente o posicionamento resolveria a assimetria.

Fiquei mais perdida do que cego em tiroteio. Voltamos a clínica, dizendo ao médico que a pediatra dele havia dito que com reposicionamento poderíamos resolver. Ele nos disse que isso seria uma escolha nossa. Com um bebê de 4 meses para a frente, fica cada vez mais difícil posiciona-lo e mantê-lo em uma posição. Disse que veríamos alguma melhora, sim, muito provavelmente, mas que em um caso severo (eu havia pesquisado em material dos EUA e realmente o caso dele era considerado severo), o capacete seria muito mais assertivo e nos traria melhores resultados.

O tratamento existe nos EUA há mais de 30 anos (minha cunhada mora lá e disse que é comum ver bebês com o capacete), mas no Brasil existe há cerca de 4 anos apenas. Ele só pode ser feito até os 18 meses e é mais eficiente se iniciado até os 6 meses, por conta da curva de crescimento da cabeça dos bebês. Quanto mais velho, mais tempo de capacete e menos é possível corrigir. Existe uma tendência dos médicos brasileiros a não indicar o capacete, até porque apenas 2 clínicas e a AACD fazem o tratamento, e as clínicas não são bem vistas pelos pediatras por serem elas que encomendam a órtese (capacete).

A dúvida do que fazer me atormentou, eu faria o tratamento do capacete ou pagaria pra ver se a cabeça do meu anjinho iria se consertar sozinha? Conversei com algumas mães que fizeram o tratamento (coloquei um post no grupo Mamis na madrugada e elas se prontificaram a me dar mais informações, e encontrei uma mãe na frente da clínica) e elas foram unânimes em dizer que não se arrependiam, que elas se incomodaram mais que seus bebês com o capacete e que os resultados foram ótimos.

Optamos pelo excesso de zelo, já que tínhamos condições de proporcionar o tratamento. Estou com o coração na mão por pensar nele de capacete, mas não quero arriscar que ele fique infeliz no futuro com a sua aparência ou tenha um problema na mandíbula.

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O que gostaria de verdade é de ter sido mais bem orientada sobre reposicionar o bebê durante o dia. Teria feito muitas coisas de forma diferente e provavelmente não estaríamos passando por essa situação. Obviamente nem todas as crianças que passarem o dia de barriga pra cima terão o problema em nível severo, mas está se tornando cada vez mais comum no mundo todo (veja uma notícia recente publicada no Reino Unido). Por aqui, eu não sabia disso e nem sabia que existia tratamento específico. Isso deveria ser muito mais difundido.