Dia desses uma querida amiga que virou mãe recentemente me ligou muito chateada. Seu filhote está com dois meses de vida, e embora ela tenha feito tudo o que estava ao seu alcance, o pequeno não ganha peso. Ela saiu da última consulta com o pediatra arrasada, depois da sugestão de dar complemento a ele. E sentindo uma culpa enorme, decidiu ouvir minha opinião sobre o fato.

mamadeira

Enquanto ela falava comigo pelo telefone com a voz engasgada, comecei a perceber que eu também chorava. Isso porque imediatamente me lembrei da sensação que tive quando recebi da médica de minha filha a mesma recomendação. Catarina tinha exato um mês de vida, ganhava pouco peso e chorava muito. E o que eu senti na época foi um misto de culpa (que espécie de mãe era eu que não conseguia alimentar direito minha filha?) e medo, de que ela largasse rapidamente o peito (o que felizmente não aconteceu, e eu pude amamentá-la até os nove meses). Como profissional da saúde, tenho plena consciência de que por maiores as melhorias que as empresas tenham conseguido promover nas fórmulas atuais, o leite materno é o alimento de excelência para o bebê. Nutricionalmente eles podem até ser parecidos, mas há coisas que ainda não se pode imitar, como os anticorpos que são passados de mãe para filho através do peito. Mas o que me pegava mesmo era a questão do vínculo. Eu cresci em uma família onde as mulheres tinham leite para dar e vender, amamentaram sem problemas e relatavam o quanto isso era importante para que o bebê criasse laços de afeto com a mãe. E eu olhava o plástico do bico da mamadeira e sentia uma raiva enorme, como se ele estivesse roubando minha oportunidade de ser amada por minha filha.

Aos olhos de mulheres que ainda não são mães, isso pode soar grotesco, eu sei. Mas imagino que vocês que já têm filhos, ou mesmo que estão grávidas, esperando o maior presente que a vida lhes poderia ter dado, entendam o sentimento. Para tentar evitar que Catarina desmamasse, eu sempre dava primeiro o peito (que a coitadinha sugava até a última gota, com uma paciência digna de nota!), depois o complemento (aliás, uma ótima dica se você estiver passando pela mesma situação). Nas mamadas em que a mama estava mais cheia, eventualmente ficávamos apenas no leite materno (e eu por dentro me sentia o máximo e tinha uma das reações mais infantis do mundo – olhava para a mamadeira e pensava: dessa vez em venci!).

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Eu continuo a favor de se fazer todo o possível para amamentar o bebê exclusivamente até os seis meses de vida. Mas sou prova de que, às vezes, fazer o máximo não é suficiente. As pessoas me perguntavam: “você está comendo direito? Se não comer não vai ter leite mesmo! E tomando líquido? E descansando? A pega está boa?”. E eu respondia: “sim, estou comendo o máximo que posso, tomando 4 litros de água todos os dias (eram 500mL em cada uma das oito mamadas diárias!), a pega está ótima – verificada inclusive pela pediatra – e descansando… Claro que não!!! Tenho uma filha que chora o dia todo, como é que posso estar descansada???”.

A amamentação me “enxugou” de uma forma fantástica. Após duas semanas, eu tinha perdido todos os quilos que ganhei durante a gravidez e mais alguns. Isso quer dizer que eu cheguei a pesar 43Kg! Isso mesmo, 43Kg! Certamente não tinha mais de onde meu corpo tirar matéria-prima para produzir leite! Outro dia uma mãe me contou que passou pelo mesmo, e que resolveu a questão comendo muito abacate (que tem calorias pra chuchu! Fica a dica para quem quiser tentar!). Nesse ponto, em que eu havia chegado ao meu limite, em que Catarina passava fome e não ganhava peso, eu concordei com o complemento. Podia ter sido diferente, se eu tivesse procurado os grupos de amamentação, banco de leite? Talvez sim, talvez não (hoje eu procuraria essa ajuda, mas na época nem conhecia a alternativa). Mas não me arrependo da decisão tomada.

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Como mensagem final, eu diria para você que está enfrentando o problema que deixe a culpa de lado, as comparações com amigas e familiares que já amamentaram (não é porque elas tiveram muito leite que necessariamente você precisa ter, combinado?) e que não se deixe ser julgada por quem não conhece sua história. É muito fácil falar quando não se conhece todas as dificuldades enfrentadas. Mas eu sei que o pior mesmo não é o que vem de fora, e sim de dentro. É o sentimento de impotência, de falha que nós mesmas nos impomos. Deite a cabeça em seu travesseiro sabendo que o mais importante é que seu bebê esteja bem nutrido. E que mamadeira alguma é capaz de impedir o estabelecimento do vínculo, porque amor de mãe é muito, mas muito maior do que isso!

 

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