O momento do parto é importante para todas as mulheres. As expectativas, os mitos e os medos sobre essa experiência podem transformar o parto em um dos momentos mais ansiogênicos para a gestante.

Neste período de pandemia e de quarentena a ansiedade em relação ao momento do parto pode ser ainda maior. Isso porque muitas mulheres precisarão ir ao hospital para dar a luz em meio a pandemia. Essa saída não somente rompe com a quarentena como também leva as mulheres a um ambiente altamente evitado neste momento: o próprio hospital. Mas como as maternidades estão se preparando para protegerem as mulheres e bebês neste período? Que cuidados os hospitais estão tendo para não colocarem as novas mamães e seus filhos em risco de contaminação?

Veja neste artigo alguns diferentes cuidados que algumas maternidades estão tendo para garantir uma experiência de parto mais segura em meio a pandemia. Para este artigo foram analisadas algumas maternidades importantes de quatro estados do país: Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Boa leitura!

Primeiros cuidados para um parto seguro na quarentena: Como é a chegada ao hospital?

Imagem de sala de parto de hospital embaçada

Imagem de sala de parto de hospital embaçada – Foto: Freepik

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Renato Sá é médico obstetra e coordenador geral do Centro de Diagnóstico da Perinatal, do Rio de Janeiro. Ele explica o primeiro cuidado na maternidade carioca é realizar uma triagem logo na entrada da gestante do hospital. Ou seja, a mulher é avaliada mesmo antes de ir ao quarto. Essa avaliação inicial tem como objetivo compreender qual o estado da grávida. Consequentemente, este cuidado adicional feito neste momento ajuda a equipe profissional a entender qual o nível de proteção que a gestante necessita.

Esta avaliação ocorre através de entrevista estruturada na entrada da mulher ao hospital. Isso acontece porque uma mulher que estava respeitando a quarentena e se resguardado bem não teve contato com ninguém nas últimas semanas. Por isso, essa paciente precisa de uma proteção significativamente menor, visto que ela já estava se cuidando.

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No entanto, as gestantes que não estavam respeitando de forma mais rígida a quarentena podem ter passado por situações de risco recentemente. Estas mulheres vão precisar de maior nível de atenção e de cuidado, tendo vista que elas podem ter tido contato com casos suspeitos. Obviamente, as mulheres que sabidamente tiveram contato com casos suspeitos ou confirmados também terão cuidados extras.

O primeiro elemento para a proteção extra às mulheres que precisam é o uso de máscaras. Além disso, o acompanhante dessas gestantes também terá acesso às máscaras. Nestes casos, as equipes profissionais também terão acesso a equipamentos auxiliares caso seja necessário os utilizar.

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Triagem de exclusão

Esse procedimento de avaliação prévia também é realizado em Porto Alegre no hospital Mãe de Deus. A maternidade deste hospital é referência em toda a região.

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Clarice Alves Fagundes é coordenadora dos serviços da ala materno infantil. Clarice informa que todas as gestantes que chegam ao local são submetidas ao que a profissional chama de “triagem de exclusão”. Esta triagem ocorre na emergência principal e tem como objetivo verificar a presença de sintomas gripais.

Se a gestante apresentar sintomas gripais, ela é direcionada a uma ala nova chamada “área Covid“. Neste caso, a mulher tem um leito específico onde poderá descansar até receber a avaliação de dois médicos: o responsável pela emergência naquele plantão e o responsável pelo centro obstétrico daquele plantão.

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Separação de fluxos

Médico colocando luvas cirúrgicas

Médico colocando luvas cirúrgicas – Foto: Freepik

Entretanto, a Rede Mater Dei de Saúde (Minas Gerais) e o Grupo Santa Joana (São Paulo) estão apostando em uma separação total dos fluxos.

Márcia Salvador é coordenadora do setor de Ginecologia e Obstetrícia da Rede Mater Dei de Saúde. A médica conta que no espaço a separação das gestantes saudáveis daquelas com possível suspeita do novo Coronavírus ocorrem antes mesmo da primeira avaliação dos profissionais de saúde.

