Você já se perguntou se é uma mãe superprotetora? Se deixa seu filho executar as tarefas para as quais já está preparado em sua idade, mesmo que ele seja pequeno? Deixa seu pequeno descer de elevador sozinho, ou andar até a casa do amigo dentro do mesmo condomínio? Pois é, no post de hoje quero conversar com vocês justamente sobre esse assunto: autonomia. Será que estamos preparando bem nossos filhos para crescer? Ou protegemos tanto, que quando eles forem maiores não se sentirão seguros? Veja só uma história que aconteceu conosco.
Quando Cacá tinha 4 anos, conhecemos numa viagem uma família com uma menininha de 5. A mãe era brasileira, o pai suíço, e eles viviam na Suíça desde que a filha nasceu. Eles estavam alegres com a entrada da Melanie na escola, que aconteceria naquele ano (sim, antes dessa idade as crianças ficam em casa, nessa região). Melanie, como toda criança suíça, iria a pé para a escola, sozinha. Os mais velhos conhecem o caminho, vão guiando os mais novos, que se juntam pelas ruas em pequenos grupos. Claro que a Suíça é um país de primeiro mundo onde os pais não precisam se preocupar com segurança pública, o que torna tudo mais fácil.
Mas perguntamos ao casal se eles não levariam a filha para a escola quando nevasse, o que para nós seria uma atitude óbvia. O suíço nos olhou bem diretamente e respondeu: “claro que não, isso seria extremamente mal visto”.
Conversando com uma amiga finlandesa que tenho, ela confirmou que na Finlândia acontece o mesmo. As crianças seguem sozinhas para a escola, mesmo quando neva (e lá neva muito!). “Isso é comum, Nívea, nossos pais só nos acompanham nos primeiros dias, até que aprendamos o caminho. Depois seguimos, e dá tudo certo”.
Lembrei dessas conversas outro dia, quando estava chovendo aqui em SP, e a fila de carros para deixar o filho dentro da escola da Cacá dava a volta no quarteirão. Se eu ficasse na fila, Catarina teria chegado facilmente 20 minutos atrasada. Mas nessa hora eu confiei que ela conseguiria (obs: ela tem 8 anos). Saí da fila, estacionei o mais perto possível da escola (eu via o portão de entrada), dei um guarda-chuva e disse: “Cacá, vai que a mamãe vai ficar te olhando. Você acha que consegue ir sozinha?”.
Ela olhou para mim e disse que sim. Eu sabia que daria tempo de vê-la entrar, porque na minha frente o trânsito estava completamente parado.
Então ela foi, ela deu conta. Saiu com o guarda-chuva e entrou na escola. E logo em seguida vi várias portas de carro paradas na fila se abrindo, e crianças entrando na escola com seus guarda-chuvas. Um pouco receosas por não saírem na parte coberta, mas ao mesmo tempo curiosas em brincar com os pingos de chuva.
Fiquei pensando que não somos como os europeus (de uma maneira geral, acho que somos mais protetores), mas que podemos nos espelhar neles de vez em quando, para prepararmos nossos filhos para a vida. Não, eu não mandaria minha filha para a escola todos os dias sozinha. Porém acredito que possa mostrar que ela já é capaz de atravessar uma rua, ou de pedir o pãozinho na padaria, enquanto aguardo de longe, no caixa.
Quando exercitamos a autonomia deles na infância, criamos filhos mais seguros e capazes de lidar com as dificuldades do mundo.