A descoberta de que a chegada do bebê contará com filhos gêmeos é um turbilhão de emoções para toda a família, principalmente para a mãe. “Como será o nascimento? E a gestação? Vou conseguir organizar o dia a dia? Como atender a demanda de dois bebês e, posteriormente, de duas crianças e dois adolescentes?”.
É muito comum que mamães que descobrem que terão filhos gêmeos aumentem significativamente as suas taxas de ansiedade e estresse mesmo durante a gestação, de acordo com especialistas. Por isso, é normal que as gestantes (e a sua família, em alguns casos) tentem antever todas as possibilidades futuras. Essa é uma tentativa de prevenir quaisquer dificuldades que possam se apresentar. Entretanto, apesar da tentativa ser importante no sentido de se preparar, estudar sobre o assunto e se organizar para a chegada, há também alguns obstáculos que precisam ser superados.
É improvável que alguma pessoa consiga, por exemplo, prever as infinitas possibilidades que existem quando se trata da chegada de um novo bebê (imagine de dois!). Com isso, especialistas afirmam que as tentativas exacerbadas de controle e prevenção acarretam apenas mais estresse e frustração. Essas taxas de frustração aumentam bastante no momento em que as mulheres percebem que há algo fugindo do controle, ou seja, que seus planejamentos não estão ocorrendo em 100%.
Alguns estudos de psicologia da criança e do desenvolvimento apontam para uns “errinhos” normais na criação de filhos gêmeos. Esses especialistas relatam que esses equívocos são bastante comuns e têm reflexos negativos bem significativos ao longo do desenvolvimento infantil das crianças.
Conheça aqui os principais errinhos que mamães e papais de filhos gêmeos costumam ter. Boa leitura!
Além do rosto, no que mais meus filhos gêmeos são idênticos?
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Essa é uma pergunta que costuma acompanhar as mamães desde o momento da gestação e da descoberta de que virão filhos gêmeos.
Assim como a pergunta é importante, a resposta também o é. Além disso, a resposta é simples: Nada. N.a.d.a. N.A.D.A.
É claro que o fato dos bebês estarem compartindo de espaços desde sua concepção e serem fruto de uma mesma família, em um mesmo contexto social e histórico, e provavelmente de virem a ter experiências muito semelhantes (como a dieta que irão fazer, a escola que vão frequentar, o local onde passarão as férias e etc) faz com que as crianças tenham uma diversidade de aspectos em comum, para além da fisionomia.
Entretanto, vale lembrar que essas similaridades não são diferentes das possíveis similaridades entre dois irmãos não-gêmeos ou entre primos próximos, por exemplo. Do ponto de vista genético, o único elemento que os filhos gêmeos compartilham independente de aspectos sociais, culturais, afetivos e etc é o genótipo, ou seja, sua constituição genética. Que se traduz em rostos muito parecidos, realmente.
Mas qual a relevância disso?
Saber disso de antemão é muito importante porque não raramente as mamães e papais de filhos gêmeos acreditam e, portanto, agem como se os irmãos fossem idênticos em tudo, e não apenas nos atributos físicos. Por exemplo, é comum que as famílias adquiram coisas (roupas, sapatos, brinquedos, acessórios, material escolar…) iguais para os dois, não levando em consideração suas personalidades. Especialistas afirmam, também, que é comum que o quarto dos bebês seja organizado como se ali fossem residir duas pessoas exatamente iguais, com os mesmos gostos e personalidade.
Vale sempre lembrar que os estudos apontam que as famílias precisam sempre se mostrarem atentas para diferenciação entre irmãos, independente de serem gêmeos ou não. Isso porque também é comum que mães e pais de crianças com idades próximas tenham a mesma postura, mesmo as crianças não sendo gêmeas. Todavia, as pesquisas demonstram que no caso de filhos gêmeos esse cuidado é ainda mais importante. Isso porque a aniquilação de qualquer individualização (por exemplo, negando as diferenças) acarreta uma série de problemas para os pequenos. Alguns desses problemas, inclusive, podem acompanhar seus filhos pela vida inteira.