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A profissional conta que foram feitos fluxos absolutamente diferentes para pacientes gripadas e pacientes não gripadas. Ou seja, em termos práticos isso quer dizer que a estrutura física e as pessoas que fazem o atendimento são diferentes. Basicamente, se você for ao local com sinais de gripe o espaço que você ficará e as pessoas que vão te atender não será o mesmo de quem atende as mulheres não gripadas. A médica acredita que isso reduz em muito a possibilidade de contaminação, tendo vista que não há nenhum contato nem mesmo indireto entre as gestantes com ou sem gripe.

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Treinamento da equipe de recepção

O Grupo Joana, de São Paulo, também aposta na diferenciação dos fluxos. Lívio Dias é infectologista da instituição e conta sobre treinamento realizado com as recepcionistas do hospital. O médico narra que as profissionais da recepção foram treinadas para detectar sintomas sugestivos de Covid. Nestes casos de suspeita, as profissionais são orientadas a encaminhar a gestante para uma ala especial. O atendimento nesta ala é praticamente imediato.

Além do encaminhamento para esta ala especial e atendimento rápido, as gestante sob suspeita de Covid também recebem imediatamente máscaras para uso individual.

Checagem anterior para partos agendados

O Grupo Joana também tomou medidas extras nos casos de partos agendados. O especialista Lívio Dias conta que no caso de partos agendados é possível realizar contatos prévios, uma vez que já se sabe que aquela mulher virá ao hospital.

A checagem anterior realizada pela instituição é uma ligação telefônica para compreender o estado da gestante. Na entrevista telefônica, se descobre se a mulher está com sintomas gripais ou não, bem como seu acompanhante.

Hora do parto, internação e pós-parto: Estrutura física e atendimento especial

Médico obstetra em trabalho de parto

Médico obstetra em trabalho de parto – Foto: Freepik

Naturalmente, a avaliação inicial das gestantes com e sem risco de Covid é somente o primeiro passo dos cuidados necessários na maternidade. Depois da distinção entre os casos, as mulheres com suspeita recebem atenção adicional de toda a equipe de trabalho. Essa atenção extra e cuidados adicionais ocorrem inclusive durante o trabalho de parto.

Na maternidade do hospital Mãe de Deus (Porto Alegre, RS), Clarice conta que se a gestante necessitar de internação devido a questões obstétricas, a mulher com suspeita será encaminhada para uma sala para grávidas específica. Esta sala especial conta com recursos para controle da doença. A coordenadora ainda narra que o mesmo cuidado vale para o momento do parto. Isso porque o hospital conta com uma sala de parto estruturada especialmente para mulheres com Covid-19.

Clarice conta que “Na sala, deixamos todo o equipamento indicado para o nosso profissional e a gestante também faz tudo ali. Tem o berço de urgência, para atender o bebê dentro da sala, porque nada sai dali. Tudo é feito no local. Se ela precisar de cesariana, também trabalhamos com sala de pressão de negativa, onde há um controle do ar que entra e sai para que não fique circulando no local”.

O Grupo Santa Joana (São Paulo) também trabalha na linha de separação de ambientes. Entretanto, a instituição também aposta em outras atitudes para levar maior proteção a gestante e ao bebê. Além da separação dos ambientes físicos, o local também conta com fluxos preparados para receber melhor as pacientes.

Os fluxos construídos neste momento de pandemia no Grupo Santa Joana dizem respeito ao ar que circula na sala, equipamentos usados e restrição de circulação de pessoas na maternidade.

Cuidados e atenção com o acompanhante

As maternidades parecem perceber que a atenção ao acompanhante é tão importante quanto a atenção a gestante e ao recém-nascido. Obviamente, isso é um ponto importante de ser destacado tendo vista que a lei do acompanhante garante este direito a todas as mulheres. No entanto, como controlar a situação para evitar situações de risco?

Para tentar dar conta desse risco adicional, as maternidades estão estendendo a triagem inicial aos acompanhantes. Ou seja, além das gestantes, os acompanhantes também são avaliados ao chegarem ao hospital. Além disso, as maternidades estão repensando os seus fluxos de acompanhantes. Isso porque as instituições compreendem que é altamente arriscado deixar os acompanhantes ficarem entrando e saindo do hospital o tempo todo.

