Foi outro dia que engravidei de Catarina, mas muitas vezes me pego pensando que parece já fazer muito, muito tempo. Há oito anos, quando me descobri grávida, ninguém tinha Instagram. YouTube era uma plataforma sem muito peso, e o máximo de interação que tínhamos era por meio do Facebook. Parece que estamos falando de outro século, não é mesmo? Pois de lá para cá muita coisa mudou, até a maternidade, que foi extremamente influenciada pelas redes sociais.

Imagem: 123RF

Quando Catarina nasceu, e eu me vi sozinha e inexperiente com um bebê em casa, foi natural procurar uma janela para o mundo na internet. Eu ainda não tinha um smartphone (comprei meu primeiro pouco tempo depois), mas já usava o desktop para procurar perguntas às minhas respostas. “Quanto tempo deve durar uma mamada? Quando minha filha vai dormir a noite inteira? Como preparo as primeiras papinhas do bebê?”. Era em alguns portais e poucos blogs iniciantes que eu encontrava informações, até que resolvi compartilhar no meu próprio blog o que eu também havia aprendido.

Naqueles dias, era difícil encontrar outras mães que mostrassem nas redes sociais os mesmos aprendizados. Aliás, existiam alguns grupos de mães, onde as trocas eram (e continuam sendo) muito benéficas. Mas mães que postassem o que o filho havia comido pela manhã, ou que fizessem um Stories no Instagram sobre a brincadeira da tarde, isso não havia.

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Claro que ver uma outra mãe compartilhando momentos diários da mesma fase que você está vivendo é uma delícia. Você acaba tendo várias ideias de como entreter o bebê, descobre marcas interessantes de produtos infantis, e às vezes até escuta um desabafo de quem demorou duas horas para conseguir fazer o bebê dormir. Se fosse só isso estaria tudo muito certo – o problema é que a maternidade das redes sociais também ultrapassou um limite delicado.

Dependendo dos perfis que você segue, acaba entrando no maravilhoso mundo da “maternidade pseudo-real”. Aquela que parece de verdade, tanto que você se sente íntima e amiga da pessoa que acompanha – porque sabe detalhes da vida dela que muitos dos parentes (que não acompanham as redes sociais) desconhecem. Aquela maternidade onde as fotos de amamentação são lindas, com a mãe maquiada e olhando carinhosamente para o bebê, sem qualquer sinal de dor das fissuras nos mamilos.

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Eu também acompanho alguns desses perfis, e curto as fotos que foram milimetricamente estudadas para causarem em você a vontade de clicar no curtir, ou no coraçãozinho. Porque a beleza atrai o ser humano, isso é inevitável. Mas tento não acreditar que tudo o que vejo é real, do contrário não conseguiria conviver com o fato de que a maternidade por aqui não é tão bela, nem tão interessante, nem com tantas novidades como em outras famílias.

Aqui não viajamos todos os meses, nem comemos nos melhores restaurantes da cidade todos os fins de semana. Há dias em que durmo bem, e outros em que as olheiras só seriam disfarçadas por um bom filtro, ou um aplicativo de tratamento de imagens. Minha filha é de uma doçura imensa, mas nem sempre está com vontade de posar para uma foto – que não registra nem um grande momento, nenhuma conquista (pois afinal elas não acontecem todos os dias, certo?), apenas o seu café da manhã diário.

Aliás, quando começo a abusar das redes sociais, é justamente ela quem me lembra que estou ultrapassando o limite. “Desliga isso, mãe, senão você não consegue brincar comigo”. O que adianta fotografar para mostrar, se perdemos um tempo precioso que poderia ser usado para a real conexão que a maternidade possibilita?