Por Flávia Girardi

Ai, a maternidade. Esse mundo de descobertas (e a gente achava que já sabia tantas coisas!). Esses sentimentos tão opostos: de um lado uma alegria que nos invade pelo pouco – um olhar, um sorriso, uma respiração tranquila, uma noite inteira de sono, uma nova frase. Do outro o medo, as inseguranças, nosso egocentrismo (queremos as coisas nosso jeito, como se o nosso fosse o único modo correto – e se fosse, seríamos tão brilhantes! E não este ser que oscila entre alegrias e culpas!).

A responsabilidade. A doação, porque é tão difícil se doar. Olhar para alguém que não seja a gente mesmo. Nossas dores, nossas vontades, nosso cansaço. Quem tem filhos sabe que cansa. Cansa responder tantas perguntas (que muitas vezes a gente nem sabe as respostas!). Cansa assistir desenhos ao invés de filmes, séries, novelas ou jornais. Cansa contar mil vezes a mesma história do livro (e não ter tempo de ler o livro que a gente gosta). Cansa fazer aquela comida super saudável e a criança simplesmente não querer. Mas o que mais nos cansa é ver que mesmo que a gente fale (para a gente mesmo) que não vamos cometer um mesmo erro, que não vamos perder a paciência,  falar alto, brigar, etc (porque nós somos o exemplo!),  lá estamos nós fazendo tudo de novo.

Imagem: 123RF

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Porque a maternidade, na verdade, não é um trabalho de educar a  um outro ser humano, mas de pôr em cheque a gente mesmo. Nossas falhas. De olhar para dentro. Quando um filho nosso faz birra, não nos obedece, quando algo não sai como planejamos, ficamos bravos. Desapontados. Porque nossa vontade não foi atendida. É o desafio de encarar a gente mesmo. E olhar para a gente é tão difícil… Mas como educar um outro ser, se nem ao menos conseguirmos aperfeiçoar a nós mesmos? Por isso ser mãe dói. Dói, mas liberta. Ainda hoje, com quatro anos, a Alice me acompanha quando vou ao banheiro. (Aquele momentinho que gostaríamos que fossem só  nosso, sabe? Quem tem filhos pequenos me entende!). Mas nunca tive a coragem de trancar a porta. Outro dia, li um texto que me fez chorar muito. Era da Maria Montessori (educadora, médica e pedagoga)  e dizia assim:

“Quem ama de verdade é a criança que deseja sentir o adulto ao seu lado: ‘Veja, estamos juntos’! À noite, quando vai deitar-se chama a pessoa a quem ama e quem não gostaria que a deixasse. E quando vamos comer, quer ir conosco, não para comer, mas para olhar-nos de perto. Mas o tempo passa e aquela criança que o ama, desaparecerá.(…) Quem o amará como ela? Quem o chamará para dormir, ao invés de te dizer apenas um ‘boa noite’? Quem desejará estar junto de nós à mesa, apenas para olhar-nos nos olhos. Nós nos defendemos contra esse amor – mas nunca iremos encontrar quem nos ame igual. Sim, o amor da criança tem tanta importância sobre nós. O pai e a mãe dormem a vida inteira, tendem a adormecer sobre todas as coisas e precisam de um novo ser que os desperte e os reanime  com energia fresca e viva que já não existe neles –  um ser que se comporta diversamente deles e lhes diga todas as manhãs: ‘ Levantem para uma vida nova, aprendam a viver melhor’. Sem a criança o homem se degenera.”

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Confesso que é difícil lidar com tantos sentimentos que a maternidade nos dá. É difícil ver minhas falhas, mas é recompensador ver o mundo através dos olhos da minha filha. Ver como ela pode ser (não como eu desejo que seja, mas muito melhor). É um desafio ouvir perguntas que eu não sei as respostas, mas que me incentivam a descobrir, ou somente questionar. Ver que tem coisas na vida tão simples, mas que de tão simples, a gente simplesmente passa despercebido (e perceber isso nos ajuda a enxergar melhor). Compreender que um sorriso pode mudar nosso dia e que,  um abraço, pode afastar os medos. Posso ter sido sua progenitora, mas quem me trouxe a vida foi ela.