Na Perinatal (Minas Gerais), cada gestante tem direito a apenas um acompanhante. Ou seja, o acompanhante escolhido pela mulher não poderá ser substituído por outro posteriormente. É bastante comum que os acompanhantes revesem entre si, principalmente aqueles tem compromissos a cumprir. No entanto, neste momento isso está proibido. Este é um cuidado que independente da mulher ser considerada saudável ou ter suspeita de Covid: todas elas têm direito a apenas um acompanhante.

Isso quer dizer que o acompanhante escolhido deverá ficar com a mulher desde a entrada do hospital até a sua alta. Além disso, a pessoa não poderá ficar entrando e saindo da maternidade: ela precisa permanecer no local durante todo o tempo. E isso se estende mesmo aos corredores. Neste momento de pandemia, o acompanhante não tem direito de ficar circulando pelos corredores. O seu objetivo é permanecer no quarto com a mulher até a alta.

Rotatividade de acompanhantes

Pai escutando barriga de grávida antes do parto

Pai escutando barriga de grávida – Foto: Freepik

No hospital Mãe de Deus (Porto Alegre), as equipes também têm a preocupação de que cada gestante permaneça com apenas um acompanhante. Entretanto, este cuidado é mais focado no caso das gestantes sob suspeita de Covid-19.

Apesar desse cuidado, a coordenadora Clarice compreende que existem situações que exigem olhares especiais e exceções. Devido a isto, foi decidido que é possível haver algumas aberturas de exceções para o caso das gestantes saudáveis. Ou seja, as mulheres com suspeita de Coronavírus precisarão permanecer com o mesmo acompanhante independente da situação.

Clarice conta que compreende que um acompanhante que tem outro filho em casa pode necessitar realmente de uma troca. Isso é especialmente relevante nos casos em que a família não possui rede de apoio para deixar a criança com alguém ou sua rede é exclusivamente constituída por pessoas de grupo de risco. Exemplo disso são famílias que contam com apoio dos avós, que são idosos.

Nestes casos excepcionais (e quando a mulher for saudável), é possível dialogar sobre uma troca. Entretanto, destaca-se que a troca ocorrerá uma única vez. Ou seja, depois da troca o antigo acompanhante não poderá voltar a maternidade e este novo acompanhante deverá ficar com a mulher até sua alta.

Por isso, é fundamental que a mulher e a família se organizem de forma a não precisarem efetivar a troca ou que a façam com alguém que tenha condições de permanecer no hospital por longos períodos. Isso é importante porque se houver complicações que exijam maior permanência na maternidade, o acompanhante também precisará ficar lá.

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Lei do acompanhante

A lei do acompanhante veio para garantir que toda gestante terá este direito garantido. Esta lei foi extremamente importante porque a maior parte das instituições de maternidade do Brasil (tanto públicas quanto privadas) desrespeitavam este direito básico. Ou seja, a maior parte das gestantes passava por experiências de parto totalmente sozinhas. Diversos estudos nacionais e internacionais demonstram que a presença de um acompanhante reduz significativamente os níveis de ansiedade da mulher e o risco dela sofrer violência obstétrica.

Infelizmente, há relatos de instituições nacionais que estão se movimentando no sentido de voltar a violar este direito durante a pandemia. Obviamente, o novo Coronavírus é o argumento perfeito para qualquer hospital utilizar ao tomar a decisão de negar o acompanhante.

Felizmente, as quatro instituições apresentadas neste artigo permanecem respeitando a lei do acompanhante (mesmo que com adaptações). O Grupo Santa Joana, por exemplo, decidiu que os cuidados com higienização e aparatos de proteção sejam redobrados caso o companheiro de uma gestante sob suspeita de Covid deseje permanecer no ambiente hospitalar.

Na Rede Mater Dei de Saúde (Minas Gerais), Márcia explica que há maior flexibilidade para rotatividade do acompanhante quando o mesmo está com uma gestante saudável. No entanto, as mulheres sob suspeita do novo Coronavírus têm direito a apenas um acompanhante que deverá a acompanhar durante todo o período hospitalar e tem direito de deixar o espaço somente junto com a paciente.

E os cuidados com o recém-nascido neste período?