Erros na organização da rotina
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A rotina é algo importante para todas as crianças, e com gêmeos não é diferente. Entretanto, é muito comum que mães de filhos gêmeos cometam alguns erros durante a rotina dos pequenos. Em alguns casos esses equívocos ocorrem somente enquanto são bebês e, em outros casos, isso permanece ao longo de toda a infância e/ou adolescência.
Especialistas relatam que é importante que os filhos gêmeos tenham espaços e momentos compartilhados. Esses momentos ajudam na criação de vínculo entre os irmãos. Além disso, garantir que eles convivam entre si com regularidade ajuda os pequenos a desenvolverem uma série de competências que serão importantes para suas vidas, por exemplo:
- Aprendem a se relacionar com pares
- Tem mais facilidade de entender os limites das outras pessoas
- Costumam desenvolver de forma mais fácil habilidades para trabalhos em equipe
Apesar dos benefícios, os especialistas também alertam que existe limite para o compartilhamento de experiências. Ou seja, não é porque seus filhos são gêmeos que eles precisarão estar sempre juntos e fazerem tudo ao mesmo tempo. É claro que, quando são bebês, fazer uma rotina na qual ambos façam uma série de atividades em conjunto facilita bastante (como tomar banho, ser medicado, brincar, dormir e etc). Todavia, os filhos gêmeos têm as suas particularidades e é preciso dar espaço para que elas surjam.
Por isso, evite criar uma rotina tão restrita que não haja espaço para que cada filho consiga ter o seu próprio espaço. Alguns estudos mostram que filhos gêmeos que tiveram seus espaços individuais conservados e respeitados desde o nascimento apresentam um desenvolvimento global mais saudável.
Quando deixá-los juntos e quando deixá-los separados?
Cada mãe, pai, cuidador e família precisa trilhar o seu próprio percurso. Não existe fórmula mágica e nem resposta certa ou errada. Entretanto, isso não quer dizer que não possam existir algumas dicas.
Comece com experimentações. Não tenha medo de ver os resultados das suas tentativas. Por exemplo, tente amamentar os dois juntos e depois faça separado, e veja como fica melhor para você e melhor para os seus filhos gêmeos. Veja também como é quando você dá banho neles individualmente e quando consegue uma ajuda para lavar os dois juntos. Essas tentativas podem servir para tudo: deixá-los dormindo no mesmo berço ou em berços separados, deixá-los brincando sempre juntos ou ter momentos de brincadeiras individuais, sair de casa sempre com os dois ou conseguir ajuda para sair com um e deixar o outro em casa, e etc.
Faça suas experimentações e veja quais momentos você entende que são melhores para que eles tenham espaços separados. É claro que isso não quer dizer que eles nunca mais farão nada em conjunto, pelo contrário, é provável que a maior parte da rotina ainda seja dividida. Entretanto, é importante que haja alguns momentos em que eles percebam que são dois, que são individuais e independentes e que eles podem receber carinho e atenção independente do seu companheiro.
Consequências para as crianças
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Estudos demonstram que, quando suas individualidades não são respeitadas, os gêmeos podem sofrer uma série de consequências. Entre os efeitos mais comuns estão:
- Problemas de autoestima
- Dificuldade nas relações entre pares
- Necessidade exacerbada de atenção
- Prejuízo no rendimento escolar e acadêmico
- Dificuldades com o respeito a autoridades
Apesar de não ser uma regra, diversos especialistas alertam que essas são as consequências mais comuns de crianças que não têm o seu espaço e a sua individualidade respeitados. As pesquisas sobre o tema apontam que isso não está necessariamente associado com o fato de serem filhos gêmeos. Ou seja, toda criança que não tem espaço para si mesma pode sofrer desses problemas. Entretanto, mães e familiares de crianças com gêmeos costumam ter mais dificuldade de fazer essa diferenciação, de acordo com especialistas.
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