Bebê recém-nascido com pés apontando para câmera sendo segurado por adulto

Bebê recém-nascido com pés apontando para câmera sendo segurado por adulto – Foto: Freepik

O cuidado com o recém-nascido varia a depender do caso da mãe. As instituições explicaram o seguinte:

  • No caso de mães saudáveis (ou seja, livre de suspeitas de Covid-19), a permanência e proximidade do bebê com a mulher durante todo o período após o parto se mantém normalmente;
  • No caso de mães sob suspeita ou com confirmação do vírus, as puérperas e os bebês estão permanecendo fisicamente distantes, mesmo que continuem compartilhando o mesmo quarto

Ou seja, mães com suspeita ou com confirmação do novo Coronavírus estão tendo o direito de manterem seus bebês nos seus quartos. Mas isso não quer dizer que elas poderão ficar perto deles, com eles na sua cama ou colo. Nestes casos, o bebê está sendo mantido com cuidados de higiene especiais e a uma distância segura de suas mães.

Mas todos os bebês podem ficar no quarto com as puérperas?

Não, não são todos os bebês que poderão ficar no quarto junto com suas mães. Os especialistas estão anunciando que a maior parte dos casos está recebendo autorização para tal, mas há situações onde o bebê é deslocado para uma sala separada.

O que está definindo a situação é basicamente o controle dos sintomas por parte da mulher. Ou seja, as mulheres com sintomas controlados estão ficando com seus bebês no quarto (mesmo que a distância), enquanto as mulheres com quadros mais sérios estão vendo seus filhos serem encaminhados para um quarto separado.

Para além da distância entre a cama da mulher e o berço do recém-nascido, também está sendo orientado o uso constante de máscaras. Obviamente, essa orientação se torna regra quando a mãe precisa se aproximar do pequenino para prestar algum cuidado. Fora a distância e a máscara, a higienização das mãos se tornou rotina frequente na maternidade destes hospitais.

Os infectologistas destas instituições de saúde também estão orientando os acompanhantes. Neste período, é recomendado que os acompanhantes sem sintomas auxiliem as mulheres ao máximo. Isso quer dizer que boa parte dos cuidados normalmente dispensados pelas mães estão sendo realizados pelos acompanhantes, tais como:

Como a amamentação está ocorrendo?

amamentação

Bebê sendo amamentado – Foto: Freepik

Até o momento, as informações científicas vão apontando que o aleitamento não é uma fonte de transmissão do vírus. Por isso, a amamentação segue sendo incentivada pelos especialistas. Inclusive, os médicos pontuam sobre a importância dos bebês serem amamentado neste momento, uma vez que o leite materno transmite ao pequeno anticorpos que o ajudarão a se proteger do vírus e de outros problemas de saúde.

No entanto, no momento do aleitamento o bebê precisa ficar bem perto da mãe. Por isso, os cuidados no caso de puérperas sob suspeita ou confirmação de Covid-19 precisam ser redobrados. O primeiro passo a ser dado neste momento é questionar a mulher sobre seu conforto em dar de mamar ao bebê. Se a mulher se sentir confortável nessa posição, então é preciso fazer uma série de procedimentos de higienização.

Além do óbvio uso de máscaras, a mulher também precisa fazer uma lavagem minuciosa das mãos e de toda a região das mamas. Isso porque esta área de pele fica muito próxima da região respiratória do bebê. Ou seja, o pequenino poderia ser contaminado com gotículas na pele da mãe se a área não fosse higienizada adequadamente.

E a amamentação com mulheres sem sintomas gripais?

As máscaras são obrigatórias para a amamentação apenas nos casos de suspeita ou confirmação do vírus. No entanto, especialistas dizem acreditar que o equipamento deveria ser fornecido em todos os casos e que as mulheres saudáveis deveriam ter direito de decidir se desejam ou não os usar.

Esse cuidado mesmo com as mulheres aparentemente saudáveis é fundamental. Isso porque alguns estudos norte-americanos vêm apontando que até 15% das gestantes estão infectadas, mas são assintomáticas. Ou seja, é possível que a mulher tenha chegado a maternidade e sido considerado “saudável” porque não apresentava sintomas. No entanto, esta mulher pode ser assintomática e, com isso, pode transmitir o vírus ao bebê. Por esta razão, as equipes de saúde defendem a importância de propor o uso de máscara ao menos para as puérperas que desejarem (mesmo que elas não tenham nenhum sintoma).

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